Ser famoso nunca foi o objetivo de David Bowie.
Mais do que isso, ele sequer entendia qual era a graça disso. Segundo um novo especial feito pela UCR, Bowie chegou até a dizer em 2003 que a única coisa que a fama dá é “um bom lugar em um restaurante” e que ficava “impressionado” com a maneira que a tratavam como a solução para todos os problemas.
É claro que esse tipo de problema não é algo que as pessoas normais têm. Logo, era natural que ele precisaria se encontrar com alguém que o entendesse para finalmente desabafar de vez sobre o assunto — e, em se tratando de fama, não havia ninguém melhor do que John Lennon para conversar em 1974.
Foi no fim daquele ano que os dois se encontraram em uma festa da atriz Elizabeth Taylor e, na mesma entrevista de 2003, David contou que estava em um momento em que entendia perfeitamente os problemas de administração e com empresários que fizeram os Beatles pararem de tocar juntos.
David Bowie, John Lennon e o surgimento de “Fame”
Em outro papo com o Independent mais à frente, Bowie relembrou que o papo rendeu e os dois passaram “infinitas horas falando sobre a fama, e como é não ter mais uma vida própria” e sobre o desejo de deixar de ser conhecido depois de finalmente atingir um objetivo de longa data como esse.
Era no mínimo natural que toda essa conversa virasse uma música e é claro que estamos falando de “Fame”. A canção que está no disco Young Americans completa 45 anos em 2020 e foi o resultado de uma sessão rápida e eficiente com as duas lendas da música no estúdio ao lado de Carlos Alomar, responsável pelo riff da faixa.
“Fame” foi um choque para todos os que acompanhavam a carreira de Bowie por sua sonoridade mais próxima ao Funk e R&B, mas o sucesso foi absurdo — aliás, foi a primeira canção do cara a atingir o primeiro lugar das paradas mundiais. Ainda assim, ficou marcada como um retrato sincero dos problemas com os quais duas das mentes mais brilhantes da arte lidavam diariamente.
Você pode relembrar essa histórica música logo abaixo e ver algumas falas do próprio Alomar em 2020 na matéria original da UCR (em inglês) por este link.