Envolvido em muitas polêmicas com música, política e outros assuntos recentemente, o atual líder dos Raimundos, Digão, participou recentemente do podcast À Deriva e falou sobre tudo isso.
Um dos assuntos mais comentados sobre o músico seria um possível apoio ao atual presidente Jair Bolsonaro, algo que é visto com maus olhos por muitas pessoas da comunidade do Rock. No papo, transcrito pelo Whiplash, ele explicou que nunca apoiou o político e deixou claro que essa percepção surgiu porque ele não faz “esse coro da galera ‘ele não'”:
Nunca apoiei Bolsonaro, velho. Nunca falei: ‘ah, eu sou Bolsonaro’. Meu problema com a esquerda vem muito antes de existir Bolsonaro. Fui saber do Bolsonaro quando estava para ganhar as eleições. Meu problema vem da época do ‘Lula-lá’.
É porque eu não faço esse coro da galera ‘ele não’. Porque a galera quer de volta a esquerda. Quer o Lula de volta. E eu não gosto, nunca gostei, sempre achei uma grande farsa. Acabou.
Ele ainda garantiu que não quer “foder com país só para fazer [seu] ego” e afirmou ter as melhores intenções para o Brasil, inclusive garantindo que, “se o Lula ganhar”, vai ficar em paz com a decisão desde que seja feita nas urnas.
Digão fala sobre cancelamento, Funk e Punk
Naturalmente, esse assunto se tornou conectado à música e o vocalista e guitarrista reclamou da “patrulha do cancelamento”, que segundo ele faz críticas às suas posições apenas por ele não se unir com a “esquerda” e também não enxerga o teor fantasioso das letras do Raimundos.
Nesse tema, Digão falou sobre como o Funk está fazendo algo que faz o Raimundos parecer “mirim” e como os artistas desse gênero, em sua visão, fazem tudo que falam nas músicas:
Por que o Funk está tão em voga? Porque eles tão cagando e andando. O Raimundos é mirim perto do Funk [risos]. O Raimundos é tipo: ‘entrei no trem, esporrei na manivela, cobrador filho da puta’. É meio que um filme do Rambo. É bom pra caralho, adoro ver Rambo, mas eu jamais faria aquilo, jamais pegaria uma arma e sairia metralhando como ele. É entretenimento, velho. É uma coisa pra você ver e não fazer. Raimundos é assim. Aquelas merdas que falamos são para você não fazer. Já no Funk, eles fazem aquilo mesmo.
Ao voltar a falar do Rock, o músico afirma que o gênero “tem que ser espontâneo” e que “não tem essa de que o Rock é de esquerda”, uma vez que ele deve ser “contra o esquema e esquerda é sistema”. Ele explica sua visão:
Se é pra ser fora, vamos ser contra o sistema. Os filhos da puta estão por tudo quanto é lado. Tem que cobrar todo mundo: a porra do Bolsonaro, a esquerda que quer entrar aí, e foda-se. Isso é algo que está fodendo o Rock e não é de hoje. A galera diz: ‘não, porque sou de esquerda’. E isso está desunindo o Rock, está enfraquecido.
Vale lembrar que o posicionamento de Digão foi duramente criticado por outros nomes da cena nacional, como Tico Santa Cruz (Detonautas) e Pe Lu (Restart), que participaram do Podcast TMDQA! e falaram sobre como o Rock atual está diferente do que eles consideram ideal.
Em sua fala, o músico dos Raimundos expressa a sua visão sobre tudo isso, inclusive sobre ser chamado de “roqueiro reaça”, afirmando basicamente que o Punk Rock não existe em países socialistas e defendendo seu direito de não ser rotulado:
O Rock é pra não ter rótulo ali e você está me rotulando? Eu tenho que andar com a camisa do Che Guevara, ser isso, ser aquilo… está errado. Qual país socialista tem banda de Punk Rock? Não tem, velho. Os caras lá são amordaçados. É sempre querer aquilo que não existe. É uma fantasia.
Você pode ler mais trechos dessa entrevista pelo Whiplash e, abaixo, conferir o vídeo dessa conversa.