Adam Lazzara ficou nostálgico ao falar conosco sobre os 20 anos de Taking Back Sunday

Prestes a tocar no Brasil pela segunda vez em 20 anos de carreira, vocalista do Taking Back Sunday divide histórias sobre a jornada da banda até o momento.

Adam Lazzara, do Taking Back Sunday
Foto: Wikimedia Commons

O Taking Back Sunday, veterano do ‘Emo anos 2000’ que estourou ao redor do mundo durante a década com músicas que hoje são verdadeiros clássicos do gênero como “Make Damn Sure”, “Cute Without The ‘E’ (Cut From The Team)” e “A Decade Under The Influence” estará de volta à América do Sul nessa semana para uma sequência de shows pelo nosso continente.

Essa será a segunda turnê do grupo de New Jersey (EUA) no Brasil – a banda passou por aqui em meados de 2012 para promover o disco homônimo Taking Back Sunday e fez somente dois shows, um no Rio e outro em São Paulo.

Dessa vez, o TBS traz a sua turnê comemorativa de 20 anos de banda somente para a capital paulista, onde tocará o seu primeiro disco Tell All Your Friends na íntegra, além de uma série de sons dos seus demais álbuns no próximo domingo, 17 de Março no Fabrique Club. A banda está atualmente promovendo Twentyuma coletânea Greatest Hits com todos os sucessos da carreira e após o show em São Paulo, os norte americanos ainda passarão pela Costa Rica, Chile e Argentina.

A turnê é uma produção da Powerline Music & Books e a data de São Paulo ainda conta com abertura do quarteto paulistano Raça, expoente do indie rock atual.

Para esquentar os ânimos para o show do próximo domingo, conversamos com o vocalista Adam Lazzara por telefone sobre os 20 anos à frente do Taking Back Sunday, os melhores momentos da carreira da banda e próximos passos rumo ao futuro. Confira a conversa na íntegra abaixo.

TMDQA: Já são vinte anos como vocalista do Taking Back Sunday. Duas décadas da sua vida completamente dedicadas a essa banda. Você se sente nostálgico em relação ao passado de algum jeito? Existe um período desse tempo que você gostaria de viver de novo ou aproveitar uma segunda chance para fazer as coisas de forma diferente?

Adam: Bom, eu acho que eu não faria nada de forma diferente, porque se eu tivesse, não estaríamos onde estamos agora. Mas tenho que dizer que enquanto estávamos nos preparando para essa turnê, ou enquanto escolhíamos as músicas que entrariam para o lançamento desse álbum [Twenty], certamente o sentimento de nostalgia surgiu bastante em vários momentos. O fato é que revisitar todas as músicas que gravamos ao longo desses anos traz à tona lembranças de coisas que vivemos na época em que elas foram escritas, onde estávamos em nossas vidas, esse tipo de coisa.

TMDQA: Falando sobre a escolha das músicas que entraram para esse disco ‘Greatest Hits’, quão difícil foi fechar a lista das favoritas no final?

Adam: Nós fazemos as coisas de forma muito democrática, mas a princípio achávamos que não seriam todos que concordariam na composição lista. Mas o que aconteceu foi, cada um de nós fez a sua lista individual, e quando nos juntamos para compará-las, percebemos que todas eram muito similares. Então no fim foi muito mais fácil do que parecia. Uma ou outra música ficou de fora, e cada um escreveu uma defesa em algumas linhas para justificar a escolha das suas favoritas, o que acabou gerando um pequeno debate, mas no fim todos ficaram satisfeitos.

TMDQA: Também tem duas músicas inéditas nessa compilação (“All Ready To Go”, “A Song For Dan”). Elas farão parte do próximo disco? Caso façam, são uma indicação do tipo de som que vocês pretendem perseguir agora?

Adam: Nessas três últimas semanas nós começamos a bater ideias novas uns com os outros sobre novas músicas, ainda não sei o que vai rolar. “All Ready To Go”, “A Song For Dan”, essas músicas são coisas separadas. São parte do Twenty e do nosso set ao vivo durante as turnês, mas não entrarão no próximo lançamento. Sobre o som do próximo disco, eu não sei dizer ainda, nós fazemos tudo como um grupo, então não dá pra prever o que vai acontecer ou como as músicas soarão quando todos estiverem juntos, mas estou empolgado para descobrir.

TMDQA: Quais são dois grandes momentos que em retrospectiva vêm imediatamente à sua mente quando para para relembrar a história do TBS?

Adam: Wow, são tantos que é difícil escolher só dois. É engraçado ouvir você me perguntar isso porque vêm incontáveis lembranças na minha mente. Mas se são só dois vamos lá: um é de quando nós estávamos bem no inicio, começando a viajar em turnê, e era a primeira vez que estávamos indo de van para a costa Oeste. Eu acho que estávamos no meio do estado de Washington, ou Oregon. Era talvez umas 2h da manhã, parcialmente nevando, estávamos dirigindo pelo meio das montanhas e foi uma das coisas mais bonitas que eu já vi na vida. Todos estavam sem palavras para o que estava acontecendo na nossa frente, aquela paisagem, e o fato de que estávamos todos juntos viajando para tocar as nossas músicas. Foi um sentimento incrível que dividimos juntos.

Quanto a outro momentos que se destacou na nossa carreira, de conquistas da banda, lembro de quando abrimos os shows do Green Day em Milton Keynes (Inglaterra), que depois eles acabaram lançando em DVD…

TMDQA: O Bullet In A Bible né? Parecia gigantesco…

Adam: Esse mesmo. Foram dois dias de shows para 65.000 pessoas. Os shows mais surreais que já tocamos. Tinham tantas pessoas lá que nem parecia ser realidade. Também lembro bastante da época em que nosso segundo disco saiu [Where You Want To Be, lançado em 2004] estávamos tocando na Warped Tour e havíamos acabado de receber a notícia de que ele havia atingido a posição de número 1 nos rankings da Billboard. Era uma sensação de descrédito entre todos porque ninguém acreditava que algo assim pudesse acontecer, parecia impossível. Considero uma grande realização da nossa banda esse momento.

TMDQA: Vocês estiveram no Brasil em 2012 pela primeira vez para tocar 2 shows somente. O que você lembra daquela primeira experiência?

Adam: Foi ótimo para nós só por conseguirmos nos apresentar tão longe de casa e ver pessoas que conheciam a nossa banda, ou apresentar as músicas a novos públicos. Me lembro de tentar me comunicar em português sem muito sucesso [risos].

TMDQA: Vocês decidiram tocar o Tell All Your Friends do começo ao fim nessa turnê. Vocês também lançaram uma versão acústica do disco em uma turnê que celebrava os 10 anos desde o seu lançamento, lá em 2013. Você acha que esse é o disco definitivo do TBS, ou existem outros lançamentos dos quais você se orgulha mais?

Adam: É, eu não acho que o Tell All Your Friends seja o disco definitivo do Taking Back Sunday. Eu considero que o Tidal Wave seja uma representação melhor de onde estamos agora e de qual é o nosso tipo de som. A razão pela qual nós escolhemos tocar o TAYF completo é porque esse foi o álbum que deu o início a essa jornada incrível para nós. Nós percebemos só que nós não tivemos ainda a chance de levar essa turnê desse disco ao resto do mundo antes, por isso o estamos fazendo agora só.

TMDQANo início, você originalmente era o baixista do TBS. Como foi a transição para o posto de vocalista? Você se lembra do seu primeiro dia no trabalho? Quais foram as primeiras impressões?

Adam: É, eu tocava baixo! O vocalista original da banda saiu, ou foi tirado da banda, não me lembro agora. Aí o Eddie, nosso guitarrista, virou pra mim e disse: “você vai cantar agora”. Eu estava empolgado com a oportunidade mas um pouco assustado ao mesmo tempo. Eu nunca havia só cantado para as pessoas antes. Na minha primeira banda do ensino médio eu só cantava, mas em todas as outras eu toquei um instrumento também, guitarra ou baixo. Então a sensação era empolgante e igualmente assustadora.

Eu lembro dos nossos primeiros shows, eu só ficava encarando o nosso baterista [Mark] o tempo inteiro porque eu estava muito nervoso com a situação total. Com o tempo eu fiquei bem acostumado.

TMDQA: Muitas pessoas que hoje em dia estão entre os seus 20 e 30 anos de idade (como esse que vos fala) olham com bastante carinho para a era do “Emo dos anos 2000” e consideram bandas como vocês, My Chemical Romance, Fall Out Boy, Paramore, Jimmy Eat World e muitos outros nomes com um status de lendas do gênero nos dias de hoje. Vocês se veem como veteranos lendários dessa cena atualmente? Quão importante foi participar desse contexto maior nas décadas passadas? 

Adam: Eu realmente não nos vejo da forma como você nos descreveu, mas agradeço pelas palavras gentis [risos]. Nós nunca ativamente tentamos moldar um certo som ou visual ou nada disso, nós só tentávamos escrever as melhores músicas que podíamos, e enquanto crescemos como pessoas o som foi evoluindo com a gente. Nós somos algumas das pessoas mais sortudas que você jamais vai conhecer, porque nós temos a chance de nos expressarmos através da música.

Nós nunca pensamos muito em ser parte de uma cena específica, porque quando começamos as turnês não havia muitas bandas que soavam ou que se pareciam como a gente. Nós tocávamos com bandas do Metal, do Punk, ou de gêneros que ficavam entre os dois. Ao mesmo tempo eu me sinto muito honrado por estar na mesma categoria de bandas como o Jimmy Eat World, eles são uma das minhas favoritas.

TMDQA: Eu tenho acompanhado o TBS praticamente desde o início e sou fã de vários lançamentos, mas particularmente acho que o álbum acústico Live From Orensanz que você lançaram em 2010 é um destaque na discografia. Existem planos futuros para uma nova edição de shows acústicos com reinterpretações das suas músicas mais recentes? Esse lado acústico tem aflorado mais nos seus últimos lançamentos de estúdio. 

Adam: Eu gostaria muito de fazer isso de novo, aquela foi uma época muito divertida, me lembro de quanto estávamos montando esse show. Lembro que estávamos re-imaginando como mudar os arranjos das músicas e transformá-las em algo totalmente novo, trabalhando com alguns produtores novos para isso, essa foi uma das melhores partes dessa experiência. Respondendo a sua pergunta: eu realmente gostaria de fazer algo assim novamente.

TMDQA: Acho que a música “Carpathia” foi uma das que mais mudaram, falando sobre arranjos. A versão daquele show ficou até melhor que a original de estúdio na minha opinião.

Adam: Eu concordo 100% com você. Nós queríamos que essa versão fosse mais sutil, já que a original é muito direta em seu movimento. Nós imaginamos que tirar a energia original dela e diminuir o ritmo deixaria o clima mais introspectivo, se relacionando assim com o conteúdo da letra. Essa foi a direção que seguimos e o tipo de pensamento que trouxemos para várias canções desse show.

TMDQA: Infelizmente nós só temos tempo para mais uma pergunta, então eu gostaria de saber se você tem mais discos que amigos, e entre eles, quais são os que você mais tem ouvido ultimamente?

Adam: Você quer saber sobre os meus favoritos atualmente? Eu tenho revisitado a discografia do Tom Petty [& The Heartbreakers] ultimamente, e o Damn The Torpedoes têm sido uma constante, toca no repeat tanto na minha casa quanto no meu carro, então fico com esse.

TMDQA: Adam, se quiser, pode aproveitar para deixar uma mensagem para os fãs brasileiros do Taking Back Sunday também.

Adam: Queria agradecer muito por vocês tornarem realidade a possibilidade de nós viajarmos para tocar aí, muito obrigado por fazerem parte dessa jornada conosco.

TMDQA: Muito obrigado, foi uma honra poder falar com você, mal posso esperar pelo show.

Adam: A honra é toda nossa cara, nos vemos lá.


***

Confira abaixo o serviço para o show em São Paulo, que já está com o seu 1º lote de ingressos esgotado. Ouça também Twenty, a coletânea com os melhores singles e sucessos da carreira do Taking Back Sunday ao fim dessa matéria.

Ingressos:

  • 2º lote R$130 (Meia entrada / Estudante / Promocional*)
  • Camarote 1º lote R$180 (Meia entrada / Estudante / Promocional*)
  • Camarote 2º lote R$200 (Meia entrada / Estudante / Promocional*)
    *(Promocional para não estudantes, doando 1 quilo de alimento não perecível)

Censura: 16 anos

Online: Pixelticket
Venda física sem taxa (somente em dinheiro) na Loja 255 na Galeria do Rock.

Taking Back Sunday no Brasil