Lila lança o disco "Puérpera" para tratar o feminino como forma de cura; ouça

A cantora e compositora amapaense Lila disponibilizou nas plataformas digitais o seu primeiro disco cheio, "Puérpera", que fala sobre o sagrado feminino.

Lila
Crédito: Pepe Garcia

A cantora e compositora amapaense Lila disponibilizou nas plataformas digitais o seu primeiro disco cheio, Puérpera.

O álbum de nove faixas foi produzido por Diogo Strausz, conhecido por trabalhos com Alice Caymmi e BaianaSystem, e Tomás Tróia, responsável pelas produções de Duda Beat ao lado de Lux Ferreira.

Além de composições próprias, o disco traz uma parceria com a carioca Letícia Novaes, mais conhecida como Letrux, na faixa “Gira”. As duas escreveram a letra junto com Ana Lomelino, autora do texto declamado por Letrux na abertura.

Lançado após um longo período de reclusão desde a gestação do primeiro filho de Lila, o álbum conversa com temáticas reflexivas como o sagrado feminino e a concepção do que é ser mulher.

No disco, que chega acompanhado de uma zine digital, a cantora narra as transformações do corpo e da alma, esgotamento físico, tempestades emocionais e tabus. Ela também cita diversas formas de se conectar às experiências e ao saber das mulheres.

O TMDQA! bateu um papo com a artista para falar sobre o projeto e a carreira dela. Confira a seguir e ouça Puérpera logo depois:

TMDQA!: Quais foram as principais motivações para expor um lado tão pessoal em música?

Lila: A arte para mim é um lugar de expressão e, em muitos casos, de cura. A gravidez e a maternidade são vivências tão intensas que eu não tive escolha a não ser transformar todas as sensações, dificuldades e experiências em música. Me utilizei das canções para transmutar emoções e até conseguir entender melhor meus sentimentos. Fiz para me guiar, mas acredito que elas vão reverberar para além de mim.

TMDQA!: Como a pandemia afetou o direcionamento do seu trabalho no disco?

Lila: O disco já estava pronto no início da pandemia, mas a decisão de segurar o lançamento e o isolamento social na roça, me deram a oportunidade de aprofundar ainda mais os assuntos das músicas e fazer a obra visual que acompanha ele. O disco, mesmo pronto há mais de um ano, amadureceu dentro de mim e o contato íntimo com os ciclos da natureza por estar vivendo na roça ampliaram o seu significado e me inspiraram para construir as imagens poéticas da revista. A zine digital só existe por conta da pandemia.

TMDQA!: Quão importante foi ter as participações de produtores aclamados para transformar suas ideias em canções?

Lila: A feitura desse disco foi muito peculiar porque já estávamos trabalhando nele e fiquei grávida no meio do processo. Decidi então abandonar o álbum, que já estava pela metade, para começar um novo. Era impossível para mim falar de outra coisa e fazer outras músicas que não fossem sobre aquilo que eu estava vivendo. Diogo me propôs então de fazermos as bases antes e eu compor por cima delas para que não precisássemos parar para esperar as canções novas chegarem.

Eles então foram construindo a parte de beats, harmonias e instrumentos e fomos juntos direcionando os caminhos estéticos. Quando já tínhamos um esqueleto bom das produções, fui compondo as letras e melodias ao longo das experiências que eu estava vivendo. Diogo e Tomás e suas sensibilidades artísticas foram fundamentais para que respeitassem o longo e profundo processo que foi esse disco.