#TBTMDQA: "Crazy In Love", o ponto de partida para a incrível carreira solo de Beyoncé

Covers inusitadas, clipe com carro pegando fogo, sample dos anos 70 e muito mais. Falamos sobre o primeiro capítulo da carreira solo de sucessos de Beyoncé.

Clipe de "Crazy In Love" (Beyoncé)
Foto: Reprodução / Youtube

O ano é 2003 e o pop está sendo remodelado a partir de hits de novos artistas. O casamento entre o R&B e o hip hop criou uma estética que resultaria na maioria dos hits da época. Desse momento, algumas pérolas musicais envelheceram muito bem, ao ponto de se tornarem “highlights” de qualquer festa.

Se não estivermos enganados, até hoje não foi criada uma música melhor para desfilar em uma pista do que “Crazy In Love“. A canção é uma parceria entre Beyoncé e Jay-Z e foi lançada em 2003 como o primeiro single do disco Dangerously in Love, a aclamada estreia solo da cantora.

Separamos algumas curiosidades sobre a produção e o legado desse hit pop atemporal. Afaste os móveis de perto e venha conferir!

 

O início de um sonho / Deu tudo certo

O sucesso da Destiny’s Child, grupo do qual a Queen B fazia parte, já colocava a cantora como grande aposta da música contemporânea, mas alguns chegaram a duvidar se ela se daria bem afastada do grupo. Erraram feio!

O caminho para ao sucesso, no entanto, não foi tão óbvio assim. Isso porque o primeiro single solo da cantora após o hiato do grupo sequer conseguiu entrar na Billboard Hot 100. Trata-se de “Work It Out“, composta e lançada em 2002 para a trilha sonora do filme “Austin Powers em O Homem do Membro de Ouro”. Por sinal, a própria Bey participa do filme, interpretando a personagem Foxxy Cleopatra. Apesar de ser uma música boa, ela teve seu sucesso apagado por outros hits lançados na época.

No final das contas, a cantora ganhou a atenção que merecia com o lançamento de Dangerously in Love no ano seguinte. Além de “Crazy In Love”, o disco também conta com sucessos como “Baby Boy“, “Naughty Girl“, “Me, Myself and I” e mais.

 

De onde vieram esses metais majestosos?

Esperamos que você esteja sentada(a) ao ler isso, porque, caso contrário, você pode cair. Sentou? Ok, então lá vai: a consagradíssima linha de metais da música não é algo original da canção.

Talvez isso seja até uma informação previsível diante de uma cada vez mais presente cultura de samples na indústria fonográfica. Mas de onde veio o tal arranjo maravilhoso que consagrou a música?

O nome da canção é “Are You My Woman (Tell Me So)” e flerta com R&B, soul e até conga. Foi lançada pelo grupo de Illinois The Chi-Lites no fim do ano de 1970, como principal single do disco I Like Your Lovin’ (Do You Like Mine?). Na época de lançamento, a música não teve uma repercussão tão impressionante, chegando à 72ª posição nas paradas norte-americanas. A impressão que fica é a de que o produtor Rich Harrison fez uma boa leitura ao imaginar que o riff poderia desencadear uma onda pop, aproveitando ao máximo seu potencial “upbeat”.

 

O clipe

Em entrevista para a MTV na época de divulgação da música, Beyoncé falou sobre o clipe de “Crazy In Love”. A cantora explicou o conceito:

[O vídeo] celebra a evolução de uma mulher. É sobre uma garota que está no auge de um relacionamento. Ela percebe que está apaixonada. Ela está fazendo coisas que normalmente não faria, mas ela não está se importante. Nada importa, porque ela está loucamente apaixonada.

O cenário urbano do vídeo conversa com a cultura do hip hop enquanto as coreografias chicletes influenciaram o pop de toda uma geração. No mais, o protagonismo de Beyoncé nesse clipe abriu as portas para a imagem de “deusa fotogênica” à qual ela é associada. Não à toa, o vídeo faturou três prêmios no VMA de 2003!

 

A fórmula “Beyoncé + Jay-Z”

A não ser que viva em uma caverna, provavelmente você já deve saber que Beyoncé e Jay-Z formam o casal mais poderoso da indústria da música norte-americana. Acontece que o casal já tinha certa relação antes mesmo de “Crazy In Love”.

Em 2002, quando começaram a se relacionar, foi lançada “’03 Bonnie & Clyde“, a primeira colaboração da dupla e um dos singles principais do disco The Blueprint 2: The Gift & The Curse. A faixa também aparece nas versões europeia, latino-americana e australiana de Dangerously In Love. Desde então, Jay está sempre inserido em algum momento nos discos da cantora, o que deu origens a outras parcerias de sucesso como “Déjà Vu” (2006), “Drunk In Love” (2013) e “APESHIT” (2018).

O relacionamento do casal, no entanto, se tornou público apenas em 2008, semanas após o casamento. Isso, de acordo com a cantora, foi benéfico para a imagem pública de cada um.

 

A melhor música do milênio?

Ok, estamos em 2020 ainda e é cedo para afirmar algo, mas podemos ter certeza de que “Crazy In Love”, pelo menos até o presente momento, é uma das canções de maior impacto lançadas desde a virada do milênio.

A canção apareceu na primeira posição na lista “As 100 Melhores Músicas dos Anos 2000”, publicada pela NME em 2012. O hit apareceu à frente de nomes como The White Stripes, Rihanna, OutKast e muitos outros. De maneira mais ousada, a Rolling Stone fez, em 2018, uma lista das “Melhores Músicas do Século” até o momento. Bom, adivinha quem apareceu no topo.

 

Que isso, Bey? Cadê as Destiny’s Child?

Até o início de 2003, Beyoncé era conhecida por ser a principal integrante do Destiny’s Child, grupo que também contava com Michelle Williams e Kelly Rowland. O trio tinha até o momento três discos lançados (sendo a estreia como um quinteto) e vários hits nas rádios.

Para muitos, pode ter ficado a impressão de que Beyoncé “largou” as colegas para a carreira solo, mas a história não foi bem assim. Com o grupo ainda ativo, as outras duas participantes do grupo divulgaram suas estreias solos em 2002, um ano após o popular Survivor. Michelle lançou Heart to Yours em Abril, enquanto Kelly lançou Simply Deep em Outubro.

Kelly, por sinal, já havia conquistado o topo das paradas enquanto uma artista solo meses antes do seu primeiro disco. Em Julho, a cantora fez participação especial no então novo single do cantor Nelly, intitulado “Dilemma“.

 

Queridinha de filmes, séries e comerciais

“Crazy In Love” não é apenas um fenômeno de crítica. É também um sucesso de público por incontáveis motivos. A atmosfera dançante, recheada de R&B, soul e funk, fez com que a faixa fosse trilha sonora de incontáveis momentos em filmes e séries.

A lista é longa e contempla obras como The Office, “As Branquelas“, “Taxi“, “Bridget Jones: No Limite da Razão” e até mesmo em uma das temporadas de Malhação. A canção também já fez parte de comerciais e até de videogames. Isso é o que podemos chamar de uma música “onipresente”.

 

Outras versões

E é claro que o legado cultural de “Crazy In Love” rendeu diversas covers ao longo dos últimos anos.

Dentre os artistas que já homenagearam o hit de Beyoncé e Jay-Z estão David Byrne, The Magic Numbers, Sofia Karlberg, The Baseballs, Snow Patrol e mais. Até o brasileiro Jão não se rendeu e já tocou uma versão mais intimista da música em seus shows.

Uma versão que também merece atenção é a que integra a trilha sonora do filme “O Grande Gatsby“, de 2013. Em arranjos que misturas de polka e jazz, a releitura de Emeli Sandé & The Bryan Ferry Orchestra é inusitadamente incrível.