Em cerimônia realizada no último domingo (11) no Cine Oden, Centro do Rio de Janeiro, a 20ª edição do Festival do Rio consagrou o longa com temática LGBT+ Tinta Bruta como o maior vencedor do evento, ao faturar o Troféu Redentor de Melhor Filme.
Dirigido por Filipe Matzembacher e Márcio Reolon, o drama, que estreia em 6 de Dezembro nos cinemas, acompanha os passos do jovem Pedro, vivido por Shico Menegat, que também faturou o prêmio de Melhor Ator, dividido com Valmir do Côco, por Azougue Nazaré.
Na trama, Pedro passa por uma fase difícil na vida, tendo que responder a um processo criminal ao mesmo tempo em que lida com a mudança da irmã, sua única amiga. Ele então assume o codinome GarotoNeon e passa a fazer performances nu na internet, de forma anônima, com o corpo coberto apenas por cores de tinta fluorescente.
Tinta Bruta ainda ganhou nas categorias de Melhor Roteiro e Melhor Ator Coadjuvante (Bruno Fernandes). Na hora de subir ao palco para receber o Redentor, Márcio falou sobre os tempos atuais e a simpatia pelo fascismo de parte da população.
“Dedico esse prêmio à população LGBT+. Estamos em um momento delicado e é fácil a gente perder as esperanças. É muito importante cuidarmos uns dos outros, estarmos lado a lado e firmarmos um compromisso de jamais ficar em silêncio quando a gente testemunhar alguma agressão ou opressão. O fascismo cresce do nosso silêncio. A gente não pode ficar calado”, declarou o cineasta.
O comentado Torre das Donzelas, de Susanna Lira, foi premiado como Melhor Documentário tanto pelo júri oficial quanto pelo popular. O roteiro gira em torno dos depoimentos de ex-presidiárias que dividiram cela na época da ditadura militar.
Deslembro, dirigido por Flávia Castro, venceu o prêmio do júri popular na categoria ficção. O filme aborda as sequelas causadas pelo regime militar em filhos de exilados políticos. A produção também ganhou o Redentor de Melhor Atriz Coadjuvante (Eliane Giardini) e o prêmio da crítica.
O prêmio Felix, dedicado a produções da cena LGBT+ e inspirado no Teddy, troféu alemão, foi concedido a Sócrates, de Alex Moratto, na categoria ficção, e a Obscuro Barroco, de Evangelia Kranioti, na categoria documentário. O júri do Felix entregou ainda um prêmio especial para Inferninho, dirigido por Guto Parente e Pedro Diogenes.
O já citado Azougue Nazaré, do pernambucano Tiago Melo, faturou o prêmio especial do júri e Ilha, de Ary Rosa e Glenda Nicácio, foi o vencedor da seção paralela Novos Rumos, que premia diretores estreantes ou filmes com linguagem não convencionais. Esta mesma mostra também concedeu um troféu especial para Inferninho.
Na categoria curta-metragem, o grande vencedor do Festival do Rio neste ano foi O Órfão, de Carolina Markowicz. A produção fala sobre um jovem adotado que vai parar em um abrigo por se comportar de um jeito diferente.
Confira abaixo todos os vencedores do Festival do Rio em 2018:
Première Brasil
Melhor longa de ficção – Tinta Bruta, de Marcio Reolon e Filipe Matzembacher
Melhor longa de documentário – Torre das Donzelas, de Susanna Lira
Melhor curta-metragem – O Órfão, de Carolina Markowicz
Menção honrosa curta-metragem – Universo Preto Paralelo, de Rubens Passaro
Melhor direção de ficção – João Salaviza e Renée Nader Messora, por Chuva é Cantoria na Terra dos Mortos
Melhor direção de documentário – Susanna Lira, por Torre das Donzelas
Menção honrosa direção de documentário – Daniel Gonçalves, por Meu Nome é Daniel
Melhor atriz – Itala Nandi, por Domingo
Melhor ator – Shico Menegat, por Tinta Bruta, e Valmir do Côco, por Azougue Nazaré
Melhor atriz coadjuvante– Eliane Giardini, por Deslembro
Melhor ator coadjuvante – Bruno Fernandes, por Tinta Bruta
Melhor fotografia – Renée Nader Messora, por Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos
Melhor montagem – André Sampaio, por Azougue Nazaré
Melhor roteiro – Filipe Matzembacher, Marcio Reolon por Tinta Bruta
Prêmio especial do júri – Azougue Nazaré, de Tiago Melo
Novos Rumos
Melhor filme – Ilha, de Ary Rosa e Glenda Nicácio
Melhor curta – Lembra, de Leonardo Martinelli
Prêmio especial do júri – Inferninho, de Guto Parente e Pedro Diogenes
Menção honrosa – Mormaço, de Marina Meliande
Menção honrosa – Eduarda Fernandes pela atuação (Luna, de Cris Azzi)
Menção honrosa – Alexandre Amador pela atuação (Vigia, de João Victor Borges)
Menção honrosa – Verónica Valenttino pela atuação (Jéssika, de Galba Gogóia)
Voto popular:
Melhor longa de ficção: Deslembro, de Flavia Castro
Melhor longa de documentário: Torre das Donzelas, de Susanna Lira
Melhor curta: Você não me conhece, de Rodrigo Séllos
Prêmio da Crítica FIPRESCI
Deslembro, de Flavia Castro
Prêmio Felix
Melhor longa de ficção: Sócrates, de Alex Moratto
Melhor longa de documentário: Obscuro Barroco, de Evangelia Kranioti
Prêmio Especial do Júri: Inferninho, de Guto Parente e Pedro Diogenes