Roger Waters fala sobre novo álbum produzido por Nigel Godrich (Radiohead)

Em entrevista para a Rolling Stone, Roger Waters falou sobre trabalhar com Nigel, seu novo disco e a turnê "Us + Them", prevista para começar em 2017.

Roger Waters já está há algum tempo se preparando para lançar um disco de inéditas, seu primeiro desde 1992.

Durante os preparativos para o álbum e para uma nova turnê (intitulada US + Them e que começará no meio do ano que vem), o músico deu uma entrevista extensa para a Rolling Stone onde comenta sobre alguns assuntos bem interessantes.

Nos últimos anos, Waters vem se encontrando com o produtor Nigel Godrich, responsável por vários álbuns do Radiohead, para juntar ideias para o sucessor de Amused to Death. Curiosamente, Roger afirmou que nunca ouviu os álbuns do Radiohead produzidos por Nigel (basicamente todos desde Ok Computer, de 1997).

Os dois se conheceram quando Godrich ajudou a produzir o álbum ao vivo The Wall, lançado em 2015 e, de acordo com Roger, voltam ao estúdio no mês que vem. “Nós temos um bom trabalho engatilhado”, disse o músico.

Embora o novo álbum tenha começado com ideias políticas e assuntos sérios, o músico afirmou que seu próximo trabalho será focado no amor.

É considerar… a questão de como nós pegamos esses momentos de amor — se nós temos algum nas nossas vidas — e permitimos que o amor brilhe no resto da existência, nos outros.

Sobre mais detalhes das gravações do disco, ele disse que não existem “limites” para o álbum — como duração e quantidade de músicas — porque “ninguém te dá nenhum dinheiro por álbuns”. Ele afirma: “eu sinto pena dos jovens músicos, sabendo que todo o seu trabalho será roubado, e ninguém quer te pagar nada. Isso também significa que você pode falar o que quiser.”

Eu havia escrito uma longa, vaga peça para o rádio com uma dúzia de músicas. Era a história de um velho Irlandês que estava sendo babá. Você não sabe. O lance começa com um monólogo de dois minutos bem descontente [risos]: ‘Nossas crianças e netos, incansavelmente na frente de seus computadores, blah blah blah, eu odeio isso, eu odeio aquilo.’ Isso foi o começo do trabalho, essa desilusão.

Você eventualmente descobre que ele está cuidando de uma criança. A criança acorda. Ele vai cuidar da criança, e é sua neta. Ela está tendo um pesadelo, e o pesadelo é alguém que está matando várias crianças. O velho diz ‘Não, eles não estão. Eles não matam nenhuma criança desde os problemas na Irlanda do Norte.’ E a criança diz ‘Não aqui, vô. Lá.’ O avô promete que eles irão partir numa aventura para encontrar a resposta para essa questão: Por que eles estão matando todas as crianças? É uma pergunta fundamentalmente importante.

Então eu escrevi esse esquema — parte fantasia, parte críticas políticas, parte angústia. Eu toquei isso para o Nigel, e ele falou ‘Oh, eu gosto dessa pequena parte’ — de uns dois minutos — ‘e aquela parte.’ E então nós estivemos trabalhando. Eu ultimamente também estive me apaixonando, apaixonando profundamente. Então esse disco é realmente sobre amor — o que é basicamente o tema de todos os meus álbuns, na real. É questionar não só porque estamos matando as crianças. Mas também a questão de como nós pegamos esses momentos de amor — se nós temos algum nas nossas vidas — e permitimos que o amor brilhe no resto da existência, nos outros.

Ainda sobre se essa “peça para o rádio” vai ser incorporada no disco, Roger Waters afirmou:

Ah, foi completamente descartada. A peça pro rádio vai ser feita. Eu vou fazê-la, porque eu amo. Mas é um assunto separado — meio que intercala com o que fazemos. Nigel é muito bom. Ele me disse, ‘Pessoas sempre querem fazer esse álbuns longos. O quão longo foi Dark Side of the Moon?’ Eu disse 38 minutos. Mas não existem limitações em álbuns agora porque ninguém paga nada por eles. Então tudo está permitido. Eu sinto pena dos jovens músicos, sabendo que todo o seu trabalho será roubado, e ninguém quer te pagar nada.

Isso também significa que você pode falar o que quiser. Bom, eu sempre falei o que eu queria de qualquer jeito.

Na entrevista, ele ainda diz que a ideia da turnê é mostrar para as pessoas algo que está dizendo “há 40 ou 50 anos”, que “construir muros não é a resposta”.

A declaração é uma indireta a Donald Trump, para o qual recentemente ele deu uma baita de uma direta com palavras e imagens fortes.