Roger Waters empresta jato particular para reunir mãe e filhos na Síria

Em entrevista, Roger Waters diz que espera fazer mais "missões de resgate" já que 1.200 crianças estão abandonadas em campos de refugiados na Síria.

Roger Waters no Rio de Janeiro, 2018
Foto por Diego Castanho

Roger Waters acabou de fazer uma grande ação.

O lendário músico britânico conhecido por sua carreira solo e pelo Pink Floyd usou seu jato particular para promover o reencontro de uma mãe de Trinidad e Tobago chamada Felicia Ferreira com seus dois filhos, Ayyub, de 7 anos, e Mahmud, de 11 anos.

Os dois haviam sido sequestrados pelo ex-companheiro de Felicia e pai das crianças, um soldado do grupo Estado Islâmico que fugiu para a Síria em 2014 e os levou para o país.

Em 2017 o homem teria morrido em combate e a sua esposa resolveu abandonar as duas crianças, deixando ambas em uma estrada do país. Posteriormente, eles foram levados a um campo de refugiados organizado pelas Forças Democráticas Sírias, de origem curda.

 

Roger Waters

De acordo com o jornal britânico The Independent, o músico ficou sabendo da situação através do advogado Clive Stafford-Smith, que lhe contou a respeito e falou sobre como Waters resolveu agir após não ter nenhum tipo de resposta das autoridades tanto de Trinidad e Tobago quanto do Reino Unido:

Roger pagou por uma boa parte de todo processo. Ele não apenas fez isso como também veio com a gente e eu preciso dizer que tenho muita gratidão a Roger e também a várias outras pessoas. Nós montamos um bom time, batendo de frente com gente que não queria que isso fosse feito.

Roger Waters também falou a respeito do assunto:

Eu conheço Clive há muitos anos e tenho acompanhado seus trabalhos na área dos direitos humanos de perto. Nós almoçamos e ele me falou sobre o dilema de Mahmud, Ayyub e Felicia, e isso mexeu profundamente comigo. Então eu disse, ‘Eu quero ajudar – existe algo que eu possa fazer?’

Roger se mobilizou para que o governo de Trinidad e Tobago pelo menos emitisse documentos de viagem para os garotos e usou o seu avião particular para promover o encontro da mãe com os garotos na fronteira da Síria com o Iraque, e levá-los para Londres, onde eles estão aguardando o voo de volta para Trinidad e Tobago.

Ao falar sobre o sucesso da operação, o músico ainda disse para a BBC que espera que essa não seja a única delas:

É a primeira vez, mas eu espero que não seja a última. Sou privilegiado à essa altura… de ter tempo livre porque eu acabei de finalizar uma turnê de dois anos e de repente eu tenho tempo para respirar um pouco, então ter a chance de usar um pouco desse tempo para resgatar essas duas crianças é ótimo. E isso também me dá um tipo de plataforma para dizer, ‘e os outros? Por que não estamos fazendo nada?’

Outros casos

Segundo Stafford-Smith, as forças curdas ainda abrigam cerca de 1.200 crianças estrangeiras que estão abandonadas e cujos governos se recusaram a levar de volta para os seus países de origem.

Roger Waters completou:

Nós precisamos cuidar dessas crianças e os países de onde seus pais vêm deveriam ser os países que cuidam dessas crianças.

No Brasil

Vale lembrar que 2018 foi um ano de forte presença de Roger Waters no Brasil, já que o músico esteve por aqui em uma extensa turnê bem na época das eleições presidenciais e fez duras críticas ao então candidato e hoje presidente da república, Jair Bolsonaro.