Testar formas não convencionais de gravação já virou algo comum para o Foo Fighters toda vez que o ciclo de um álbum chega ao fim. A banda já gravou na casa de Dave Grohl (There Is Nothing Left To Lose), na garagem de outra casa do vocalista (Wasting Light), ao redor de 8 cidades diferentes dos Estados Unidos (Sonic Highways) e no lobby de um hotel (no EP Saint Cecilia). Logo, é praticamente uma certeza a escolha de mais uma locação inusitada para a gravação do próximo disco do Foo Fighters, certo?
Errado. Durante entrevista com o jornalista Zane Lowe pela Radio Beats 1, Dave Grohl foi questionado sobre a existência de um novo conceito para esse próximo álbum inédito e deu a entender que a banda optará por um processo tradicional, dentro de um estúdio, como qualquer outra banda.
Nós falamos sobre isso. O último disco nós fizemos em 8 cidades diferentes, basicamente o álbum existiu para contar a história da música nessas 8 cidades. Era mais profundo conceitualmente do que só entrar no estúdio e produzir um disco. Aí o álbum que veio antes nós fizemos na minha garagem, a gente fez aquele documentário, tudo dizia respeito a trabalhar com métodos analógicos e coisas assim. E o nosso último EP nós gravamos no lobby de um hotel em Austin, Texas.
Então agora o nosso pensamento era, ‘Deus, se nós formos gravar novamente, de que forma vamos mudar as coisas?’ E para nós, mudar as coisas agora quer dizer entrar no estúdio e fazer um disco como uma banda normal. E esse virou o nosso foco. É tipo, agora nós podemos deixar de lado esses outros aspectos e só compor músicas e gravá-las em um estúdio como deveria ser.
Dave também levantou algumas questões sobre o trabalho com diferentes produtores no passado.
Nós trabalhamos bastante com o Butch Vig, nós trabalhamos com o Gil Norton, com o Adam Kasper. Mas eu me lembro que há muito tempo, acho que durante o nosso terceiro disco, nós estávamos tentando decidir quem o produziria. Nós mandamos alguns materiais para esse grande produtor, e ele basicamente nos respondeu com ‘Eu acho que o Foo Fighters não é capaz de ser produzido.’ E nós ficamos tipo ‘O que isso significa?’ E ele, ‘Você sabem o que estão fazendo, e fazem do seu próprio jeito. Então ninguém vai tentar se meter no meio e mudar isso.’
Além de refletir sobre produção, Dave abordou um pouco sobre um aspecto importante das composições para ele:
Arranjos são como piadas: assim como cada piada tem a sua punchline (desfecho, frase de efeito), os arranjos têm que ter uma crescente. Então quando você escreve músicas, elas têm que ter essa estrutura, como se você estivesse contando uma piada.
Será interessante ver uma abordagem mais pé no chão do Foo Fighters depois de a banda ter passado anos seguidos buscando a experimentação/reinvenção da roda. E se o excelente single novo, “Run”, servir como aperitivo do que está por vir, podemos esperar mais um grande disco do agora sexteto.