Música

Exclusivo: o renascimento corrosivo do Ema Stoned em 'Phenomena'

O segundo álbum do grupo foi registrado em sessões de improviso livre, e foi criado em parceria com os guitarristas Makoto Kawabatae Douglas Leal.

Ema Stoned - Phenomena
Foto: Oswaldo Corneti

Um choque intergaláctico entre universos distintos, distantes mas surpreendentemente complementares. Assim pode-se resumir Phenomena, o segundo álbum do Ema Stoned que sai hoje (14) no Bandcamp oficial da banda, antecipando o lançamento nas demais plataformas digitais marcado para o próximo dia 22 pelo selo PWR Records.

Depois de estrear com o excelente Gema (2013), o Ema Stoned deu breves indícios que buscava voos mais livres no que viria ser o segundo disco do grupo. Poucos, no entanto, poderiam prever o que estava por vir.

Desde o início, a banda teve formação fluida. A base sempre foi a mesma: a baterista Jéssica Fulganio, a baixista Elke Lamers e a guitarrista Alessandra Duarte. Quando possível, contavam com o reforço da guitarrista Sabine Holler, que ajudou a fundar a banda mas mora no exterior e nem sempre podia dar as caras.

Assim, o grupo testava, entre as idas e vindas de Sabine, as diferentes possibilidades sonoras — fosse como um power trio clássico, mais cru e impactante, fosse com as texturas extras de guitarras quando tinham a presença de Sabine.

No entanto, em Phenomena, conhecemos o grupo pela primeira (e talvez única) vez como quinteto. Com a saída de Sabine, o Ema Stoned apresentou uma nova proposta conceitual para a criação do segundo disco: uma longa sessão de improviso com dois reforços imponentes na guitarras — o mago japonês Makoto Kawabata, guitarrista do Acid Mothers Temple, e Douglas Leal, e mente insana por trás do DEAF KIDS e que aqui incorpora Yantra, pseudônimo de seu projeto solo.

O resultado é quase 1h20 de fricção sonora entre o post-rock, o noise e a experimentação livre, divido em seis partes batizadas simplesmente de “Act I” a “Act VI”. A terceira parte, “Act III”, foi escolhida como single do álbum, e ganhou videoclipe que também estreia hoje:

Musicalmente, a nova formação da banda oferece evidentes camadas extras de intensidade, e o quinteto não se acanha com o infinito de possibilidades que uma jam livre pode oferecer. Pelo contrário; ao longo do álbum, o conjunto soa plenamente à vontade. É como se tudo estivesse previamente ensaiado, até mesmo ao longo dos 28 minutos (!) do transe tenso de “Act II”.

O disco foi gravado em São Paulo no fim de 2017, quando Kawabata veio ao Brasil para tocar com o Acid Mothers Temple, e ganhou masterização de Andy Jackson, que há mais de quatro décadas trabalha em projetos ligados ao Pink Floyd e trabalhos solo de David Gilmour. A produção musical foi da baterista Jéssica Fulganio, que além de assinar a impactante identidade visual de Phenomena, se despede do Ema Stoned com o lançamento do novo álbum para se dedicar a outros projetos.

Mais uma vez, o futuro parece aberto para o Ema Stoned. Mas Phenomena é prova que a renovação faz muito bem ao grupo, e tudo parece possível nos caminhos que vêm a seguir.

Ouça Phenomena abaixo no Bandcamp oficial do Ema Stoned, mas lembre-se que o disco chega às demais plataformas de streaming no dia 22/03, quando também ganha versão “álbum visual” com material produzido pelo Capitão Ahab, que há alguns anos remixa vídeos e animações para criar videoclipes de artistas independentes.