Música

Operation Ivy e a lendária banda Punk celebrada por Hayley Williams em seus vídeos

Influente, punk, e ligada ao Green Day: conheça o Operation Ivy, grupo estampado em blusa que Hayley Williams (Paramore) não larga de jeito nenhum.

Hayley Williams com a blusa do Operation Ivy
Hayley Williams com a blusa do Operation Ivy

Há quem diga (e eu concordo completamente, caro leitor) que uma das maiores homenagens que podemos fazer a artistas e bandas é usando camisetas com suas referências estampadas.

Pois Hayley Williams (Paramore) tem feito isso com frequência nos vídeos que vem lançando para divulgar sua carreira solo e o projeto Petals For Armor.

Em mais de uma ocasião, ela aparece com uma blusa da icônica banda Operation Ivy, e isso voltou a acontecer recentemente no vídeo de “Sugar On The Rim”, que mostra cenas de bastidores do seu processo de composição.

Afinal de contas, quem é o Op Ivy?

 

Operation Ivy

A banda norte-americana foi fundada em Berkeley, na Califórnia, e é um daqueles casos em que teve pouquíssimo tempo de atividade mas entrou para a história com a importância de poucos.

Existindo entre 1987 e 1989, o quarteto lançou um EP chamado Hectic e um disco chamado Energy, respectivamente em 88 e 89.

Em 1991, já após o fim da banda, a Lookout! Records disponibilizou um disco chamado Operation Ivy que tinha as faixas de Energy somadas às de Hectic e canções escritas para a coletânea Turn It Around.

É agora, falando da Lookout!, que começamos a traçar paralelos importantes na carreira do grupo, inclusive.

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Lookout! Records

A Lookout! também foi fundada em 1987 e teve um papel importantíssimo para divulgar o Punk Rock da Bay Area, região que tem como ícone a cidade de San Francisco.

Ao final dos Anos 80 e início dos Anos 90, o selo teve muito sucesso no underground e foi responsável por trazer ao mundo registros de bandas como Crimpshrine, Isocracy, Pinhead Gunpowder e… Green Day.

Foi pela Lookout! que a banda liderada por Billie Joe Armstrong lançou seus primeiros EPs e seus primeiros dois discos, tornando-se uma das atrações mais requisitadas da região e descolando um contrato com uma grande gravadora (que resultaria em Dookie) por conta de Kerplunk!, lançado entre o final de 1991 e início de 1992 pela Lookout!

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Ska, Punk, Green Day e Questões Sociais

A sonoridade do Operation Ivy não era parecida com a do Green Day, que mergulhava mais em questões pessoais, mas tinha um apelo entre a juventude da época e o grupo era visto  como o mais importante da cena enquanto existiu.

Como bem mostra o pôster abaixo, quando fez seu último show, os caras inclusive eram maiores que a banda que eventualmente ficou mais conhecida e apareceu no finalzinho do cartaz.

Aliás, não dá pra falar sobre essa cena toda sem mencionar a 924 Gilman St., casa de shows que existe até hoje e onde tudo é coletivo, contando com ações das mais progressistas em relação aos artistas que tocam por lá e à forma como tudo é conduzido.

Foi lá que aconteceu a última performance e foi lá que o Green Day passou a ter cada vez mais visibilidade. Procure saber.

Cartaz do último show do Operation Ivy

O próprio Green Day regravou a canção “Knowledge”, que usa até hoje para chamar um fã ao palco para tocar guitarra e lhe entregar o instrumento como presente.

Além disso, a capa do disco 39/Smooth, primeiro do trio verde, tem artes feitas por Jesse Michaels, vocalista do Op Ivy.

Sua banda navegava entre o Ska e o Punk, e as letras falavam de aspectos sociais, políticos e pessoais de uma juventude que novamente estava farta do que via nas grandes mídias.

Com shows enérgicos conhecidos por “lavarem a alma”, a banda se tornou uma das mais importantes da cena Punk californiana que pulsava na Bay Area, mas infelizmente não durou muito tempo.

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Fim e Surgimento do Rancid

Operation Ivy - Energy

Discussões internas e questões entre os integrantes fizeram com que a banda implodisse justamente quando começou a, literalmente, pegar a estrada.

“Muita atenção acabou nos destruindo”, diz a letra de “Journey To The End Of The East Bay”, lançada pelo Rancid em 1995 e essa música não é apenas um relato de fora, mas sim uma “autobiografia”.

Explico: o guitarrista do Operation Ivy era Tim Armstrong e seu baixista, Matt Freeman. Quando a banda acabou, eles formaram o Rancid e o grupo se tornou um dos mais influentes do Punk Rock em todos os tempos, inclusive atingindo sucesso comercial.

Essa canção, por exemplo, está em …And Out Come The Wolves, disco lançado em 1995 que ao lado de bandas como Bad Religion, The Offspring e o próprio Green Day, ajudou a recolocar o Punk de volta nas grandes rádios dos EUA e do mundo todo.

Tendo sido fundada em 1991, a banda que já veio ao Brasil para tocar no festival Lollapalooza existe até hoje e, à época, convidou o baterista Brett Reed para acompanhá-los em uma nova sonoridade mais suja e “de rua” do que a banda onde estavam Tim e Matt.

Após o lançamento do primeiro álbum, Rancid (1993), o guitarrista Lars Fredriksen se juntou ao barco e a formação clássica estava pronta para lançar grandes álbuns e viajar pelo mundo.

Hoje, o grupo é formado por Tim, Matt, Lars e o baterista Branden Steineckert, que substituiu Brett em 2006.

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Nome e Influência

O nome da banda foi inspirado justamente na “Operation Ivy”, ou “Operação Ivy”, que consistiu em testes nucleares conduzidos pelos Estados Unidos em 1992 com duas bombas atômicas detonadas no Oceano Pacífico.

Com energia similar, o grupo Punk passou a influenciar diversas gerações e não à toa é lembrado até hoje, tanto pelo Green Day em suas performances de “Knowledge” quando por Hayley Williams, que celebrando o Punk com o Paramore de uma forma completamente diferente e em uma época distante dos lançamentos da banda, mostra que música boa é eterna e não tem limites de tempo nem duração.

Ainda bem.