Música

Zander, Molho Negro, Scatolove e a arte de furar bolhas no Rock And Roll

Em seu novo disco, "Em Carne Viva", a banda Zander misturou o Punk Rock, o Hardcore e o Rock Alternativo com elementos do Pop.

Zander
Crédito da foto: Julia Magalhães (@jmag.photo)

Em 2021, a banda brasileira Zander lançou seu novo disco de estúdio, o ótimo Em Carne Viva.

Nele, mesmo que sem precisar falar obviamente e anunciar que estava caminhando por novos horizontes, ficou claro que o grupo tinha como um dos objetivos principais furar bolhas e expandir sua sonoridade tão conectada a estilos como Punk Rock e Hardcore.

É claro que esses elementos não poderiam simplesmente deixar de estar lá, e foi aí que a banda liderada pelo vocalista Gabriel Zander acertou em cheio: ao misturar suas raízes com novos traços, criou algumas das melhores canções da carreira e deu substância a um álbum que é uma verdadeira viagem pela boa música.

Zander e Scatolove

Um dos pontos altos de Em Carne Viva é a faixa “Decolagem, Pouso”, algo completamente diferente do que a banda fez em toda carreira.

Para fazer bonito quando abordou elementos mais populares, como um refrão grudento e melodias que se aproximam do Pop, o Zander pediu ajuda e convidou a dupla Scatolove.

Formada por Leo Ramos (Supercombo) e Isa Salles, a banda sabe unir alternativo e mainstream como poucas, escrevendo canções baseadas em diversos elementos da música independente somados a outros que irão grudar a música na sua cabeça.

Ao TMDQA!, Isa falou sobre como se deu o processo:

Eu acho que, querendo ou não, a gente apesar de ter um som um pouco mais voltado pro Pop no Scatolove, temos influências dessas bandas alternativas, então acho que começa daí a conversa.

Mas mesmo assim, eu lembro claramente que quando eu estava gravando, os meninos estavam super me incentivando a soltar a ‘diva louca Pop ali’, mandando melisma, e os vocais super melódicos e tal, e depois o Bil [Gabriel Zander] soube filtrar muito bem o que ele achava que encaixaria.

É óbvio que teve muita coisa que a gente fez, e ele soube muito bem escolher de um jeito que ficasse entre os dois mundos, sabe? E casou muito!

Leo Ramos também falou a respeito e exaltou essa mistura em declaração ao Tenho Mais Discos Que Amigos!:

Eu lembro que foi basicamente a gente meio que simplificar um pouco a letra né? Porque o Bil tinha uma ideia muita clara da música, praticamente uma letra pronta, e o que eu fiz foi tentar algo assim, ‘Pra gente deixar um pouco mais Pop, vamos reduzir um pouco a letra, a quantidade de palavras e tal? Vamos tentar simplificar e resumir um pouco.’

Além disso, fazer um refrãozão chiclete pra gente meio que conseguir ter um pouco de mais espaço de canto e menos que fala. A gente conseguir usar o fato de ter menos letra pra soltar mais a voz e fazer a galera cantar junto que acho que é um lance que o Bil queria muito quando veio atrás da gente com essa maravilha.

Molho Negro e o “Rockão”

E se a penúltima faixa do trabalho apresenta uma imersão pelo Pop, a que vem logo na sequência é um “rockão” digno dos Anos 70.

“Pela Janela” começa com uma música cantada pela filha de Gabriel Zander e uma guitarra que poderia estar em discos de bandas clássicas do Hard Rock, por exemplo.

Mais uma vez costurando e amarrando tudo de forma incrível, a banda conseguiu celebrar as pessoas próximas dela ao mesmo tempo em que teve João Lemos, do Molho Negro, como mais uma peça fundamental na engrenagem.

Ao falar sobre como tudo aconteceu, João disse ao TMDQA!:

Foi um processo quase de correspondência, eu tinha aquele arranjo do início da música guardado há um tempo, e durante uma pré produção em que eu estava no estúdio, mostrei pro Gabriel e pro Caique [baterista], e a gente montou um esqueleto na hora só pra registrar a ideia.

Ela só foi tomar forma final durante a gravação da banda no Sítio [onde o álbum foi gravado].

Com a letra foi bem parecido: eu escrevi alguns versos e mandei pro Gabriel, ele recortou, completou, mexeu aqui e ali e ficou com esse resultado. Olhando agora eu percebo que acaba sendo uma música que relata muitas conversas e caminhadas que a gente fez pelo bairro durante a pandemia.

Em Carne Viva é um álbum de Punk, de Hardcore, de Pop Rock, de Música Alternativa e de mensagens incríveis a respeito do mundo que nos cerca em 2021.

Recomendamos!