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Jack White reencontra paixão pela música no experimental e pesado "Fear of the Dawn"

Sem economizar na sua veia experimental, Jack White acerta em cheio ao unir peso e groove à sonoridade que o consagrou em "Fear of the Dawn". Veja resenha!

Jack White - Fear of the Dawn
Jack White – Fear of the Dawn

Quando lançou o single “Taking Me Back” no ano passado, Jack White nos deu uma pequena amostra do que seria o seu novo disco Fear of the Dawn.

A música chegou com algumas das guitarras mais pesadas que já ouvimos na carreira do guitarrista — incluindo todos os seus projetos, desde o The White Stripes até o The Raconteurs — e também apostou em uma veia experimental, com trechos trazendo dissonâncias, distorções e quebras de ritmo que mantêm o ouvinte sempre atento.

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A barulheira, no melhor sentido possível, continua durante todas as 12 faixas da obra que chegou na última sexta-feira (8) através da Third Man Records, gravadora do próprio Jack, como o primeiro de dois trabalhos de estúdio que White programou para este ano.

Como já te contamos por aqui, no próximo mês de Julho o músico deve liberar Entering Heaven Alive, que virá na contramão do que ouvimos agora. Se o novo disco passeia por subgêneros do Rock como Punk, Metal, Rock Psicodélico e mais, o material seguinte focará em uma sonoridade mais suave, priorizando o formato acústico.

Do experimentalismo ao peso

Todas essas influências citadas acima são absorvidas com maestria por Jack, que as transforma em sua sonoridade sempre tão única. Talvez o mais impressionante de tudo seja o fato de que, a essa altura de sua carreira, o músico ainda seja capaz de soar diferente mesmo lidando com a sina que é ter um estilo tão característico.

Em “The White Raven”, por exemplo, podemos ver inúmeros traços de tudo que consagrou o norte-americano no White Stripes. Ao mesmo tempo que evoca essa nostalgia para os fãs de seu passado, também traz elementos mais novos e sons experimentais que evidenciam a facilidade de Jack para transformar ideias simples em músicas complexas e elaboradas.

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Por outro lado, “Hi-De-Ho” traz um viés diferente ao convidar o rapper Q-Tip para interpretar uma faixa montada a partir de uma composição de Cab Calloway, músico americano de Jazz que faleceu em 1994. É aqui que percebemos que White está totalmente disposto a sair de sua zona de conforto — qualquer que seja ela.

Isso também fica evidente em “What’s the Trick?”, canção que resgata elementos do Punk e ao mesmo tempo, se fizermos o exercício de imaginá-la em uma versão desacelerada, remete imediatamente a trabalhos anteriores do guitarrista e vocalista, como os ótimos Lazaretto (2014) e Blunderbuss (2012).

Fear of the Dawn

O sentimento que permeia Fear of the Dawn, e também o que melhor resume a nova obra de Jack White, é a liberdade.

Novamente resgatando a prévia “Taking Me Back”, desde o começo foi possível perceber que o guitarrista vive sua fase mais livre, tanto figurativamente quanto literalmente; afinal de contas, ter seu próprio selo faz com que Jack não precise se preocupar com pressões comerciais e, ao invés disso, entregue um disco que tem a sua mais pura essência.

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Fear of the Dawn nos convida a fazer uma reflexão sobre quantos músicos não estão (ou estiveram) presos a amarras, sejam elas auto-impostas ou colocadas por gravadoras ou pelo mercado da música.

Uma faixa como “That Was Then, This Is Now” lembra o início do White Stripes, onde uma canção simples ganhava vida através da energia única de um dos grandes músicos deste século, e faz com que o próprio Jack White se reencontre com aquela paixão que fez com que ele seguisse esse caminho de vida — e que, honestamente, parecia estar se perdendo até ser resgatada com o ótimo novo álbum.

Que venha Entering Heaven Alive!