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Nação Zumbi faz show no Rio de Janeiro em clima de política

No último sábado (22), a Nação Zumbi se apresentou no palco do Circo Voador, no Rio de Janeiro, e empolgou seus fãs com diversos sucessos da carreira.

Nação Zumbi no Circo Voador
Nação Zumbi no Circo Voador

Fotos por Kaline Lyrio

Menos de um ano após seu último show no Circo Voador, a Nação Zumbi voltou ao palco da tradicional lona carioca no sábado passado (22) para entregar uma apresentação poderosa.

Quando o relógio marcava 00h20, diante de um excelente público, três músicos da NZ surgiram no palco tocando seus berimbaus. Pouco depois deste aquecimento, o vocalista Jorge du Peixe e os demais integrantes apareceram para dar o pontapé inicial ao show com “Refazenda”, canção de Gilberto Gil que faz parte do álbum de releituras Radiola NZ Vol. 1, lançado pelo grupo recifense em 2017.

A apresentação seguiu com “Defeito Perfeito”, do disco Nação Zumbi (2014), e a animada “Do Nothing”, música da banda The Specials que também aparece no disco mais recente da Nação Zumbi. Em “Blunt of Judah”, do autointitulado trabalho lançado em 2002, os fãs formaram as primeiras rodas e o público ficou insano.

Mais tarde, vieram as ótimas “No Olimpo”, presente no álbum Fome de Tudo (2007), e “Novas Auroras”, quando o vocalista resolveu deixar uma mensagem aos fãs sobre política. O cantor lembrou da importância de se votar conscientemente para escolher os melhores representantes que poderíamos ter no Congresso Nacional e na Presidência da República. Ao final de seu discurso, Jorge foi bastante aplaudido.

Na sequência, foi a vez de “Dois Animais na Selva Suja da Rua”, canção de Taiguara, e “Bossa Nostra”, quando Jorge du Peixe mais uma vez se posicionou politicamente. “A nação não precisa ser zumbi”, afirmou, em tom de crítica social. A apresentação prosseguiu com a interessante “A Melhor Hora da Praia”.

Pouco depois, foi hora de o Circo Voador explodir com a execução da potente “Quando a Maré Encher”, do álbum Rádio S.Amb.A. (2000). A temperatura do show continuou altíssima com “Manguetown”, do CD Afrociberdelia, lançado em 1996. Os fãs puderam desacelerar os batimentos cardíacos com a linda “Um Sonho”, deixando os pulos de lado e cantando de olhos fechados.

Em seguida, “Meu Maracatu Pesa uma Tonelada” colocou o público em estado de surto novamente. Após “Banditismo por uma Questão de Classe”, faixa do disco de estreia Da Lama ao Caos (1994) que encerrou a apresentação antes do bis, às 01h27, a plateia puxou o coro de protesto “Ele Não”. O grito está tomando conta do país como forma de repúdio ao conservador presidenciável Jair Bolsonaro e os fãs da Nação Zumbi deixaram claro que não apoiam qualquer comportamento fascista.

Alguns instantes depois, parte dos músicos retornaram ao palco para uma suingada jam, enquanto Jorge e o restante da banda seguiam no backstage. “Muito obrigado pela presença de todos. Tá bonito,” elogiou o cantor, de volta ao palco.

O trecho derradeiro da apresentação, que durou 1h30, começou com o maravilhoso cover de “Sexual Healing”, de Marvin Gaye, e terminou com a clássica “A Praieira”, botando todo mundo para dançar e cantar. “Ciranda carioca”, definiu Jorge du Peixe. Chico Science, ex-vocalista da Nação Zumbi morto em um acidente de carro em 1997, estaria feliz em ver seu grupo ainda tão competente e relevante no cenário da música brasileira.

Setlist

1- “Refazenda”
2- “Defeito Perfeito”
3- “Do Nothing”
4- “Blunt of Judah”
5- “No Olimpo”
6- “Novas Auroras”
7- “Dois Animais na Selva Suja”
8- “Bossa Nostra”
9- “A Melhor Hora da Praia”
10- “Quando a Maré Encher”
11- “Manguetown”
12- “Um Sonho”
13- “Meu Maracatu Pesa uma Toneladea”
14- “Banditismo por uma Questão de Classe”

Bis:

15- “Sexual Healing”
16- “A Praieira”