Como te contamos por aqui, o retorno das atividades da NBA em meio a toda a situação complexa do mundo foi condicionada a uma coisa: a necessidade de chamar atenção para causas sociais, como o movimento Black Lives Matter e as eleições que ocorrem em Novembro nos EUA.
Liderada por astros como LeBron James, a liga tem deixado sua mensagem bem clara e isso é simbolizado pelo ato de ajoelhar durante a execução do hino norte-americano, algo que gerou muita polêmica por ser enxergado por alguns — como o atual presidente Donald Trump — como um ato de desrespeito ao país.
Em entrevista ao Fox & Friends (via ESPN), Trump afirmou:
Quando eu vejo as pessoas se ajoelhando durante a execução [do hino] e desrespeitando a nossa bandeira e hino nacional, o que eu faço pessoalmente é desligar o jogo. Eu acho que é vergonhoso. Nós trabalhamos com [a NBA], nós trabalhamos com eles muito duro para ajudá-los a reabrir. Eu estava fazendo esforços para que eles reabrissem. Aí eu vejo todo mundo se ajoelhando durante o hino. Isso não é aceitável para mim. Quando eu os vejo ajoelhando durante o jogo, eu só desligo o jogo. Eu não tenho interesse no jogo. Deixe eu te falar, um monte de gente por aí, também.
Após a partida entre Los Angeles Lakers e Oklahoma City Thunder, LeBron respondeu perguntas sobre essa declaração do mandatário e não mostrou muita importância com a perda da audiência de Trump. Ele falou brevemente sobre o presidente, e aproveitou a oportunidade para abordar temas mais relevantes:
Eu realmente não acho que a comunidade do basquete está triste de perder a audiência dele, ele assistindo ao jogo. E é tudo que tenho a dizer. Eu já sei para onde isso pode ir, onde isso pode me levar amanhã. Não vou falar sobre.
Eu acho que o nosso jogo está em uma bela posição e nós temos fãs ao redor do mundo e os nossos fãs não apenas amam a forma como jogamos o jogo — nós tentamos retribui-los com o nosso compromisso com o jogo — mas também respeitam o que mais nós tentamos trazer ao jogo e reconhecem isso, o que é certo e o que é errado. E eu espero que todo mundo, não importa a raça, não importa a cor, não importa o tamanho, veja que tipo de liderança nós temos no comando do nosso país e entenda que Novembro está logo aí e é um grande momento para nós, americanos. Se continuarmos falando sobre ‘Queremos coisas melhores, queremos mudanças’, nós temos uma oportunidade de fazer isso. Mas o jogo segue sem o olhar dele. Eu posso sentar aqui e falar por todos nós que amam o jogo de basquete: [não] poderíamos nos importar menos.
NBA e o Black Lives Matter
O discurso de James, aliás, foi ecoado pelo técnico do principal rival dos Lakers. Doc Rivers, comandante do Los Angeles Clippers, falou mais cedo na quarta-feira:
Bom, perdemos um cara. Digo, e daí. Tipo mesmo, eu realmente nem ligo. Nós sabemos que a justiça está do nosso lado. Certo? E esse chapéu que eu estou usando [escrito ‘Vote’] é o que o nosso presidente está tentando nos fazer não fazer. O que eu acho que é tão vergonhoso quanto.
Vale lembrar que Trump chegou a dizer que a audiência do basquete e de outros esportes, como o baseball, estavam caindo nos últimos tempos — implicando que isso estaria relacionado aos posicionamentos sociais.
A verdade é que na última semana, a primeira da NBA na “bolha” em Orlando, na Flórida, a audiência bateu recordes. Os dois jogos exibidos na noite de reabertura da liga acumularam um público médio de 2,9 milhões de espectadores, 109% a mais do que a média de um jogo da NBA.
Os números ainda se repetiram em confrontos como o de Houston Rockets e Dallas Mavericks, na última sexta-feira (31), onde a audiência foi 15% maior do que em um jogo normal desta temporada 2019-20.