10 de Março de 2011: nessa data, Caetano Veloso estacionava seu carro no Leblon.
Até aí você pode imaginar que isso seria algo corriqueiro, já que o aclamado músico mora no Rio de Janeiro, mas o fato foi transformado em “matéria” e publicado no portal Terra, tornando-se um dos memes mais famosos da internet brasileira.
Muito disso se dá porque o próprio artista e suas equipes de redes sociais gostam de se lembrar da data e brincar com ela, principalmente falando sobre como algo tão simples acabou se tornando notícia com direito a uma foto de Caetano na rua.
Anos depois, a piada continuou sendo perpetuada através do canal Porta dos Fundos, que fez uma esquete protagonizada por Gregorio Duvivier e Evelyn Castro.
10 Anos de “Caetano Veloso Estaciona no Leblon”
Pois bem, uma década após a publicação, o jornalista Osmar Portilho compartilhou a sua experiência de redação como parte da equipe do Terra na época para explicar por que o texto foi ao ar:
Eu estava lá. Não no Leblon. Estava na redação no Terra, onde a notícia foi publicada em 10 de março de 2011. Era editor-assistente de Diversão, editoria do portal responsável pela cobertura de cinema, música, séries, televisão e…famosos.
Segundo ele, que jura que estava de folga no dia e não foi o autor da peça, a competição entre veículos de Internet era ferrenha principalmente no que dizia respeito às celebridades, e isso justificava uma corrida por notas quentes que mostrassem bastidores das vidas dos famosos:
Celebridades dão audiência até hoje, mas sinto que em 2011 a corrida por cliques em portais era ainda mais ferrenha. Estamos falando do auge do extinto site Ego e paparazzi trocando tapas nas praias do Rio e nos aeroportos da ponte-aérea.
Continuando seu relato no Splash, do UOL, Osmar cita que nem os próprios colegas sabiam ao certo quem havia escrito o texto e publicado a nota, mas recentemente uma “CPI” no seu Facebook acabou trazendo a pessoa responsável à tona:
Teu preconceito (e o meu também) vai te fazer pensar que era um estagiário ou um redator pouco qualificado. Mas não. Era uma talentosa jornalista com uma baita bagagem cultural.
Quem é o autor?
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No texto, Portilho afirma que a identidade irá permanecer secreta em seu texto, e ainda diz que “quantidade e velocidade significavam audiência”, o que fez com que tantos posts assim aparecessem em uma época em que as redes sociais ainda engatinhavam.
Em um momento, o jornalista chega a usar a expressão “pobre redator” para falar a respeito da rotina de quem trabalhava nos grandes portais de Internet e tinha que mostrar ao mundo o que as pessoas famosas estavam fazendo em suas horas vagas:
Famosos na praia, no aeroporto, na padaria, na farmácia, em qualquer lugar. Eram milhares de megabytes de imagens tremidas, sem foco com globais irritados ou guardando suas coisas na areia quando percebiam a presença dos fotógrafos.
E absolutamente tudo virava notícia. Cabia ao pobre redator pegar essas fotos e transformá-las em algo que rendesse um clique do leitor.
Nada mais natural que, no meio de uma jornada frenética, a criatividade não bater ao olhar um músico da MPB ao lado de um Kadett atravessando uma rua no Leblon.
Afinal o título não está errado.
Bom, como editor-chefe desse site que você lê agora mesmo, posso dizer e afirmar que obviamente não chegamos a esse extremo mas é um desafio diário fazer o balanço entre notas rápidas e que você sabe que darão audiência com textos complexos que levam dias (como as listas de discos do mês) e acabam sendo vistos por poucas pessoas.
Mas a gente segue! Por aqui já são 12 anos e a ideia não é parar tão cedo.
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