Desde o lançamento de Primal Swag em 2014, o Inky acabou surgindo no cenário underground como um som fresco e único.
O quarteto — composto por Luiza Pereira (vocais e sintetizadores), Guilherme Silva (baixo), Stephan Feitsma (guitarra) e Luccas Villela (bateria) — compôs dez músicas em tornos de sintetizadores e loops eletrônicos, mas que sempre tinham o rock como base.
Embora tenham algumas bandas por aí que também se aventurem nas misturas de rock com música eletrônica, o quarteto conseguiu, com maestria, fugir da norma e dar um gostinho do potencial que ainda poderiam alcançar.
Primal Swag era bom, mas era claro que ainda existia muito espaço para crescimento, e é exatamente disso que se trata Animania, o mais novo álbum do Inky.
Não se engane, os sintetizadores e os loops ainda estão presentes, mas o que mais chama a atenção é como as músicas parecem mais detalhadas, vivas. A sintonia entre os membros parece estar cada vez melhor e cada instrumento tem o seu próprio momento pra brilhar.
O Animania como um todo soa mais polido e concentrado, contribuição de Guilherme Kastrup — produtor que assinou também A Mulher do Fim do Mundo, o belíssimo disco de Elza Soares lançado ano passado.
O álbum começa com o single “Parallax”, que apesar de soar um pouco indiferente dos trabalhos antigos do grupo, é indispensável no contexto do álbum. A faixa serve como um prelúdio para o que espera o ouvinte, imergindo e o acostumando ao universo criado pela banda para então começar a explorar territórios novos.
Isso é extremamente bem feito em “Devil’s Mark”, um incrível ponto alto no disco. Não só a banda soa completamente selvagem, como a contribuição do grupo Bixiga70 nos instrumentos de sopro dá uma identidade caótica e explosiva para uma canção cheia de momentos marcantes.
Tudo nessa faixa é perfeitamente executado: desde a base marcante da bateria e do baixo quanto as letras de Luiza Pereira dão uma empolgação que não era tão visível em Primal Swag.
Vários pontos altos em Animania acontecem através da liberdade da banda em fazer várias jams. Em “Skinned Alive”, por exemplo, os vocais são deixados em segundo plano para uma incrível seção instrumental, com destaque para um riff (muito) grude. “Dualism”, por sua vez, mostra uma mudança na estrutura das faixas: Guilherme Silva toma conta dos vocais, mas ao fim a banda inteira se junta pra mais uma dose de belas melodias e arranjos.
“Future Tongues”, que conta com a participação de Kastrup, marca o ‘começo do fim’ do disco. Ótimos vocais e letras marcam a faixa, que também se destaca pelo ótimo trabalho nas guitarras. E a última canção do trabalho, “In the Middle of a Rising”, encerra Animania remetendo muito à maneira como ele começou: com um belo uso de loops e sintetizadores, basicamente enlaçando o trabalho de forma cíclica.
Em praticamente todos os sentidos, o segundo álbum de estúdio do Inky é melhor que o primeiro. Com uma gama maior de arranjos e melodias, Animania dá espaço para cada instrumento ter sua vez mas, quando necessário, se misturar em caóticas jams que recompensam até o mais cético dos ouvintes.