Digamos que você seja um diretor de cinema e quer colocar algumas de suas influências musicais em seu filme. Como faria para conseguir os direitos dessas canções?
Seja lá qual foi o seu método, não deve ter sido tão inesperado quanto o da diretora e atriz norte-americana Greta Gerwig. Em sua primeira direção, o indicado ao Oscar “Lady Bird“, Gerwig colocou alguns bons hits do final dos anos 90 e do início dos anos 2000 na cabeça dos espectadores. Entre eles estão Reel Big Fish, Indigo Girls, Justin Timberlake, Bone Thugs-N-Harmony e mais.
O filme é ambientado nessa época. Ao ser entrevistada no programa Late Night With Seth Meyers, a diretora contou que queria que os atores se sentissem efetivamente nessa época, colocando restrição até no uso de smartphones durante as gravações. Mas, além da imersão do elenco, a música também seria parte fundamental da ambientação.
“Você foi a trilha sonora da minha adolescência!”
“Quando existe uma música que você quer colocar em um filme, você precisa de permissão para usá-la”, disse Meyers. Logo depois, o apresentador perguntou para Gerwig qual foi o método usado para conseguir o direito das músicas. “Escrevi algumas cartas”, contou a diretora.
As músicas usadas encaixavam-se no roteiro. De acordo com Gerwig, era algo muito específico. Meyers aproveitou o momento para mostrar as tais cartas, escritas originalmente em 2016 e 2017, enquanto a diretora lia alguns trechos para o público. Não apenas com elogios aos artistas, as cartas também mostravam a relação que Greta tem com o universo musical e o quanto a escolha das canções ajudariam na narrativa do filme.
A música é muito importante para a construção deste mundo
Em uma das cartas, para Alanis Morissette, Gerwig apontou elogios, chamando a cantora de “deusa”. Sua primeira fita cassette foi Jagged Little Pill. A música pedida, e futuramente usada no filme, foi “Hand in My Pocket“, do mesmo álbum.
Ela também escreveu para o compositor sul-africano Dave Matthews. A diretora alegou que sua música “Crash Into Me“, lançada em 1996 no álbum Crash, é a música mais romântica já lançada. “Seria impossível imaginar este filme sem esta música”, disse ela na carta.
A melhor carta, no entanto, foi escrita para Justin Timberlake. Greta introduziu: “O que eu posso dizer? Você é Justin Timberlake! Você foi a trilha sonora da minha adolescência”. Lá, ela deixou claro que o crescimento de Justin como artista, da sua passagem do ‘NSYNC para a sua carreira solo, foi paralelo ao seu crescimento como pessoa. A música que escolheu inserir em seu filme é o hit “Cry Me a River“, de 2002. De acordo com a diretora, é uma música que, ao mesmo tempo, é séria e sensual.
Abaixo, você pode ler as cartas, disponibilizadas pela emissora NBC, além do trecho da entrevista e das músicas citadas nas cartas.