Entrevista por Nathália Pandeló Corrêa
Nos últimos cinco anos, tudo mudou para os irmãos Sierota. Naturais de Chino, Califórnia, eles se apresentavam em feirinhas de rua e gravavam covers para canções de Mumford & Sons, Adele e Ellie Goulding. Mas o ponto de virada veio com um contrato com a Warner Bros. Records, abrindo portas para o primeiro álbum, Talking Dreams, lançado em 2013. Desde então o disco virou ouro em vendas e fez surgir o hit “Cool Kids” (por sua vez, platina tripla).
Em julho, chegou a hora de virar essa página. Agora um trio, Sydney, Noah e Graham Sierota divulgaram a primeira canção desde a saída de Jamie, para focar na família e seu bebê recém-nascido. “Goodbye” dá o gostinho inicial de Inside A Dream, cujo lançamento acontece em 29/09 e promete sintetizadores vibrantes, guitarras etéreas e os vocais doces, tudo amarrado por uma inspiração 80s.
Inside A Dream é o resultado de um ano e meio de trabalho. Quando gravou o álbum de estreia, Sydney Sierota tinha 15 anos. Agora, aos 20, ela traz na bagagem muito mais experiências que inspiraram as letras de seu segundo trabalho. Conversamos sobre isso e muito mais em uma entrevista exclusiva. Confira abaixo!
TMDQA!: Olá Sydney, obrigada por conversar conosco! Estamos curiosos para o que vocês estão preparando. Será o segundo disco, o que pode ser um pouco assustador. Mas parece que vocês escolheram um caminho um pouco diferente: mais positivo, alegre e divertido. É assim que vocês estão se sentindo no momento?
Sydney Sierota: Sim, com certeza! Mas sabe, nossa música sempre foi um reflexo de quem nós somos. Pra gente é tão importante colocar a nossa identidade no que fazemos! E como todo mundo, temos bons e maus momentos, então não foi algo planejado ter um disco feliz e pra cima. Nos últimos anos, tivemos tantas coisas boas acontecendo que foi só um reflexo disso tudo, na verdade, do que estávamos vivenciando. Tem músicas felizes, tem música pra quem tá loucamente apaixonado, música pra chorar… Mas a ideia era nos colocar cada vez mais nessas composições, fazer com que elas fossem realmente um reflexo nosso, deixar as pessoas entrarem nas nossas vidas de uma forma íntima, como conversamos com nossos amigos. Então foi algo bem natural pra gente, com tudo que vivemos nos últimos anos.
TMDQA!: Exato, vocês passaram por grandes mudanças entre o primeiro disco e agora. Estão mais velhos, são um trio, tocaram em alguns palcos bem importantes. Mas com vocês se veem dando os próximos passos da carreira, já tendo aprendido bastante ao longo dos últimos anos? Tem alguma coisa que você sabe agora e que gostaria de ter sabido lá no início dessa jornada em que estão?
Sydney: Com certeza! (risos) Mas desde o início tivemos a sorte de ter nossos pais em turnê conosco, e isso foi muito importante. Eles estavam sempre nos lembrando do panorama geral das coisas, e a não focar só no cansaço, para não nos deixarmos abater e seguir em frente. Então eu levo muito disso comigo, para lembrar sempre. Nós começamos a tocar há 11 anos, em feiras e eventos na rua, e foram eles que nos ensinaram o valor de ter determinação e seguir trabalhando pelos nossos sonhos. Então quando eu estou super cansada, me lembro disso. Na verdade, acaba que eu me apego mais ao que aprendemos lá atrás, bem no passado mesmo, antes mesmo de começarmos a realizar tudo isso.
TMDQA!: Bom, vamos falar do que vem por aí. Dá pra apontar algumas influências ao som de vocês, mas “Goodbye”, por exemplo, é basicamente uma música pop. Você pode nos dar algumas pistas do que inspirou este novo álbum?
Sydney: Não dá pra falar que “esse artista” ou “aquele artista” foram as maiores inspirações, porque foi uma quantidade enorme de coisas que estávamos ouvindo. Eu amo música pop, ouvi muito Taylor Swift, Ed Sheeran… Então foi uma mescla do que estávamos escutando e isso veio influenciando naturalmente. Também gostamos muito de música dos anos 80, o que acabou entrando de certa forma no disco. E tem ainda Coldplay, U2, artistas que admiramos há muito tempo e que também estão ali de alguma forma.
TMDQA”: Agora, o título Inside a Dream ligado a essa boa vibração do single me faz pensar em como a música pode ser uma válvula de escape dessa loucura toda que está acontecendo no mundo. Era algo que vocês pensaram pra esse disco ou estou imaginando coisas? (risos)
Sydney: Nossa, essa é uma ótima interpretação! Eu já te falo o que tínhamos em mente, mas eu realmente não tinha pensado dessa forma, faz total sentido. É muito verdade isso que você falou, da música ser esse escape, é definitivamente algo que acreditamos. Pode ser algo emocional que você está vivenciando e a música vem e instantaneamente te faz sentir melhor… E, bem, pode ser algo romântico ou até mesmo político, a música sempre será esse porto seguro. Mas na verdade, a nossa ideia foi um pouco diferente! (risos) É que nosso primeiro disco se chamou “Talking Dreams”, e ele nos deu a possibilidade de ver o mundo, ir para tantos lugares e ver tantas pessoas cantando nossas músicas. Conhecemos pessoas maravilhosas e isso nos fez sentirmos muito sortudos. Então nesse segundo álbum, temos uma ótica diferente – ao invés de falarmos dos nossos sonhos, estamos os vivenciando, criamos esse disco diretamente de dentro do nosso sonho.
TMDQA!: Mas os sonhos vão mudando junto com a gente. Vocês já comentaram sobre como tiveram de reencontrar sua sonoridade após a saída do Jamie, e que isso tirou o protagonismo das guitarras e abriu as portas para experimentarem – tipo com synths. Como é mudar significativamente o modo de fazer música e ao mesmo tempo manter a essência do que o público abraçou no som do Echosmith?
Sydney: É uma ótima pergunta, porque nós nos perguntamos as mesmas coisas! (Risos) Acho que você só vai descobrindo, por conta própria. Desde sempre, queríamos que a música representasse verdadeiramente quem nós somos e, como todo artista, gostamos de experimentar coisas novas. Mas aí veio a saída do Jamie, e com isso tudo ficou bem diferente mesmo. Não tínhamos escolha, precisávamos enfrentar que o som mudaria sem ele e aí fomos experimentando, meio que por tentativa e erro. Algumas coisas funcionaram, outras não… Mas o fato é que entre esse disco e o anterior se passaram cinco anos, estamos mais velhos e de certa forma você quer dizer para o seu público “essa sou eu agora, estou gostando de ouvir outras coisas também”, sem que isso mude em essência quem você é e o que você faz.
TMDQA!: E os fãs crescem junto, certo? Fala-se muito sobre vocês começarem a ter sucesso tão jovens, mas a idade é algo que cria uma identidade muito forte com o público adolescente e até infantil, por exemplo. “Cool Kids” é um bom exemplo de como as pessoas podem se ver numa canção – e que no fim das contas não é só sobre a música, é sobre criar conexões. E isso vocês fazem, ouvem as histórias dos fãs, existe uma proximidade e acaba que se tornam a trilha sonora pra vida de algumas pessoas. Mas é aquela coisa: com grande poder vem grande responsabilidade (risos). Dá pra levar isso em conta quando vocês estão compondo?
Sydney: Isso é uma das coisas mais importantes de todas! Sempre levamos isso em consideração, porque nos sentimos muito honrados de termos essa relação com pessoas que querem nos ouvir de verdade. Se você tem a possibilidade de influenciar as pessoas, que seja de uma forma positiva, certo? Tem muitos artistas que dizem que “não estou aqui pra servir de modelo pra ninguém” e até entendo, mas no nosso caso, estamos só muito felizes por termos pessoas que ouvem nossas músicas, se importam com a gente – há um tempo atrás, só nossos amigos faziam isso! (risos) Eu acho que é uma amizade verdadeira que temos entre nós, sabe? Muitos são da mesma idade que a gente, estão na mesma faixa etária e passam pelas mesmas coisas que nós. Às vezes é algo que parece pequeno, como desejar “boa prova na faculdade” ou algo do tipo, mas por menor que seja, pode fazer a diferença na vida de alguém.
TMDQA!: Bom, falando em fãs, aposto que eles querem saber se vocês vêm ao Brasil com a nova turnê.
Sydney: Nossa, queremos muito ir ao Brasil! Você não faz ideia de quantos tweets nós recebemos dizendo “por favor, venham”! (risos) Não vemos a hora, mas ainda não sabemos ao certo. Talvez ano que vem ou no próximo! Sabemos que temos fãs aí e queremos muito vê-los.
TMDQA!: Bom, só pra encerrar: vocês fazem alguns covers no YouTube. Esses dias mesmo postaram Want You Back, do HAIM. Parece que vocês se divertem fazendo essas releituras, mas também é uma forma de sentir o que andam ouvindo. E como sempre pedimos aos músicos para falarem sobre seus discos do momento (ou da vida!), queria saber como vai ser sua playlist agora que vocês vão pegar a estrada com um novo trabalho.
Sydney: Uhmm… Nunca se sabe o que vai dar vontade de ouvir. Eu sou muito assim, em um dia completamente aleatório eu decido que um artista é o meu favorito da vida! (risos) Mas se é pra adivinhar algo que eu vou estar ouvindo até lá, eu diria que é Julia Michaels! O novo EP dela se chama “Nervous System” e eu simplesmente não consigo parar de ouvir. Entro no carro pra fazer alguma coisa e logo coloco as músicas para tocar e cantar junto!
TMDQA!: Obrigada pela dica e boa sorte com o próximo disco, Sydney!
Sydney: Obrigada, nos vemos em breve!