Música

No Dia do Saci (e não das Bruxas), Luiza Lian lançou clipe simbólico para "Iarinhas"; assista

Inspirada em sua infância e encantada pelo poder da água, a cantora Luiza Lian visita uma versão jovem de si mesmo no clipe de "Iarinhas".

Clipe de "Iarinhas" (Luiza Lian)
Foto: Reprodução / Youtube

O ser humano soterrou águas para se fixar, para construir. Afinal, historicamente, o ser humano, com sua mania de dominar tudo, nunca suportou a fluidez do mar. Seria isso ambição ou inveja?

Não foi apenas o mar que sofreu com isso. A lenda de Iara, conhecida personagem do folclore brasileiro, diz respeito a uma índia guerreira que matou seus irmãos em defesa própria. Seus irmãos queriam matá-la por pura inveja. Invejavam que a irmã era a melhor guerreira.

Em decorrência da morte deles, seu pai, pajé da tribo, castigou Iara jogando-a no encontro dos rios Negro e Solimões. Lá, os peixes a transformaram em uma bela sereia, com o poder de cegar pessoas. Iara, conhecida também como Mãe d’Água, representa uma força mágica da natureza.

Foi essa a inspiração principal para a canção “Iarinhas“, de Luiza Lian. A faixa integra seu mais recente disco, o ótimo Azul Moderno. A faixa, talvez mais do que as outras do disco, tem um significado muito pessoal para Luiza.

 

“Essa rua tem o nome de um rio que a cidade sufocou”

Desde bem pequena, a cantora tem fascínio pelas águas e sua fluidez. Isso incluía desde brincar com barquinhos de papel em poças d’água até certa “admiração” por enchentes. “Minha grande meta de vida era fazer a minha mãe construir um barquinho do meu tamanho, pra eu poder navegar também, protegida da chuva, pelas águas da cidade”, comenta Luiza.

A composição da faixa começou a ser feita na Rua Iquiririm, um rio que acabou sendo soterrado pela cidade de São Paulo. Foi daí que surgiu a frase “Essa rua tem o nome de um rio que a cidade sufocou”, que é repetida várias vezes no início. A letra enfatiza a força d’água, que não tem limites ou fronteiras que a prendam, por mais que o ser humano tente inúmeras vezes superá-la. “A vontade do rio de voltar às vezes sacode de algum lugar”, diz a letra de “Iarinhas”.

A música ganhou um clipe que ilustra bem essa história, graças à direção de Pedro Serrano. O vídeo, literalmente banhado em azul, segue a identidade de seu mais recente disco. “O tema se faz mais do que atual e acredito que inserimos ele dentro de uma narrativa cativante e visualmente poética”, comenta o diretor.

 

Dia do Saci

O clipe foi lançado na última quinta (31). Se para muitos a data é conhecida como o tradicional Dia das Bruxas, Luiza seguiu um caminho diferente para a divulgação do vídeo.

No dia 31 de Outubro comemora-se também o Dia do Saci, comemoração criada a partir de um projeto de lei federal no início do milênio. O objetivo é resgatar a identidade do folclore brasileiro, como uma contraposição ao Halloween (comemoração que vem da tradição celta).

Exalta-se figuras como o Saci-pererê, Iara, Curupira e várias outras. De acordo com o Projeto de Lei nª 2.479, de 2003:

Instituir o ‘Dia do Saci’ representa oferecer à sociedade um instrumento de valorização da cultura popular como elemento fundamental na constituição da identidade brasileira. Por meio da previsão anual da comemoração da data, na forma de eventos culturais e atividades festivas, as iniciativas propõem o resgate e a valorização de nossas tradições e manifestações folclóricas originais.

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