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Resenha: <b>The XX - XX</b>

Leia resenha do disco do <b>The XX</b>, lançado no Brasil via <b>Lab344</b>.

The XX - XX

The XX - XX

Resenha por Gilvan Tessari, do sempre interessante Sinestesia

“XX” foi lançado no Brasil via Lab344

Visconde de Taubaté tira férias às vezes. Explico. Num dia desta semana que acaba o Tony, do MaisDiscosDoQueAmigos, me mostrou o CD do The XX, apresentação esta acompanhada de um discurso sobre o hype que envolve a banda. Pensei em NME e gente que gosta(ou) de Oasis e que acha(ou) que eles eram uma banda relevante. Respirei fundo, descartei uma mala inteira de preconceitos. E gostei.

Os timbres do XX remetem ao início da carreira do New Order. O baixista obviamente se inspira nas palhetadas de Peter Hook e em seus fraseados que adoram roubar a cena da guitarra. Os teclados estão na mesma veia, assim como a percussão oscilando entre eletrônica e orgânica. Os vocais, em geral duetos sussurados de menino + menina com mais aparições da menina, deixam uma impressão meio Peter, Paul and John, e eu espero que eu não enjoe do XX tão cedo quanto enjoei de PP&J.

O álbum de estréia dos moleques é uma boa pedida para a discotecagem intra-veículo a caminho de uma festinha descolada nestes dias cinzentos de meia-estação. É fechar os olhos e imaginar que, ao fim da viagem, tu desembarcarás na Factory como ela seria hoje se não tivesse desaparecido da face da Terra. Ou não.

“Infinity” tem uma guitarra carregada de eco e trêmolo, e você pensa que o Chris Isaak sairá entoando seu hino dor-de-cotovelo a qualquer momento. “VCR” presta aquela homenagem compulsória aos anos oitenta a qual toda banda hype atual se sente obrigada. Mas é legal. Você vai se divertir e ninguém vai caçoar de você. Você vai ser hype, my friend!

Os bonitos fraseados de “Night Time” te distrairão das letras, que, diabos, estão todas no encarte simples mas fartos, e talvez isto nem importe, e a melodia acabará falando mais alto para você. Os garotos bebem de duas fontes. De um lado, o indie-rock de quando isto era um conceito mais palpável, ou seja, da era Factory/Rough Trade. De outro, o dream pop que foi derivado a partir do início dos anos noventa. “Shelter” tem um vocal feminino que remete esquisitamente a Sarah MacLachlan; acreditem, funciona bem com a guitarra desolada. “Basic Space” é safadinha e sacolejante, estou dançando na cadeira.

Grata surpresa, The XX fica em algum lugar entre Mew, Gentle Touch e White Lies, considerando a constelação de influências. Melancólica semi-dançante para dias cinzas ou ensolarados de meia-estação, uma coisa meio Faithless. Isso. Escuta.