#TBTMDQA: De Sonic Youth a David Letterman, conheça curiosidades de "Everlong", do Foo Fighters

A letra de "Everlong", grande sucesso da banda Foo Fighters, traz em sua história um momento difícil na vida do vocalista Dave Grohl.

Clipe de "Everlong" (Foo Fighters)
Foto: Reprodução / Youtube

Há pouco tempo, fomos agraciados com Medicine At Midnight, o novíssimo disco do Foo Fighters. O material mostra o novo passo de uma das bandas de rock mais importantes da atualidade, dessa vez com um direcionamento mais dançante, mas sem deixar de lado os elementos que caracterizam toda a trajetória de mais de 25 anos de estrada.

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Ao longo de todos esse tempo, o grupo liderado por Dave Grohl lançou incontáveis hits que marcaram fases do rumo do rock ao longo das últimas décadas. Afinal, são 10 discos de estúdio, lugares de prestígio nas escalações de alguns dos maiores festivais do mundo e muita história para contar.

No #TBTMDQA de hoje, vamos voltar um pouco no tempo para relembrar “Everlong“, segundo single do álbum The Colour and the Shape (1997) e uma das mais emblemáticas canções da banda.

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Confira, logo após o vídeo, algumas curiosidades sobre esse mega hit!

 

Sonic Youth

Durante a produção do disco, Dave Grohl sentiu que faltava algo no material. Entre ensaios da banda em estúdio, o cantor fez uma linha que passou a entender como se fosse cópia de algo da banda Sonic Youth. Ele tomou isso como inspiração e desenvolveu, junto ao grupo, a estrutura da música que conhecemos e amamos hoje.

Por sinal, a tal canção que traça algumas similaridades com as linhas de guitarra iniciais de “Everlong” se chama “Schizophrenia“. É a faixa inicial do disco Sister, lançado pelo Sonic Youth em 1987.

 

O divórcio

Na época das festas de fim de ano de 1996, Dave ficou sem um lugar para morar por conta de um divórcio em andamento e achou abrigo no chão da casa de um amigo. Em uma das noites, ele escreveu a letra toda em cerca de 45 minutos.

Em entrevista à revista Kerrang! em 2006, o compositor falou sobre o significado da música:

Essa música é sobre uma garota pela qual me apaixonei. É basicamente sobre se sentir muito conectado a alguém, não apenas de forma física e espiritual, mas de forma a se sentir harmonizado quando canta.

Por final, sabemos que Dave é um cara que sabe depositar bem seus sentimentos nas músicas. “These Days“, “Waiting On a War“, “My Hero” e outras também revelam experiências pessoais do músico.

 

Momentos difíceis

A letra de “Everlong” nos apresenta a um eu-lírico desapontado com sua situação amorosa e que está entrando em um novo relacionamento. De fato, foi o que aconteceu com Dave naquele momento, já que ele se divorciava de Jennifer Youngblood (que o ajudou muito em relação à morte do ex-colega Kurt Cobain) e estava começando a se envolver com a musicista Louise Post (da banda Veruca Salt).

A letra descreve uma montanha de emoções de grande magnitude, destacando a intensidade e a ansiedade de um relacionamento. O romântico verso “breathe out, so I can breathe you in”, por exemplo, é um dos primeiros que vêm à memória dos fãs da banda.

 

Que que falam naquela ponte?

Que atire a primeira pedra aquele que nunca se questionou sobre o que é falado durante o break instrumental da canção. Logo após o segundo refrão, a música para e o que passa a chamar atenção é uma espécie de sussurro que continua até que os instrumentos voltem à ativa e desencadeiem no refrão final.

O trecho foi construído em cima de três canais de voz gravados e mixados por Grohl. O primeiro é apenas a leitura de um manual de instruções, enquanto o segundo é uma carta de amor. O terceiro (acreditem se quiser) é uma história sobre o pai de um dos técnicos de estúdio.

Ao que tudo indica, o que é dito pela voz baixa de Dave segue abaixo :

So Dad would take the Sundays off,
And that’s the only time he could ever get any rest,
And so, because we were loud on Sundays,
He’d make us hold his construction boots over our head, till he’d sleep
And they were really heavy boots
And I’d used to say dad come on please
And like start crying, cause they re too heavy.

 

O clipe

A adaptação audiovisual para a música foi dirigida pelo francês Michel Gondry, que manda muito bem quando o assunto é criar situações surreais. No vídeo, vemos personagens enfrentando uma aventura dentro de próprios sonhos, com direito a elementos inusitados como um telefone gigante e armas de madeira. Parte do clipe, por sinal, é uma paródia do filme de terror “A Noite dos Mortos-Vivos“.

Apesar de vermos o baterista Taylor Hawkins no vídeo, vale dizer que não foi ele que tocou a bateria na gravação, papel esse que foi desempenhado pelo próprio Dave Grohl. Taylor só veio a entrar oficialmente na banda pouco tempo após o lançamento de The Colour and the Shape.

O vídeo recebeu uma indicação à categoria Melhor Clipe de Rock do VMA de 1998, mas, assim como Dave Matthews Band e Metallica, o Foo Fighters perdeu para o clipe de “Pink”, do Aerosmith.

 

Ao vivasso

Se você já foi a algum show do Foo Fighters e eles não tocaram “Everlong”, você possivelmente estava sob algum efeito alucinógeno ou foi embora mais cedo do evento. Isso porque esta é simplesmente a canção mais tocada ao vivo pela banda.

De acordo com dados do setlist.fm, a faixa já foi tocada ao vivo mais de 1000 vezes até hoje. Logo atrás, são presenças quase certas nas apresentações canções como “Monkey Wrench” (967), “My Hero” (938), “This Is a Call” (874) e “Learn To Fly” (862).

 

A música favorita de David Letterman

O talentosíssimo e carismático apresentador norte-americano David Letterman nunca foi capaz de esconder seu amor pelo Foo Fighters. E a prova disso é que a banda se apresentou em seus programas “apenas” 24 vezes.

Um episódio que comprova isso com clareza aconteceu em 2000. Em Janeiro, Letterman precisou fazer uma cirurgia urgente no coração para reverter um problema em uma de suas artérias. Após ficar pouco mais de um mês afastado, ele convidou o Foo Fighters para tocar no seu programa de volta após a operação. Na ocasião, a banda tocou “Everlong” e foi introduzida pelo apresentador como “minha banda favorita, tocando minha música favorita”. Uma curiosidade a respeito disso é que, para atender ao pedido de Letterman, a banda teve que cancelar shows na América do Sul, o que incluiu apresentações no Brasil.

Não à toa, no programa de despedida do Late Show with David Letterman, realizado em 2015, lá estavam de novo os integrantes de seu grupo favorito. No episódio, ele também explicou a importância de “Everlong” durante sua recuperação. A performance, desta vez, contou com um compilado emocionante de imagens que mostram a trajetória televisiva do apresentador.

https://www.youtube.com/watch?v=vUKOtbVnV4M

 

Covers

Como toda música boa, “Everlong” já recebeu várias homenagens pelos artistas mais diversos.

As versões vão de uma gravação acústica do Boyce Avenue até um arranjo orquestral feito pelo Vitamin String Quartet para um álbum com temática matrimonial. No meio desse amplo espectro, há uma versão indie pop de COSBY e um sucinto piano-e-voz da interpretação de Richard Cheese. Até os brasileiros do Nossa Toca gravaram uma versão intimista para este grande hit.

Ah, e isso tudo sem citar uma gravação do icônico Rick Astley (de quem a banda gosta bastante, por sinal).