TMDQA! Entrevista: conheça o primeiro projeto do coletivo baiano SOPRO

O coletivo SOPRO foi criado por quatro bandas baianas e busca ajudar artistas independentes com registros audiovisuais de seus shows; saiba mais.

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Foto: Divulgação

Como diz Raul Seixas em Prelúdio: “sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha só. Mas sonho que se sonha junto é realidade”. Inspirados por essa canção, as bandas baianas Astralplane, Colibri, Flerte Flamingo e Tangolo Mangos criaram o coletivo SOPRO.

Nos últimos anos, os grupos se apresentaram juntos em diversos evento da cena soteropolitana. Essa proximidade entre os integrantes resultou em um desejo: fortalecer o coletivo. Os artistas independentes se esforçam cada vez mais para conseguir divulgar os seus trabalhos, então nada melhor do que unir forças para buscar um resultado positivo.

Em Março, pouco antes da pandemia do coronavírus, o coletivo realizou o seu primeiro evento, o festival Sopro: Som em Contexto, com a participação da Astral, Flerte e Tangolo. Uma das formas encontrada pelos artistas para esse apoio mútuo funcionar, foi a filmagem de algumas músicas de cada banda durante o evento, para depois serem disponibilizadas através de um vídeo único, levando o espectador a acessar em apenas um link as apresentações das três bandas presentes no festival.

Conversamos com Rodrigo Amorim, integrante da Astralplane, e ele contou mais sobre essa iniciativa, a importância do material audiovisual para as bandas, principalmente neste período de quarentena, e também sobre os planos futuros do SOPRO.

Confira abaixo o bate-papo na íntegra e o primeiro vídeo do coletivo:

TMDQA!: Rodrigo, essa iniciativa do SOPRO é muito massa! Me conta como surgiu a ideia para criar o coletivo.

Rodrigo Amorim: O SOPRO foi uma iniciativa de quatro bandas coligadas dessa cena atual soteropolitana. Nós já tínhamos essa sincronia de eventos, sempre tocamos juntos, frequentamos os mesmos lugares e sempre tínhamos aquela ideia de ‘vamos fortalecer o coletivo’ que é algo que a gente sabe que é importante. E é como Raul Seixas diz ‘o sonho que sonha só, é só um sonho. O sonho que se sonha junto é realidade’, então a gente leva essa frase para o resto da vida.

A ideia é justamente realizar um show filmado, para ter um material de divulgação que conte com um único link com uma música de cada banda, e que busca proporcionar para os grupos não só um crescimento, mas também uma oportunidade de mostrar seu trabalho. Porque nós sabemos que querendo ou não, o apelo visual ele acaba sendo mais efetivo do que escutar a canção, muitas vezes. E com isso, a gente consegue pegar o público da outra banda, consegue trazer um ritmo que talvez aquela pessoa não conheça, e ao mesmo tempo, conseguimos mostrar que existe uma unidade, não é uma parada solta, dissipada, cada um por si. Não, é o coletivo pelo coletivo.

TMDQA!: Como vocês enxergam a importância de ter esse registro audiovisual do trabalho de vocês e fazer a divulgação com esse único vídeo? 

Rodrigo Amorim: Hoje em dia o material audiovisual, na minha opinião, é algo que acaba chamando mais atenção até do que a própria canção em muitos momentos. É impressionante, às vezes a gente escuta uma música, gosta, e tomando como base a minha experiência, se eu gosto muito da música, eu vou procurar no YouTube para saber como é a performance daquela banda ao vivo. Eu acho que essa questão do audiovisual consegue transportar as pessoas para uma proximidade em relação a como aquela banda seria numa situação ao vivo. Então até pra contratantes, produtores, jornalistas, eu acho que o audiovisual é fundamental, é muito importante ter esse impacto visual, esse contato, ver quem tá tocando e fazendo aquela música.

Essa questão do SOPRO foi justamente pensando em ofertar para as bandas esse material de trabalho. Nós sabemos que é algo muito difícil, porque o meio independente carece de mais recursos financeiros, então às vezes você gravar uma live fica meio inviável, então a ideia do festival era fazer com que os custos provenientes da produção audiovisual sejam arcados pela receita adquirida das vendas dos ingressos. É meio que entregar um material que pode ser apresentado para curadorias, espaços, festivais. Então acreditamos muito nesse potencial e é algo que queremos levar para todas as edições do Sopro.

TMDQA!: Como citado por você, o foco principal da utilização desse material seria para a divulgação das bandas com produtores, curadores e jornalistas, mas acredito que com a pandemia, e a falta dos shows presenciais, o vídeo vai servir também para matar a saudade dos fãs né?

Rodrigo Amorim: Isso que você falou é um ponto fundamental. Estamos vivendo esse momento de ausência, carência de eventos, um momento grave, então acredito que esse registro audiovisual vai trazer exatamente isso, essa questão das pessoas conseguirem se conectar com os shows das bandas e também, num ponto de vista de, por exemplo, fãs que eventualmente não moram na Bahia e nunca tiveram a oportunidade de assistir essas bandas ao vivo. Rola até as lives, mas com essa abordagem mais show a galera que ainda não assistiu vai conseguir ter uma ideia, então acho que vai ser um contato interessante para o público ver realmente como a banda performa no ao vivo. E vai ser um momento bom pra matar a saudade. Seguramos bastante esse registro, ele foi feito em Março e só vai ser liberado agora em Outubro, então organizamos tudo bem certinho, pra tentar fazer com que ele saísse no momento certo e da melhor forma possível. Então eu acho que vai ser bem legal, ficamos muito felizes com o resultado.

TMDQA!: E agora quais são os planos futuros do SOPRO? Vocês pretendem convidar outros artistas também?

Rodrigo Amorim: A ideia era a gente ter eventos periódicos, infelizmente por conta da pandemia e toda essa crise que estamos vivendo não pode acontecer. Como a ideia surgiu há muito pouco tempo, não conseguimos nos estruturar para tentar propor algo nesse período, mas paralelo a isso, nós conversamos bastante sobre continuar, de ter outras edições, inclusive ter outras edições abraçando outros ritmos e gêneros.

Essa primeira edição foi Astral, Flerte e Tangolo por causa da proximidade mesmo, da relação que a gente já tem, mas a ideia é quebrar isso. Próxima edição já interagir a galera do rap, hip-hop, outras vertentes, conceitos e ideias pra ser esse lance de: no final das contas mesmo que você tenha propostas diferentes, no final de tudo tá todo mundo ali em prol de uma única coisa.