MAIS UMA NOVIDADE NO TMDQA!
Agora temos uma seção de entrevistas e a idéia é trazer para os leitores bandas que já tenham lançado em algum momento da carreira algum disco em vinil ou ainda pretende fazê-lo, assim como bandas que têm um trabalho forte quanto a lançamentos em formato físico e suas discografias.
Serão apresentadas aqui entrevistas um pouco diferentes das vistas pela internet. A ideia é bater um papo sobre a história da banda, sobre os discos preferidos, novidades, exclusividades e pra não deixarmos de lado nosso já conhecido costume de sortear algo para os leitores, já na primeira entrevista sortearemos um EP raro do Relespublica, o primeiro disco lançado da banda em 1992, cortesia da banda para o TMDQA!
Essa entrevista foi feita, editada e postada pelo nosso grande colaborador Vinicius Paes.
A entrevista será dividida em duas partes. Na segunda parte explicaremos como será a promoção.
Com vocês, RELESPÚBLICA!
A Relespublica foi formada em 1989 e de lá pra cá já lançaram 6 discos (“MOD”, “E o Rock’n’Roll Brasil?!”, “O circo Está Armado”, “As histórias são Iguais”, “MTV Apresenta Relespublica”, “Efeito Moral”) e 1 DVD (“MTV Apresenta Relespublica”), e estão prestes a lançar um novo DVD. Uma curiosidade é que o primeiro disco, o EP intitulado MOD foi lançado em Vinil 7″ em 1993. Naquela época, a dificuldade era bem maior comparada aos dias de hoje, onde tudo está mais acessível às bandas. Quais foram as maiores dificuldades de se lançar um disco naquela época? Tiveram o apoio de alguma gravadora/Selo ou lançaram totalmente independente?
Ricardo: Naquele tempo era muito caro prensar vinil, a gravação em si também era muito cara, era o momento antes da era digital na música, esse compacto foi gravado, mixado no rolo ainda, depois que o computador entrou para dentro o estúdio todo o processo de gravação ficou mais fácil, rápido e barato.
Esse disco não consideramos como um álbum, ele é na verdade um EP ou compacto “MOD EP” ele foi feito e lançado em parceria com a Bloody Records, selo do JR Ferreira do 92° e com o estúdio Solo, essa foi a primeira vez que pisamos num estudio profissional, e é o mesmo estúdio onde fizemos várias gravações como o “Efeito Moral” e o novo DVD.
Moon: Foi tudo feito num tipo de cooperativa, o JR reuniu várias bandas, umas 13 acho e assim o estúdio e principalmente a prensagem ficavam mais baratos e todos podiam pagar. Fiquei muito emocionado em chegar em casa e botar o disquinho prá tocar … foi algo que nunca vou esquecer.
Fábio Elias: Eram outros tempos. Não tínhamos idéia de como era gravar num estúdio. Tudo era novidade e a Relespública dava os primeiros passos na carreira profissional. Nos tempos pré-cd era muito mais difícil que hoje em dia. Era complicado manter uma banda na ativa. Tanto que fomos os únicos sobreviventes entre nossos pares.
Nos dias atuais, a praticidade do MP3 tornou a música um tanto quanto descartável no sentido físico da coisa, de ler um encarte, apreciar a arte da capa, a ansiedade de abrir um disco e botar pra tocar, etc. A molecada de hoje em dia quase nem ouve falar em vinil, muitos nunca viram um pessoalmente, e mesmo o cd já está ficando esquecido. A relação de vocês com o Vinil/CD ainda continua a mesma de antigamente ou já se renderam a essa evolução?
Ricardo: Acho o MP3 uma ótima alternativa para você conhecer música nova, é coisa para poucos afortunados ter tudo o que gosta em Vinil ou CD, eu tenho muitos discos em MP3, é bem bacana colocar vários discos num aparelinho de MP3 e ter milhares de música para levar onde quiser, fico me lembrando da época do Walkman ou discman, um trambolho que gastava um monte de pilha, ficava pulando, enrolava fita… mas claro que a qualidade do aúdio não é tão boa quanto do CD e Vinil acredito que as pessoas que gostam de música acabam comprando o CD, Vinil ou DVD das bandas e discos que gostam, e a evolução não para, já tem os Blue Ray que elevam mais ainda a qualidade de som e imagem.
Moon: Sem dúvida isso facilitou o lado de levar música com você. Hoje se vê quase todo mundo dentro de um ônibus, metrô ou em filas com um fone no ouvido. Quanto à qualidade do som, não são todos que percebem a diferença entre um som de cd, vinil ou mp3 de baixa qualidade.
Fábio Elias: Eu gosto de consumir música em todos os formatos. Ainda compro vinis, cds, dvds e transformo tudo em mp3 pra facilitar pra transportar tanta música. Mas não acho q uma mídia substitua outra. Tudo é válido e é uma soma de formatos para se ouvir música.
Vocês têm mais Discos que Amigos?
Ricardo: Pô certeza, até por que amigos de verdade são poucos…
Moon: Sem dúvida!
Fábio Elias: Amigos são esses dois malucos aí. Neles eu confio. Discos? São vários e confio em todos!
Cite um disco que na opinião de vocês não pode faltar na coleção.
Ricardo: UM??? pode escolher Whos Next, Revolver, Band on The Run…
Moon: Acrescento á lista do Ricardo o Black And Blue dos Stones!
Fábio Elias: The Who – Live At Leeds e fechou!
A única fábrica de vinil no Brasil será reaberta em breve e a estimativa é de que o Vinil volte ao mercado novamente. A Relespublica pretende lançar algum álbum em Vinil futuramente?
Ricardo: Pois é fiquei sabendo disso, já pensamos várias vezes nisso, com certeza pretendemos lançar alguma coisa em vinil.
Fábio Elias: Não vou sossegar enquanto não lançarmos um vinil completo, um Long Play! Isso seria pra nós, a realização de um sonho!
No período de 20 anos de banda já passaram pela Reles outros 3 integrantes (Daniel Fagundes, Roger Gor e Kako Louis) além dos integrantes que deram origem à banda (Fábio Elias, Emanuel Moon e Ricardo Bastos). O que cada um desses integrantes contribuiu para o crescimento da banda em todos esses anos, e em quais discos podemos conferir a performance de cada um deles?
Ricardo: O Daniel conhecemos bem no começo da banda, ele nos mostrou muitas bandas dos anos 60, estávamos aprendendo a tocar e conhecendo muitas coisas novas, ele cantou no “MOD EP” e faleceu em 1994.
O Gor chamamos para tocar teclado, ele tem muita influência do Blues, é um cara muito divertido, o Kako tem muita influência do Hard Rock e da soul music, ambos são excelentes músicos, tocaram no “E o R’n’R Brasil” e no “Circo Está Armado”.
Moon: O “E o Rock…” tem uma história curiosa pois ele foi gravado inicialmente pelo trio e o Gor ia ser convidado para fazer alguns pianos. Mas na hora de gravar os vocais sentimos muito a falta do Daniel e decidimos que teríamos que contar com um vocalista. Assim depois de alguns testes o Kako entrou para a banda e o Gor que seria músico convidado acabou efetivado também! Voltamos ao estúdio e eles gravaram em cima da base do trio. As sobras desta gravação foram incluídas nos extras do “Efeito Moral” desta vez só com o trio!
Fábio Elias: Sempre queria chamar alguém pra cantar na Reles, pois achava minha voz horrível. Gostava de fazer o backing. Era mais Pete Townshend, hehe. Mas com o tempo fui curtindo a ideia de ser o cantor. A banda passou por várias formações, mas o trio foi a que mais durou e tá aí até hoje.
Vocês tocaram em um dos festivais mais fodas que já rolaram no Brasil, o Juntatribo 2 em 1994. Vocês dividiram o palco com grandes bandas que ainda davam os primeiros passos na época como Planet Hemp, Garage Fuzz, Raimundos, as também Curitibanas Pinheads, Os Cervejas (que contou com a participação do Fábio nos Vocais em uma das músicas) entre outras bandas que eu cresci ouvindo. Qual foi a sensação de ter vivido aquele momento, de ter se apresentado e ter contribuído historicamente para esse festival?
Moon: Os festivais sempre são vistos como um ponto de partida para as bandas, pois neles você tem a oportunidade não apenas de tocar para um bom público mas também para vários críticos e pessoas do meio artístico. O Juntatribo foi marcante numa época em que a internet ainda não existia e cartas e fitinhas cassetes eram trocadas entre as bandas. Lembro de ter comido muita terra da poeira que levantava da galera dançando na frente do palco e do matagal pegando fogo, quando um caminhão de bombeiros apareceu do nada passando pelo meio da multidão! Perto dos festivais atuais a organização era bem mais precária, mas isso não queria dizer que não fosse divertido!
Ricardo: Era uma época muito boa, estávamos começando a tocar não tinhamos 18 anos ainda, hahahhahaahaha mas era uma época muito legal, vimos várias bandas saírem desse e de outros festivais…
Fábio Elias: Éramos uns loucos! Eu principalmente, não tava nem aí pra nada, só queria me divertir e tocar o horror! A Reles estava em todos os festivais dos anos 90 e éramos figurinha carimbada. Éramos só 3, não tínhamos exigências e topávamos qualquer parada. O lance era mambembe mesmo, como tudo no Brasil da época.
Na opinião de vocês toda aquela “inocência”, a vontade de tocar sem se preocupar com status, a atitude punk, a energia que existia naquela época ainda existe nos dias atuais com as bandas novas que surgem aos montes?
Ricardo: As bandas hoje querem as coisas rápido demais, todos acham que vão colocar suas músicas em algum site e ter milhões de downloads, as bandas antigamente tinham que se preparar muito mais, pois os estúdios não tinham os recursos tecnológicos que se tem hoje, instrumentos bons eram super caros, tocávamos em shows com equipamentos precários sem se ouvir direito, então as bandas tinham que ensaiar e se dedicar muito mais que hoje em dia.
Mas essa vontade da molecada de fazer música e tocar acho que sempre vai existir.
Moon: Sempre surgiram bandas aos montes, mas hoje a gente consegue ouvir falar mais delas! E sempre vão ter as boas e as ruins!
Fábio Elias: As bandas de hoje tinham que ser menos rock e mais roll!!! Vão se divertir e parem de chorar!
Em meados de 1995 cogitou-se uma possível participação da banda em um festival em Londres ao lado de Chico Science e Nação Zumbi no Marquee Club e no Brixton Academy, show este que acabou não acontecendo. Hoje vemos bandas relativamente novas fazendo turnês pela América do Sul, Europa, Japão, etc. A Reles tem um dos shows mais cativantes que eu já pude presenciar e uma presença de palco invejável que deixaria os gringos surpresos. Quais são as pretensões da banda em relação a shows internacionais? Existem planos já traçados para isso?
Ricardo: Esse ano estávamos preparando fazer uns shows pela Argentina, infelizmente essa idéia está adiada devido à essa onda da gripe A, mas temos muita vontade de mostrar a nossa música em outros países.
Moon: Isso é outra coisa que ficou bem mais fácil de se fazer hoje em dia. Nós escolhemos cantar em português para sermos entendidos aqui no Brasil. Mas tocar na terra de nossos ídolos sempre foi um sonho que ainda iremos realizar!
Fábio Elias: Esse show não rolou e ficamos frustrados na época. Foi um balde de água fria. Nosso sonho sempre foi tocar pros gringos e mostrar que também sabemos fazer o verdadeiro rock’n’roll. O lance é esperar pintar a próxima oportunidade e correr atrás!
Semana que vem tem a PARTE 2 da entrevista, junto com uma promoção EXCLUSIVA que vai te dar um disco de vinil da Relespública! Fiquem ligados.