Nascida às vésperas da Primeira Guerra Mundial, em 16 de junho de 1914, a francesa Colette Maze começou a tocar piano aos 5 anos. De lá para cá, ela, que hoje tem impressionantes 107, nunca parou e atualmente divulga seu 6º trabalho de estúdio.
Nem mesmo a pandemia afetou sua rotina de atividade que, junto com o senso de humor e otimismo, tem ajudado Colette a enfrentar o isolamento. Apesar da idade avançadíssima, ela mora sozinha em seu apartamento com vista para a Torre Eiffel.
Vinda de uma família conservadora de classe média-alta, a musicista que estudou na renomada Escola Normal de Música na capital parisiense diz que encontrou na música o carinho que lhe faltava em casa (via NPR):
Sempre preferi compositores que me transmitissem ternura, como [Robert] Schumann e [Claude] Debussy. A música é uma linguagem afetiva, uma linguagem poética. Na música há tudo — natureza, emoção, amor, revolta, sonhos; é como um alimento espiritual.
Para conseguir uma vaga no colégio, Colette fez teste com o diretor do conservatório, na época o lendário pianista e maestro suíço Alfred Cortot (1877-1962).
Durante sua iniciação musical, as mulheres precisavam encarar o piano como um passatempo, não uma profissão. Inclusive, a família da pianista não a encorajava a seguir carreira nem mesmo como professora de piano.
Colette Maze
Apesar dos percalços, Colette fez sua trajetória em instituições dedicadas ao ensino de música clássica, o que desagradou seus pais, que a isolaram ainda mais quando, aos 35 anos, Colette se tornou mãe solteira.
Em 1949, ela deu à luz seu único filho, o cineasta e também pianista Fabrice Maze, de 72 anos. Ele comenta que a mãe “lutou bravamente e o piano acabou servindo como fonte de equilíbrio”, já que ela estava vinculada a essa família burguesa tradicional.
Fabrice, aliás, foi fundamental para a elaboração do primeiro disco de Colette, lançado em 2004, quando a pianista já estava com 90 anos.
Ele e a mãe queriam deixar um registro dela não somente como pianista, mas também como a última aluna viva de Cortot. O mentor lhe ensinou uma técnica especial e “muito rara”, segundo Fabrice, com foco no relaxamento de braços e mãos.
Os segredos da longevidade
Colette pratica exercícios de ioga e ginástica para manter sua saúde mental e física, além de cuidar de suas mãos para permanecer com os dedos bons para o instrumento. Ela explica:
A juventude está dentro de nós. Se você aprecia o que é bonito ao seu redor, encontrará uma sensação maravilhosa. E a música é uma linguagem afetiva e poética na qual há tudo. Natureza, emoção, amor, revolta, sonhos… É como um alimento espiritual.
Quanta vitalidade!
O mais novo lançamento de Colette, que chegou em 2021, é Un Siècle avec Debussy, dedicado justamente à obra do compositor que ela tanto admira. O disco, no entanto, não está disponível em plataformas de streaming — mas, logo abaixo, você pode conferir 104 ans de piano, que foi lançado em 2018.