Entrevistas

TMDQA! Entrevista: Donida (Matanza)

Quarta edição do Matanza Fest começa sábado, 16, em São Paulo, e conversamos com o guitarrista e principal compositor do Matanza, Donida.

TMDQA! Entrevista: Donida (Matanza)

A quarta edição do Matanza Fest, festival independente organizado pela banda carioca Matanza, começa neste sábado, 16, em São Paulo, e passa por mais três cidades brasileiras: Belo Horizonte (MG) dia 22, Rio de Janeiro (RJ) dia 23 e Poá (RS) dia 31.

Em São Paulo, o evento acontece no Tropical Butantã, e conta ainda com as bandas Rats, Cólera e Zumbis do Espaço. O Matanza está com a turnê do disco Pior Cenário Possível, o sétimo da carreira, lançado no ano passado. A banda toca em todos os dias como quinteto e conta com a participação do guitarrista, letrista, ilustrador e compositor do grupo, Marco Donida, que faz parte do grupo, compõe as canções, mas geralmente não toca nos shows. Ele bateu um papo com o TMDQA! e falou sobre o evento, sua participação ao vivo, metal brasileiro, sua outra banda, o Enterro, e sua relação com discos.

Leia na sequência.

TMDQA: O Matanza Fest já está em sua quarta edição, como vocês sobreviveram todos esses anos de forma independente, fazendo várias cidades?

Donida: Foi um sonho antigo da banda, a gente alimentou esse sonho durante muitos anos, e quando a gente conseguiu viabilizar o primeiro a gente tinha certeza de que seria o primeiro de muitos. A gente ia dar um jeito e ia conseguir fazer. A coisa é realmente independente, é a banda mesmo quem mete a cara pra fazer tudo acontecer, entende? A gente, na verdade, se vale de todos os parceiros, e todos os canais, e todos os amigos que a gente faz ao longo do ano pra conseguiu viabilizar isso. A gente não tem patrocínio, nada. Mas a gente faz o evento acontecer nos moldes que a gente gostaria que fosse. Na verdade, além da nossa realidade, não é nada fora do que a gente faz normalmente. Só que a gente faz de uma forma que consiga agregar, na verdade congregar, esses amigos, esses parceiros, essas bandas todas num evento que, pô, tem uma cara legal, e que seja uma noite divertida pra todo mundo.

TMDQA! A edição desse ano tem novidades em relação às demais?

Donida: Na verdade toda edição do Fest pra gente é uma novidade, porque a gente faz isso muito pelo entusiasmo da coisa, né. Nós somos entusiastas desse tipo de evento. Cada ano pra gente é uma loucura diferente, é uma batalha diferente, então cada banda, cada line up que a gente consegue compor, cada lugar que a gente consegue fechar, os parceiros que a gente consegue agregar assim nos eventos, cada ano é uma loucura diferente pra gente, entendeu?

 TMDQA! Entrevista: Donida (Matanza)

TMDQA!: Esse ano vai ter a cerveja do Matanza no open bar do camarote de São Paulo…

Donida: Isso, a gente vai fazer um open bar e vai ter a cerveja Matranza lá, no camarote, né, pra fazer um diferencial de uma forma muito boa pra divulgar a cerveja. E não é porque é a nossa cerveja, mas porque é boa mesmo. Então é uma coisa que a gente fica muito feliz de proporcionar às pessoas. Na verdade, evidentemente, quem puder adquirir esse ingresso desse camarote open bar. É uma experiência muito bacana, porque a cerveja é excelente, nem parece que é nossa.

TMDQA!: Na internet tem muita gente reclamando que o evento não vai pra outras cidades, como é essa composição?

Donida: Pois é, eu acho que o problema é assim, é um festival independente, então se a gente tivesse um patrocínio, uma coisa que nos ajudasse na execução e realização desse evento, a gente certamente faria dez edições, faria Norte e Nordeste com certeza. Mas a gente banca do nosso próprio bolso, tudo é feito pela banda, pra banda, sabe? É só o nosso, a gente faz onde a gente consegue fazer. Infelizmente é muito difícil, ainda mais nessa situação do país atual, você sair desse nicho de Rio, São Paulo, Porto Alegre. A gente tentou fazer Curitiba, e não conseguiu por dificuldade. A gente tentou Recife, mas a malha aérea, por exemplo, é um problema terrível, sabe. E a gente tem aqueles problemas que são sempre típicos de um festival independente. Você não tem uma verba, um dinheiro, um apoio pra realizar o negócio. Então por isso que a gente acaba deixando de levar o Matanza Fest pra mais estados como a gente gostaria e acaba reduzindo. Mas né, a gente vive no país do Temer, então, é realmente complicado.

TMDQA!: Você vai tocar com a banda em todos os shows e já deve ter escutado muito isso. Os fãs sempre perguntam se você pretende tocar mais com o grupo, isso é possível?

Donida: Eu encontrei essa forma que pra mim atende muito bem, a gente tocar no Matanza Fest como um quinteto. Eu acho que na verdade isso se torna um diferencial. O show do Matanza é diferente do Matanza Fest. Tem a minha participação e tem a coisa de rearranjar as músicas pra duas guitarras, porque se apresenta como quinteto. Por exemplo, eu to no Rio essa semana toda pra gente passar os ensaios, preparar esse show, a gente faz um setlist diferenciado, a gente faz tudo preparado pra essa leva de shows do Matanza Fest.

Agora, no dia a dia, eu realmente não consigo conciliar a minha vida, o meu trabalho pessoal, com o trabalho de banda. Porque eu trabalho com publicidade e eu não consigo conciliar a agenda de shows do Matanza, na verdade. Porque, nem eu tenho horário, nem eles tem horário, então fica complicado. Mas aí nesse mês do Matanza Fest eu reservo pra banda e a gente vive nessa função. Acho que traz um diferencial pro Matanza Fest, acho bacana como tá.

TMDQA!: Vocês lançaram a rádio Metal BR Matanza em parceria com o Rdio, como foi isso?

donida: Isso foi um convite, nós ficamos felizes com o convite. Eu sou metaleiro desde os 14 anos, eu vivi os anos 1980 com força total, gás total. E tudo que envolve o heavy metal pra mim é muito bem vindo, tá muito em casa. Quanto mais eu puder aproximar o Matanza desse universo, pra mim é sempre sensacional, porque é uma coisa que tá no meu sangue. Quando o Maurício entrou na banda isso reforçou muito, porque ele tem um histórico de metal forte, ele era guitarrista do Torture Squad, ele foi guitarrista do Krisiun, numa época em que o Krisiun foi um quarteto, antes de se tornar um trio. Então o metal é uma paixão muito forte, uma influência muito forte dentro do Matanza e tudo que tiver dentro desse aspecto, vou te falar que a gente faz mesmo com muito carinho, muita devoção.

 

TMDQA!: Como você vê o cenário metal brasileiro hoje em dia?

Donida: O metal, na verdade, é um gênero que não tem apego nenhum ao tempo, é um gênero muito atemporal. Os anos vão passando, as modas vão surgindo e vão caindo e o metal continua firme e forte e é isso aí. Eu acho que tem muitas e muitas bandas, cada ano você vê bandas melhores. Bandas antigas que voltam, continuam trabalhando. Tem o Vulcano, que está em um de seus melhores momentos. Tem o MX, que era banda dos anos 80, de trash metal, uma das maiores, que acabou, voltou e também está num momento excelente. O Rebaelliun, que a gente conseguiu colocar no Matanza Fest de Porto Alegre, também é uma banda que teve um hiato de 13 anos, agora, porra, está voltando. Tem um pessoal do Sul que, porra, toca demais. Tem o Exterminate, muita banda rolando, muita coisa acontecendo. Então eu acho que quem é headbanger no Brasil não pode reclamar não, porque a gente vive um momento, eu acho, muito bom. Não teve momento ruim na verdade. Teve um momento ruim ali no Nirvana, na época do grunge, que a coisa ficou meio oscilante, mas hoje em dia já está plenamente estabelecido. Você tem locais de show, você tem eventos, tem banda tocando ai a 3×4, heavy metal, death metal, trash metal, tem tudo aí a todo vapor. Acho que tá muito bem, melhor que muita coisa.

TMDQA!: Sobre a sua outra banda, o Enterro, vocês já lançaram dois álbuns, existe previsão pra um novo trabalho?

Donida: O Enterro tá pronto pra gravar um terceiro álbum, a gente tá entrando em estúdio agora em Agosto, Setembro, se der tudo certo. É uma banda de black metal, então o tempo do black metal é um tempo exclusivo, a gente funciona no nosso tempo. A gente não é uma banda que tem pretensão de fazer show, mas é um projeto que gente leva e se dedica bastante. Acho que tá muito legal porque, justamente, a gente conseguiu muito reconhecimento com essa banda, com esses dois álbuns. Na verdade a banda já vai fazer, acho que dez anos que existe, que a gente começou a tocar, então é um negócio que a gente faz muito feliz, muito amarradão.

TMDQA!: E a turnê do Matanza continua, tem coisa nova vindo por aí?

Donida: A turnê continua, na verdade. A gente lançou o Pior Cenário Possível quase no meio do ano passado, e é um disco que ainda tem bastante a ser divulgado, tem muitos lugares ainda pra ir, acho que tem bastante trabalho a ser feito em cima dele. A gente não tem planejado começar nenhum trabalho novo, por enquanto. A gente tinha a ideia de fazer um DVD esse ano, acho que vai ficar pro ano que vem. Em princípio, a gente está dando um gás nessa turnê aí do Pior Cenário Possível, porque falta muito lugar pra ir, esse ano não foi tão fácil como anos atrás, os shows estão muito difíceis de ir, os lugares mais longe são muito difíceis de ir. Mas as coisas já estão andando Na verdade, o trabalho de composição nunca para, porque ele é mais comigo, o trabalho de escrever, de pensar as ideias, reunir as ideias, elaborar os conceitos todos. Isso não para né, a gente termina um disco e já começa a pensar no outro. Mas o momento que a gente começa a trabalhar arranjo, levar as músicas e mais pra frente assim ainda não começou, pode ser que a gente comece ano que vem pra já adiantar o serviço e não ficar tanto tempo entre um disco e outro também, porque não é bom.

TMDQA!: E pra encerrar, Donida Tem Mais Discos Que Amigos?

Donida: Pô, eu tenho certamente mais discos que amigos, isso sem a menor sombra de dúvida. Eu tenho uns quatro, cinco amigos no máximo, e os caras da banda que são meus amigos (risos), to brincando. Então, quer dizer, disco é uma coisa que, não sei se eu já passei dos 40 anos e sou de uma geração que dava muito valor ao objeto disco, sacou, ao objeto vinil. Então, eu não tenho uma coleção gigantesca como alguns amigos têm, mas os que eu tenho, eu tenho um carinho absurdo por eles e certamente eu tenho muito mais discos que amigos.