A influente banda de post-hardcore norte americana Circa Survive está atualmente entre nós brasileiros fazendo a sua segunda turnê pelo continente sul americano.
A trupe de Anthony Green já tocou em Porto Alegre no último domingo (09/09), se apresentou no Rio de Janeiro ontem à noite (13) e depois segue para Belo Horizonte (14) e São Paulo, onde tocam no Fabrique Club no sábado (15/09). A última parada da turnê será em Curitiba, onde se despedirão do Brasil com show no Basement Cultural no próximo domingo (16/09).
Aproveitamos uma pausa no cronograma da banda antes da apresentação deles no Teatro Odisséia no Rio de Janeiro e conseguimos falar com o vocalista Anthony Green por telefone: o papo rendeu revelações sobre uma pausa nas turnês do Circa Survive por tempo indeterminado após essa atual que eles fazem para promover o disco mais recente, The Amulet.
Anthony ainda discutiu a polarização política durante o período eleitoral nos Estados Unidos (e agora no Brasil), se declarou fã de música clássica, do Tim Maia (!) e ainda rasgou a maior seda para o Bullet Bane.
Confira a conversa na íntegra abaixo:
TMDQA: Essa é a segunda vez que o Circa Survive vem ao Brasil. Como têm sido as suas experiências no Brasil e com os fãs brasileiros até agora?
Anthony: Bom, a primeira vez que nós fizemos shows no Brasil foi realmente incrível. As pessoas ficaram malucas e foi a plateia que cantava as músicas mais alto para a qual já havíamos tido a experiência de tocar até então. No geral sempre que vamos à América do Sul todos shows tendem a ser assim. As pessoas têm muita paixão pela música, e isso meio que nos faz pensar que seria bom morar por aqui.
TMDQA: Vocês já estão juntos como banda há 14 anos. Qual foi a lição mais valiosa que você aprendeu nesse tempo? Qual conselho daria pro Circa Survive de 2004, se pudesse?
Anthony: Eu diria que trabalhar a comunicação, falar mais uns com os outros, ser honesto e respeitoso. Essas são as coisas mais importantes, não importa se você é uma banda, uma família ou sei lá, uma tribo de pessoas. Você precisa ter isso para poder existir. E nós realmente tomamos conta uns dos outros como indivíduos, como uma família na qual podemos confiar e como amigos.
TMDQA: Pode nos contar sobre o processo de composição do novo disco, “The Amulet”? O que mudou na dinâmica da banda dessa vez em relação a experiências passadas?
Anthony: Eu acho que a diferença é que nós tivemos que reiniciar a forma com a qual pensávamos a banda antes de começar a gravar esse disco. Nós o escrevemos após nos reunirmos depois de termos passado um bom tempo distantes, e quando começamos a compor tivemos um pouco de dificuldade pare recomeçar e tivemos que reescrever muitas coisas juntos, processar muitos pensamentos. Eu realmente acho que chegamos em um momento nas nossas vidas onde, pela nossa relação ter chegado no ponto de sinergia em que está é que as músicas acabam soando tão coesas e essa é a razão pela qual nos sentimos tão bem tocando elas.
Nós todos passamos por tanta coisa já, e acabamos estressando isso através uns dos outros e pela música. Eu acho que quanto mais o tempo passar mais coesos nós soaremos e os álbuns ficarão cada vez melhores.
TMDQA: Li em uma declaração sua recente que esse disco serviria como um renascimento do Circa Survive, que a banda que existia antes “estava morta”. O que o futuro reserva para vocês, o que muda daqui pra frente?
Anthony: Eu não sei. Eu acredito que estamos prontos para tudo o que vier. Somos irmãos que andam de mãos dadas e nos amamos. O que sei é que quando você tem isso você pode enfrentar qualquer coisa. Somos totalmente gratos por podemos levar a banda aonde quisermos e sabemos que se decidirmos parar e sumir por um tempo, tudo continuará ok. Gostaríamos de poder parar para podermos nos concentrar em criar algo maior, e eu consigo ver a gente fazendo essa pausa depois dessa turnê.
TMDQA: Mas não será um hiato longo, certo?
Anthony: Não digo nem que seria uma pausa como banda, só com as turnês. Só dar uma parada para podermos ficar juntos como banda, sem necessariamente ter que trabalhar e ficar na estrada o tempo inteiro. Gostaríamos de tirar as pressões, para podermos nos focar em passar mais tempo juntos compondo.
TMDQA: Esse disco lida declaradamente com debates sociais e políticos que estamos tendo que enfrentar como civilização nos dias de hoje. O que levou vocês a usarem esse contexto como tema das composições e qual é a sua visão sobre o papel da música tem na nossa sociedade – especialmente quando pensamos politicamente?
Anthony: Nós estávamos escrevendo o disco durante o período das eleições nos Estados Unidos, que acabaram elegendo o Trump. Foi um período muito polarizador, ver o nosso país se dividir da forma com a qual ele se dividiu econômica e socialmente. Ver como a população acreditava em mentiras e saber que as únicas pessoas que estavam ali para nos defender eram igualmente pilantras. Parecia que estávamos inevitavelmente cercados por corrupção, e nós entendemos que essa é a forma com a qual vários governos se comportam ao redor do mundo, mas é tão contrário aos nossos valores.
Acho que isso se tornou um grande tema em torno de tudo o que estávamos criando na época: o que nós damos valor. As coisas que nós valorizamos. Mas parecia ser o fim do mundo. Não tínhamos como evitar escrever sobre isso, sobre tudo o que estávamos passando.
TMDQA: Estamos passando por um momento similar aqui no Brasil. Obviamente temos as nossas diferenças como países, mas dentro da nossa própria realidade estamos enfrentando uma tempestade parecida com a de vocês agora durante o nosso período eleitoral.
Anthony: Sim! É uma realidade política muito parecida, a que está acontecendo com os dois países [Estados Unidos e Brasil]. É o seguinte, eu não acho que eu seja alguém que fala bem, um bom orador – não sou um terapeuta, eu não me formei na faculdade, mas eu gosto de falar. É assim que eu expresso os meus sentimentos. Acho que se as pessoas começassem a se levantar e a conversar umas com as outras sobre como elas se sentem sobre problemas comuns, veríamos uma onda de ideias mais progressistas tomando forma. Quero acreditar que no fim as pessoas se preocupem mais com a mensagem que vem da arte do que com lucro.
TMDQA: Essa é a única forma com a qual vamos progredir como sociedade, como seres humanos no fim, certo? Falando mais abertamente sobre as coisas. Não importa se é através da música, de poesia, de debates políticos. Mas só falando sobre os nossos problemas é que vamos melhorar.
Anthony: Exato. Eu concordo totalmente com você.
TMDQA: Voltando ao assunto de composições, você é um cara de muitos projetos. Depois de voltar ao Saosin, como você lida com a tarefa criativa de compor para duas bandas diferentes – além do seu projeto solo? Existe uma chave ou você identifica automaticamente o que cabe melhor para qual banda?
Anthony: Eu encaro essa questão como se alguém me perguntasse ‘como você lida com duas amantes ao mesmo tempo?’. Sabe? Você só explora cada relação de forma diferente de acordo com cada amante. Cada banda é como uma relação diferente, e eu estou em um ponto na minha carreira onde eu não preciso ser monógamo. Eu posso fazer parte de uma banda que tem um estilo de composição, e depois ir pra outra e utilizar um estilo completamente oposto. Eu posso ir mais além e fazer a analogia de que as bandas são como uma árvore, onde até existem conexões entre as duas, mas cada galho se ramifica de uma forma separada. A relação que eu tenho com cada membro das bandas também faz com que o produto final traga resultados diferentes.
TMDQA: O Circa Survive surgiu de uma cena muito específica de bandas como Thrice, Chiodos, Thursday e o próprio Saosin. Como você enxerga esse cenário musical hoje em dia, acha que o gênero tem mais força agora do que quando vocês começaram?
Anthony: Não sei, eu sinto que eu simplesmente saí para uma caminhada e comecei a fazer as coisas pelas quais eu me interessava. Toda vez que eu aparecia para um show com uma banda ou projeto meu, as pessoas estavam lá. Eu não sei dizer necessariamente o porquê, acho que eu dei sorte.
TMDQA: O Bullet Bane e a Oceania são as bandas selecionadas para abrir o show do Circa Survive em São Paulo. Quão envolvidos vocês estão na hora de selecionar bandas de abertura estrangeiras para os shows? E claro, o que você conhece de música brasileira?
Anthony: Eu não conheço muita música brasileira, mas eu amo o Bullet Bane. Eles são incríveis. Oceania também, são uma banda com o instrumental muito bom…
…E Tim Maia. É Tim Maia o nome dele? Eu ouvi outro dia em uma viagem que fizemos na estrada por aqui e realmente amei ele, achei incrível. Mas não conheço muita coisa de música brasileira no fim. Só o Bullet Bane que é foda. São realmente uma banda de rock incrível, eles são muito legais.
TMDQA: Sempre fazemos essa pergunta para fechar entrevistas: você tem mais discos que amigos? Consegue nos dizer qual é o álbum que você considera ser um grande amigo seu?
Anthony: Eu definitivamente tenho mais discos que amigos [risos], eu vivo por eles e tenho orgulho disso! Acho que discos são mais confiáveis do que pessoas.
O que eu mais amo ouvir é uma peça clássica, uma canção que se chama “Clair de Lune” do [Claude] Debussy. É a minha música favorita, toda vez que a escuto, ela sempre me enche de paz e harmonia. Eu amo ela.
TMDQA: Incrível! Eu faço questão de colocar ela na matéria para que as pessoas possam conhecê-la.
Anthony: Muito obrigado por isso.
TMDQA: Anthony, foi um prazer falar com você. Desejo um bom show hoje para todo o Circa Survive e boa sorte no restante da turnê, mal posso esperar para vê-los em São Paulo no sábado.
Anthony: O prazer foi todo meu, nos vemos lá!
Além das apresentações com o Circa Survive, Anthony ainda voltará ao Brasil em Fevereiro do ano que vem para uma turnê inédita no país com a sua banda original, o Saosin. Oportunidade dupla para os fãs brasileiros ouvirem sua peculiar e potente voz aguda ao vivo em shows que prometem ser inesquecíveis.
Belo Horizonte (14/09)
Data: 14/09
Horário: 18h
Ingressos:
1º lote R$80 (Meia entrada / Estudante / Promocional*)
2º lote R$100 (Meia entrada / Estudante / Promocional*)
*(Promocional para não estudantes doando 1 kilo de alimento não perecível)
Censura: 16 anos
Local: Autentica – R. Alagoas, 1172 – Savassi, Belo Horizonte
* Os ingressos são limitados
** Ingressos com valor PROMOCIONAL e MEIA ENTRADA.
[INGRESSO MEIA-ENTRADA/PROMOCIONAL – QUEM TEM DIREITO?]
Válido para estudantes, doadores de sangue, acompanhantes de cadeirantes, funcionários da rede pública, maiores de 60 anos ou mediante a doação de 1kg de alimento não-perecível na entrada do evento.
Link dos ingressos: Pixelticket.
São Paulo (15/09)
Data: 15/09
Horário: 18h
Ingressos:
1º lote R$100 (Meia entrada / Estudante / Promocional*)
2º lote R$120 (Meia entrada / Estudante / Promocional*)
*(Promocional para não estudantes doando 1 kilo de alimento não perecível)
Censura: 16 anos
Local: Fabrique Club – R. Barra Funda, 1071 – Barra Funda, São Paulo
* Os ingressos são limitados
** Ingressos com valor PROMOCIONAL e MEIA ENTRADA.
[INGRESSO MEIA-ENTRADA/PROMOCIONAL – QUEM TEM DIREITO?]
Válido para estudantes, doadores de sangue, acompanhantes de cadeirantes, funcionários da rede pública, maiores de 60 anos ou mediante a doação de 1kg de alimento não-perecível na entrada do evento.
Link: Pixelticket.
Curitiba (16/09)
Data: 16/09
Abertura da Casa: 18h
Ingressos:
1º lote R$70,00 (Meia entrada / Estudante / Promocional*)
2º lote R$80,00 (Meia entrada / Estudante / Promocional*)
3º lote R$100 (Meia entrada / Estudante / Promocional*)
4º lote R$110 (Meia entrada / Estudante / Promocional*)
*(Promocional para não estudantes doando 1 kilo de alimento não perecível)
Censura: 16 anos
Local: Basement cultural – Rua Desembargador Benvindo Valente, 260
* Os ingressos são limitados
** Ingressos com valor PROMOCIONAL e MEIA ENTRADA.
[INGRESSO MEIA-ENTRADA/PROMOCIONAL – QUEM TEM DIREITO?]
Válido para estudantes, doadores de sangue, acompanhantes de cadeirantes, funcionários da rede pública, maiores de 60 anos ou mediante a doação de 1kg de alimento não-perecível na entrada do evento.
Link: Pixelticket.