Há 31 anos, na Califórnia, nascia uma banda de punk rock chamada Sweet Children, formada por jovens de 14 anos de idade chamados Billie Joe Armstrong e Mike Dirnt.
Pouco tempo depois o projeto que ganharia um baterista e se transformaria em trio, adotaria o nome de Green Day e entraria para a história como um dos mais influentes dos Anos 90, e é muito bom saber que após tanto tempo a banda ainda segue firme e forte.
Em sua atual turnê para divulgar o disco Revolution Radio, lançado em 2016, o Green Day mostra que muita coisa mudou, como o fato de aparecer com mais três músicos no palco para completar o som, mas outras tantas continuam as mesmas, como a energia e a intensidade da banda que conquistou o mundo com discos como Dookie, American Idiot e Nimrod.
Ontem (05) o grupo foi até Curitiba para um show na lendária Pedreira Paulo Leminski, e lá fez mais uma apresentação memorável com duas horas e meia de duração, casa cheia e festa, muita festa.
Tudo começou com a banda de abertura The Interrupters, que faz um ska/punk de primeira e conta com a simpatia dos três irmãos Bivona (Kevin, Justin e Jesse), além dos vocais incríveis de Aimee Interrupter.
Com sons próprios e uma interação da plateia que deixou os membros do grupo claramente emocionados, a banda chamou a atenção principalmente com sons como “She Got Arrested”, “Take Back The Power” e “By My Side”. Outro ponto alto foi a cover de “Sound System”, do Operation Ivy, que seria homenageado mais tarde pelo próprio Green Day também.
O show do Green Day em Curitiba não teve muitas novidades quanto ao set, como em São Paulo onde o grupo desenterrou algumas raridades, mas definitivamente Billie Joe Armstrong fez com que todos se sentissem como parte de algo muito especial na capital paranaense.
Falando o nome da cidade diversas vezes e celebrando que estava por ali, o músico de 45 anos de idade não parou de correr um minuto e alternava os momentos ao microfone e com sua guitarra com outros onde deixava bem claro quais eram as suas mensagens por ali.
Em “Holiday”, quarta música, ele aproveitou uma pausa para dizer que a banda não tolera sexismo, racismo, homofobia e Donald Trump, mandando um “Fuck You Donald Trump” dos mais altos. Junto com a bandeira do Brasil, apresentada e “vestida” por Billie em inúmeros momentos do show, em certa ocasião veio também a bandeira do orgulho LGBT, em mais uma demonstração de que o cara quer aproveitar as multidões que carrega mundo afora para conscientizá-las a respeito de tantas questões discutidas hoje em dia.
A presença de palco de Armstrong faz com que o jogo seja ganho logo de cara na primeira música, quando a banda tocou “Know Your Enemy” e convidou uma fã ao palco, e além de um catálogo imenso de hits, a banda aproveita o carisma do cara para ter respostas incríveis com músicas mais novas, como “Bang Bang”, “Revolution Radio”, “Youngblood” e “Still Breathing”, todas muito celebradas pelo público.
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O show que começou ao final da tarde e foi invadindo a noite era decorado pela Pedreira Paulo Leminski, um dos lugares mais incríveis do Brasil para você ver um show, e a banda parecia se empolgar cada vez mais com a apresentação, tanto que em “Boulevard Of Broken Dreams” Billie Joe apareceu visivelmente emocionado quando teve a resposta dos fãs e gritos de “Green Day, Green Day!”.
Após deixar essa época, o guitarrista foi até a lateral do palco e voltou de lá com a “Blue”, guitarra icônica que carrega há décadas e marcou principalmente a era Dookie da banda com uma série de hits.
Vieram canções como “Longview”, “Welcome To Paradise” e o b-side “J.A.R.”, com Billie Joe sempre perguntando quem ali eram os fãs “old school” do grupo que iriam cantar tudo isso junto com ele.
Depois disso, “When I Come Around”, “Minority” e “St. Jimmy” foram todas cantadas em êxtase até que chegou “Knowledge”, a segunda cover de Operation Ivy da noite.
Todo mundo que acompanha a banda de perto sabe que é aqui que Billie Joe chama alguém para tocar guitarra no palco, e as pessoas próximas à grade tentaram de tudo, desde gritos até cartazes, mas quem ficou com as honras foi um garotinho de 13 anos de idade que disse tocar guitarra desde os nove.
Após Billie Joe perguntar para ele e ter a resposta, ainda de cima do palco, que ele saberia tocar, o jovem fã de rock and roll vestido como seu ídolo ficou ao lado dos músicos e prestou atenção nos três acordes que Armstrong lhe mostrou algumas vezes.
Após uma pequena escorregada no início, claramente resultado do nervosismo, ele encaixou a canção e passeou pelo palco como se fosse dono do local, com o líder do Green Day inclusive lhe dizendo que ele era um rockstar.
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Ao final, o jovem que também cantou e com certeza jamais irá esquecer esse momento, ainda ganhou a guitarra de presente e a sua cara de surpresa com o novo instrumento foi impagável. É um momento daqueles que tornam noites como essa inesquecíveis e bandas como o Green Day acima da média entre seus pares.
“King For A Day” foi uma festa sem fim com a banda toda fantasiada, trechos de Rolling Stones, The Beatles, o clássico “Shout” e mais uma série de discursos de Billie Joe.
Ele voltou a reforçar seu amor pelo Brasil, disse que a banda não era mais da Califórnia, e sim de Curitiba, e falou pela segunda ou terceira vez sobre como o mundo não precisa dos políticos e não merece os que tem, e que somos muito maior que eles. Billie criticou Donald Trump mais uma vez e nesse momento vieram vários gritos de “Fora Temer” da plateia.
Após a reação do público, o vocalista disse que não entendia o que todos estavam gritando mas que “sentia a paixão” com que os presentes o faziam. Outros gritos como “Hey Temer, vai tomar no cu” e “Hey Lula, vai tomar no cu” também apareceram em alguns cantos, exatamente no momento em que a banda voltou à música, que já se arrastava por alguns bons minutos e teve BJ deitado no chão conversando com a plateia após um rápido apagão nas luzes do palco.
Nesse momento do show o maestro de toda a apresentação compartilhou aparições distintas com os colegas, como no instante em que vai para a bateria e deixa Tré Cool, fantasiado, assumir os vocais.
O fim veio com “Forever Now” e antecipou uma dobradinha de respeito com “American Idiot” e “Jesus Of Suburbia”, antes do grupo se despedir e dar lugar a performances de Armstrong apenas e tão somente com seu violão.
Vieram “21 Guns”, o mega hit “Time Of Your Life” e uma chuva de papel picado que esquentou ainda mais os corações de quem estava ali aglomerado em uma gelada noite curitibana.
Explosões, pirotecnia, fãs no palco, público cantando, celebração ao que vivemos agora: em sua conta no Instagram, Billie Joe disse que essa está sendo a melhor turnê brasileira da história do Green Day. A culpa é toda sua, mestre.
Amanhã, 07/11, o Green Day fará o último show da turnê de Revolution Radio pelo Brasil, em Porto Alegre. Você pode encontrar ingressos parcelados em até 12x clicando aqui.
Setlist – Green Day em Curitiba (05/11/2017)
- Know Your Enemy
- Bang Bang
- Revolution Radio
- Holiday
- Letterbomb
- Boulevard of Broken Dreams
- Longview
- Youngblood
- Welcome to Paradise
- J.A.R. (Jason Andrew Relva)
- Hitchin’ a Ride
- When I Come Around
- Minority
- Are We the Waiting
- St. Jimmy
- Knowledge (Operation Ivy cover)
- Basket Case
- She
- King for a Day
- Shout / Always Look on the Bright Side of Life / (I Can’t Get No) Satisfaction / Hey Jude
- Still Breathing
- Forever Now
Bis: - American Idiot
- Jesus of Suburbia
Bis 2: - 21 Guns
- Good Riddance (Time of Your Life)