O posicionamento político de Tom Morello não é segredo para ninguém, mas até hoje o guitarrista famoso por bandas como Rage Against the Machine e Audioslave tem que lidar com fãs que “descobrem” a intenção por trás de diversas músicas.
No Brasil, até há uma “desculpa” para os que não querem entender ou não concordam com as mensagens de Tom: a barreira da linguagem. Questionado em coletiva de imprensa pelo TMDQA! se os constantes acessórios — como bonés do MST e camisetas ligadas à esquerda — usados em suas apresentações poderiam ser formas de superar isso, Tom disse:
Com certeza. Primeiramente, eu não tenho sido exatamente sutil com as mensagens nesses anos todos. Mas, sim, com certeza. Eu sempre pensei nos bonés que eu uso, nas camisetas que eu uso, no que está escrito na minha guitarra e atrás dela, como uma outra tela para a minha arte, para me expressar. E eu fui muito inspirado pelos situacionistas, do final dos Anos 60 e tudo mais, e [a ideia de que] qualquer canto de rua pode ser arte.
E, primeiro, uma música pode ser politizada sem qualquer letra se ela meio que desafiar as convenções musicais daquela época. E você pode fazer uma afirmação musical com o que está na parte de trás da sua guitarra, sem tocar uma única nota. Então, ter uma existência artística — não só como um guitarrista, mas como um artista que se encontra em palcos para expressar pontos de vista de diferentes formas e não apenas entreter um público, mas confrontá-lo com um ponto de vista que eles passam a ser obrigados a reconhecer como existente.
Em seguida, Morello completou com um discurso sobre a importância política de se fazer boa música:
As pessoas vão encontrar várias desculpas para não saber [do que as músicas falam], e elas fazem isso com frequência. Mas… eu não tenho um problema com isso. Porque eu acho que isso ilustra o poder da música, como o Rage Against the Machine por exemplo. É uma banda que tem fãs por todo o espectro político e é porque a música é tão atraente que você pode amá-la sem saber do que ela fala.
O que isso significa é que vai haver um grupo de fãs que são diametralmente opostos politicamente intencionalmente [fechando os ouvidos]. Mas isso também significa que não é só falar para quem já concorda com você. Você está falando com um grupo que nunca foi confrontado com essas ideias em músicas anteriormente! Você pode escolher concordar com elas, você pode se engrenhar com elas e ver o que você pensa sobre ou você pode ignorá-las, mas a música é tão do caramba que você está no mesmo quarto que ela, sabe? Você está no quarto com ela e você precisa lidar com isso de uma forma ou de outra.
Ao invés de só pegar uma aula de política e colocar uma batida em cima… isso não é atraente. Criar ótimo Rock and Roll, com conteúdo que é como um cavalo de Tróia, isso sim é atraente.
Tom Morello
O lendário guitarrista está prestes a lançar seu disco solo The Atlas Underground Fire, que conta com a participação de diversos grandes nomes de dentro e fora do Rock, como Bruce Springsteen, Eddie Vedder, Bring Me the Horizon, Phantogram, Damian Marley, Sama’ Abdulhadi e muito mais.
O álbum chega na íntegra no dia 15 de Outubro.