A crise causada pelo Coronavírus certamente está durando mais do que muita gente esperava, e a indústria da música continua uma das mais impactadas pela pandemia.
Até o momento, os eventos estão suspensos em boa parte do mundo — incluindo o Reino Unido, onde “amadores” estão proibidos de se apresentar e qualquer tipo de show precisa de aprovação prévia do governo e esta só é concedida em circunstâncias bastante específicas.
Por isso, o cirurgião otorrinolaringologista e tenor nas horas vagas Declan Costello resolveu conduzir um estudo que pode ter impactos bastante relevantes para qualquer músico do mundo e o The Guardian contou em detalhes sobre esse projeto.
Colocando 25 cantores profissionais e 15 músicos que tocam instrumentos de sopro em um ambiente controlado, ele pede para que todos façam suas performances em uma espécie de funil que irá analisar o número e tamanho das gotículas e partículas de aerosol que serão dispersadas por eles.
A partir daí, Costello e seus colegas irão comparar esses números com os que são produzidos durante atividades normais — como falar e tossir — para avaliar se é possível ou não retomar a música de maneira segura e também entender se, de fato, os relatos de que corais teriam causado grande disseminação da COVID-19 em países como Coreia do Sul e Holanda mais cedo neste ano.
Coronavírus e a música
Declan afirma, justamente, que a ideia não é garantir um resultado positivo. Muito pelo contrário: ele garante que os estudos serão “inteiramente objetivos” e que a retomada das atividades musicais só deve acontecer de forma completamente segura. Em suas próprias palavras:
Eu mesmo adoraria demais poder voltar a cantar, mas de maneira segura. Os resultados desse estudo serão inteiramente objetivos e o processo de revisão dos colegas significa que tudo está aberto. Ainda que eu ficaria triste se o canto se tornar ainda mais proibido, é o meu dever ter certeza de que os resultados são os mais transparentes possíveis. Se cantar acabar sendo algo perigoso, nós precisamos saber.
O otimismo de Costello é cauteloso, mas ele reforça que até o momento o governo tem agido de forma “bastante precavida” pois não há qualquer estudo científico na área:
No momento, o governo tem tido que operar baseado em princípios bastante precavidos. Nenhuma ciência de fato foi feita nessa área. Eles viram essas aglomerações nos corais no começo da pandemia, e, como experts em saúde pública, era obviamente o dever deles ter certeza de que nada daquilo era replicado em outros lugares. Então eles sentiram que deveriam proibir o canto. Tentar persuadi-los de tirar essa proibição do canto será determinado pelo que a ciência nos contar.
A boa notícia é que o estudo em questão deve ser conduzido de forma bastante rápida, e a previsão é de que as descobertas sejam divulgadas em algumas semanas. Vamos torcer por boas notícias!