10 discos que mudaram a vida de Jean Dolabella (Ego Kill Talent)

Heavy Metal, Grunge, música brasileira e jazz-punk fizeram a cabeça de Jean Dolabella, que já tocou em bandas como Sepultura e está no Ego Kill Talent.

Jean Dolabella

Jean Dolabella é um músico brasileiro com bagagem.

O cara já esteve em bandas como Diesel, Udora e também gravou discos com ninguém menos que o Sepultura, com A-Lex (2009) e Kairos (2011).

Hoje em dia o baterista que também ataca de guitarrista está no supergrupo de stoner rock Ego Kill Talent, ao lado de músicos de bandas como Reação em Cadeia, e conversamos com o cara a respeito dos álbuns que o impactaram de uma forma ou de outra durante todos esses anos respirando arte.

Veja logo abaixo e divirta-se!

 

Van Halen – Ao Vivo em New Haven (1986)

Van Halen - Live Without A Net
Na verdade nem é um disco, é um VHS que eu tinha e que de certo modo foi o primeiro grande álbum que me marcou. O álbum do Van Halen mais marcante pra mim foi o 5150 (1986) e que tá nessa lista também. Mas esse ao vivo em New Haven eu assisti até a fita arrebentar praticamente. Eu adorava, escutava tudo! Eu era muito moleque e ficava o dia inteiro tocando na minha “batera”, que na verdade era um pedal que meu tio me deu e uma caixa de papelão, meu bumbo, um tamborete de couro da minha avó que eu usava de caixa, além de um prato velho que minha mãe conseguiu num show do Lobão. Também tentava tirar as músicas no violão, fazer as coisas que o Van Halen fazia.

 

Guns N’ Roses – Appetite for Destruction (1987)

Guns N Roses - Appetite For DestructionEsse disco me marcou em muito sentidos. Composição, arranjos, atitude… Lembro até hoje quando ouvi a intro de “Welcome To The Jungle”, foi uma coisa de outro planeta pra mim.

Meu sonho era saber tocar a introdução de “Sweet Child o’ Mine”. Foi nessa época que comprei minha primeira bateria, eu ainda morava em Uberlândia (MG), devia ter entre 9 e 10 anos de idade e daí tirei o disco inteiro na bateria, tocava tudo! Tirei todas as estruturas e acordes, foi um grande laboratório pra mim.

 

Nirvana – Nevermind (1991)

Nirvana - NevermindNa época que esse disco saiu eu fazia muita força pra não gostar dele, eu me odiava por gostar de Nirvana. Eu estava numa fase metaleira, ouvindo Slayer, Metallica. O Nevermind era um disco que eu não queria gostar! Um cara cantando desafinado, uns acordes toscos, isso não pode ser bom, como que eu iria gostar disso? Mas na verdade eu amava! Eram acordes incríveis, uma melodia absurda e uma fúria punk que a banda trazia, algo que dividiu a música. Era um lance de amor e ódio: eu gostava, mas não queria dizer pra ninguém que eu gostava.

 

Led Zeppelin – Led Zeppelin (1969)

Led Zeppelin - Led ZeppelinJunto com meus tios e meu pai eu ouvia o primeiro disco e o Led Zeppelin IV. E a minha mãe – meus pais eram separados – tinha o Physical Grafitti e eu ouvia esses discos todos igualmente, amava todos. O que eu mais escutei foi o Led Zeppelin (1969) e me marcou muito, aquela pegada de rock puro, aquele rock tocado na hora, com todo mundo junto, a emoção da música como ela é, aquela coisa crua… A banda inteira… É impressionante.

https://www.youtube.com/watch?v=ZQgYn23Xvck

 

Pink Floyd – Delicate Sound of Thunder (1988)

Pink Floyd - Delicate Sound of ThunderEsse disco me lembra as manhãs dos finais de semana que eu passava na casa do meu pai em Belo Horizonte (BH), tinha acabado de mudar pra lá. Eu me lembro de acordar cedo com meu pai ouvindo esse disco no volume alto. É um disco gravado ao vivo, com muitas texturas, é incrível, impressionante! Tudo muito afinado! Os solos são incríveis, as texturas de guitarra, é um absurdo! Eu acho muito foda mesmo! Escuto até hoje e me lembro até do cheiro da casa do meu pai.

 

Pantera – Vulgar Display of Power (1992)

Pantera - Vulgar Display Of PowerEu estava numa época de ouvir bandas como Metallica, Sepultura, Slayer e aí eu lembro que quando ouvi esse disco pela primeira vez foi um choque muito grande, cara! Era muito pesado e tinha uma atitude bruta, única. Os arranjos de batera são incríveis, a voz do Phil Anselmo, aquele berro dele. Lembro que na época, para quem gostava de metal era uma coisa única assim.

 

Lenine e Marcos Suzano – Olho de Peixe (1994)

Lenine e Marcos Suzano - Olho de PeixeEu amo esse disco inteiro. Amo, sou muito fã mesmo! Eu e Lenine eventualmente ficamos amigos, tocamos juntos, eu acho ele uma pessoa incrível e um músico absurdo. E esse disco com o Marcos Suzano eu acho uma obra de arte. O Olho de Peixe me atraiu para a música brasileira, foi a ponte que me fez olhar diferente. Na época eu morava em Los Angeles (EUA), com a Diesel, então esse disco me aprofundou na música brasileira, resgatei a bossa nova, o samba… Passei a escutar a música brasileira de outro modo. É um disco que eu escuto até hoje, sou apaixonado.

https://www.youtube.com/watch?v=15EQQEuaQcY

 

Big Wreck – In Loving Memory Of… (1997)

Big Wreck - In Loving Memory Of...Eu acho esse disco muito foda. Mixagem, produção, esse álbum me chama muito a atenção!

Acho as músicas incríveis, senso de melodia e estruturas. As texturas em termos de mixagem, o lance do delay na voz, os solos, os timbres de guitarra, uma coisa mais vintage, um rock mais “velho” assim… O som da batera com cara de John Bonham, só que mais moderno. É um disco dos anos 90, só que não é datado, ele transcende essa época.

 

John Mayer – Room From Squares (2001)

John Mayer - Room For Squares
Sou muito fã. Se tiver que indicar algo, eu indico tudo dele, a discografia inteira. Eu escolhi o Room From Squares por causa da faixa “Why Georgia”, já que na primeira vez que eu ouvi, quando entrou no refrão, eu pensei “nossa, que refrão lindo!”.

Um disco repleto de estruturas e melodias lindas. O disco tem esse lado mais pop, mas também uma coisa mais sofisticada. O som do violão dele, as escolhas de melodias, eu acho tudo muito foda.

 

The Bad Plus – These Are The Vistas (2003)

The Bad Plus - These Are The VistasEu gosto, aprecio e escuto muito jazz. Do clássico ao moderno, e essa banda é uma banda de jazz punk, se for pra colocar algum rótulo. Não consigo nem descrever.

É um jazz com uma sonoridade “estragada”, muito avant-gard, torta, mas muito incrível. Os caras saem do espaço seguro de composição, daquele modo de sempre de improvisar. É um grupo muito mais solto nesse sentido, de tocar abertamente e uma vez: o que aconteceu, aconteceu. Já assisti ao show da The Bad Plus três vezes e é uma experiência bem difícil de descrever, eles levam o lance para outro nível mesmo. É uma conexão artística que eles tem muito forte, joga para um lugar que ás vezes é muito desconfortável, justamente para te tirar desse espaço seguro. É muito especial.