A Tropicália deixou um legado para a música brasileira que se repercute até hoje. Seja a antropofagia defendida, sejam os consagrados artistas ou até mesmo as atemporais letras, essa foi uma das mais importantes fases da história da música nacional.
O movimento, que data do final dos anos 60, presenteou a cultura brasileira com canções incríveis que são citadas como inspirações até para os mais atuais nomes da nossa música. Um desses nomes é a incrível IZA, que conquistou o pop brasileiro com seu talento inquestionável em seu álbum de estreia Dona de Mim.
Recentemente, IZA se juntou a Caetano Veloso, uma das figuras mais prestigiadas da nossa música, para uma nova versão do clássico “Divino Maravilhoso“. A canção, que ganhou notoriedade na voz de Gal Costa no final de 1968, é um dos marcos do movimento tropicalista.
“É preciso estar atento e forte”
“Divino Maravilhoso” é uma composição feita em parceria entre Gilberto Gil e Caetano. No entanto, a música não integrou o épico Tropicalia ou Panis et Circencis. No fim de 1968, Caetano sugeriu que Gal Costa interpretasse a canção no Festival da Música Popular Brasileira, da TV Record. O arranjo feito por Gil para a apresentação combinou com a ideia que Gal tinha para a música: uma canção explosiva.
Apesar de não ter levado a melhor no festival, o impacto da apresentação foi enorme. No ano seguinte, Gal gravou a música como uma das faixas do seu álbum homônimo de estreia. O sucesso foi certo, e fez com que “Divino Maravilhoso” fosse eternizada em sua voz.
Em termos históricos, o Brasil vivia a ditadura militar. Por sinal, a imposição do AI-5 foi exatamente um mês após a épica apresentação de Gal na Record. A canção, apesar de não ter sido censurada pelo regime, conta com uma letra forte que exalta a proatividade e ilustra o perigo que era se viver naqueles tempos.
IZA e Caetano, ao regravarem a música com uma pegada mais pop, evidenciam a atemporalidade da letra.
Confira o resultado final no clipe do player abaixo. Aproveite para comparar com a versão original: