Em 20 de janeiro de 1917, o samba virou samba. Não que a mais plural e intensa vertente da música brasileira não existisse antes, é claro. Foi apenas uma formalização, o lançamento oficial de “Pelo Telefone”, canção registrada na Biblioteca Nacional meses antes, em novembro de 2016, e hoje reconhecida como o primeiro samba de todos os sambas.
Para celebrar o centenário da faixa, o produtor Luciano Kalatalo e o selo Solta idealizaram a coletânea Desde Que o Samba Era Samba, lançada justamente na próxima sexta, 20 de janeiro. A partir de uma regravação da faixa, dez novos artistas foram convidados a remixar, recriar e reinventar “Pelo Telefone”, com resultados surpreendentes, frequentemente mais interessantes que os alcançados por esse tipo de projeto.
A sobreposição de graves do remix do JLZ faz contraponto ao papel do surdo na levada do samba; a versão de Piskksels e DKVPZ impõe a levada do funk carioca sobre os versos de “Pelo Telefone”, um embate direto entre dois dos maiores legados da música brasileira; e Master Rylle deu sotaque baiano à cultura bass com a versão dele, a primeira faixa divulgada de Desde Que o Samba Era Samba (disponível aqui).
Hoje, com exclusividade no Faixa Título, você ouve a melancólica versão do produtor brasiliense Rafareis para “Pelo Telefone”. Com ecos no downtempo e no trip-hop, a versão de Rafareis – de apenas 21 anos – reduz a marcha da coletânea sem perder a musicalidade da canção original. E explica, justamente nessa dualidade, porque o samba continua sendo samba até quando aparentemente não é. Ouça abaixo:
Para ouvir outras produções do Rafareis (destaque para a versão suave de “Vai Na Rola Menina”, do MC Livinho), basta visitar o SoundCloud dele. Desde Que o Samba Era Samba estará disponível em todos os serviços digitais nessa sexta (20).