Como retrato do tensão política tão densa em nosso país, o grupo Armada lançou o EP intitulado Ditadura Assassina.
Composto pelas canções “Nas Trincheiras” e “A Rua de Trás”, o novo trabalho marca o posicionamento da banda como reflexo da onda de retrocesso histórico alavancado por grupos conservadores nos últimos anos no país.
Com o punk rock em sua forma mais latente, as músicas afirmam a crueldade que a ditadura militar foi, de acordo com o vocalista Henrike Baliú:
‘A Rua de Trás’ é uma música sobre ser criado no Brasil dos anos de chumbo e faz um paralelo com os dias atuais. ‘Nas Trincheiras’ é a estória em primeira pessoa de um jovem soldado enviado para lutar na guerra, onde perde a inocência da juventude e testemunha os horrores que o homem comete contra seus similares.
O EP também é acompanhado de uma forte identidade visual, cuja arte é assinada pelo ilustrador brasiliense Paulo Rocker. Ao misturar a estética em quadrinhos com referências que remetem aos tempos de exceção no país, a capa é uma releitura de uma fotografia que estampou os jornais na época.
Além da arte da capa, há também outra imagem com os integrantes da Armada apresentados em fichas que lembram as do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), que aparecem em documentos vetados pela censura. “É uma vergonha ver figuras políticas louvando torturadores e pedindo a volta do AI-5. É triste ver uma parte da população pedir intervenção militar no Brasil”, enfatiza Henrike.
A dobradinha você pode ouvir abaixo, junto com as ilustrações de Paulo.