The Selecter, Pauline Black e uma história incrível de diversidade e revolução musical

Para muitos a banda mais influente do Ska, o The Selecter tem uma história incrível que envolve questões sociais, diversidade e revolução musical. Conheça!

The Selecter em 1980

Se você curte Ska, certamente já ouviu falar do The Selecter. E se esse não é o caso, você precisa tirar esse atraso urgentemente.

A banda tem uma história fantástica que se relaciona intimamente ao movimento 2 Tone, em referência à gravadora de mesmo nome que popularizou o gênero nos anos 80.

Formado em 1979, o grupo teve em sua formação inicial Arthur “Gaps” HendricksonPauline Black como seus vocalistas, Neol Davies Compton Amanor na guitarra, Desmond Brown no órgão Hammond, Charley “H” Bembridge na bateria e Charley Anderson no baixo.

Foi com essa formação que eles lançaram o disco seminal Too Much Pressure em 1980, o qual abriga os maiores sucessos do Selecter como a inesquecível “On My Radio”.

The Selecter e Pauline Black

Se você está ouvindo a música pela primeira vez, é natural que perceba logo de cara algumas das características que definiram o som do Selecter como único. E tudo isso vem por um grande motivo: a diversidade.

Na época, o grupo era um dos poucos mistos tanto racialmente quanto sexualmente, e a influência disso no som é gritante. Em “On My Radio”, talvez isso até fique um pouco menos escancarado já que se trata de uma canção que praticamente engloba a definição de dicionário do que é o Ska.

Em “Missing Words”, no entanto, é impossível não perceber a influência do Punk.

O Reggae ainda estava presente nas canções do Selecter, que também devem muito de seu sucesso à voz de Pauline Black. Depois do lançamento de Celebrate the Bullet (1981) abraçar algumas influências do New Wave e torná-los uma banda ainda mais curiosa, o fim chegou de forma precoce e abriu caminho para uma carreira prolífica de Black.

A mulher teve participações em filmes, TV e peças — nesta última categoria, aliás, foi premiada por ser papel como Billie Holliday em All or Nothing at All. Eventualmente ela seria a pessoa que tomaria a frente para reformar o The Selecter, o fazendo em diversas ocasiões; a mais recente em 2010 ao lado de Arthur Hendrickson, reeditando os duetos que marcaram época.

É importantíssimo ressaltar como a diversidade impactou os temas líricos abordados pelo The Selecter. Questões sociais, como o sexismo e o racismo, eram e continuam sendo recorrentes em qualquer obra que leve esse nome; “They Make Me Mad” é um ótimo exemplo disso.

A faixa do disco de estreia traz o que parece ser uma reflexão sobre a liberdade conseguida tanto pelos negros quanto pelas mulheres, iniciando com uma espécie de celebração por esta até que as afirmações vão se transformando em questionamentos quanto à extensão desta liberdade.

Influência e The Selecter nos dias atuais

Independente de conhecer a obra do Selecter ou não, basta ouvir alguns segundos para perceber como a influência do grupo é gigante. O nome que mais obviamente vem à mente é o No Doubt, com quem eles chegaram a fazer turnê conjunta em 1997.

Pauline Black abriu caminho para mulheres como a própria Gwen Stefani, além do fato de Neol Davies — responsável por compor a maioria dos hits — ter ganhado status de lenda na cena britânica e eventualmente até colaborado com outros músicos incríveis como Ronnie Wood (Rolling Stones) e o The Specials, outro nome inesquecível da 2 Tone.

É claro que a diversidade promovida por eles também quebrou inúmeras barreiras na música e inspirou a formação de grupos como o The Interrupters, que hoje é possivelmente o grande nome do Ska no mundo.

Ainda assim, o Selecter segue extremamente vivo sob o comando de Pauline Black. O disco Daylight, lançado em 2017, mostra que ela e “Gaps” ainda têm muito a oferecer juntamente aos novos músicos que os acompanham.

Se ainda há alguma dúvida, confira o vídeo a seguir e fique bobo com todo o poder da música do The Selecter após tantos anos.