Se a vida começasse agora e o mundo fosse nosso outra vez e a gente não parasse mais de cantar, de sonhar…
A gente sabe que provavelmente você continuou a cantar, mesmo que só com a mente. Afinal, a música tema do Rock in Rio é representação não apenas de um dos maiores festivais do mundo: ouvi-la implica sonhos, nostalgia e uma parte simbólica da cultura brasileira de entretenimento.
Faltando apenas um mês para o início da grandiosa nova edição do evento, foi lançada, com exclusividade pelo Globoplay, a série Rock in Rio: A História. Em 5 capítulos, a produção conta de forma detalhada a trajetória do festival, desde sua concepção até o status alcançado hoje, passando por diversos desafios e momentos icônicos.
O TMDQA! foi convidado para presenciar a noite de estreia da série, que foi lançada em parceria com o Globoplay, o canal Multishow e a produtora Conspiração Filmes. Para além de um mero evento de lançamento, a noite, que contou com a presença de nomes como Lulu Santos, Fernanda Abreu, Pepeu Gomes e mais, foi uma celebração ao legado de um festival cuja história se confunde com os últimos 37 anos da cultura musical brasileira.
Em depoimento, o CEO Luis Justo falou um pouco sobre a intenção com essa série:
É um projeto ambicioso, que é contar um pouco da história do maior festival de musica e entretenimento brasileiro, mas que também é contar as nossas histórias. Temos artistas, executivos, fãs, fornecedores… (…) É a história do entretenimento do Brasil a partir de 37 anos.
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Os personagens
Ao longo dos anos, diversos materiais audiovisuais foram produzidos para explicar o fenômeno que é o Rock in Rio. No entanto, nenhum deles se compara a A História em termos de profundidade.
A série conta com depoimentos e lembranças de Roberto e Roberta Medina, Luis Justo, Zé Ricardo e mais algumas peças-chave na evolução do festival. Mas não fica só nisso, já que muitos artistas que subiram no palco do evento também deram as caras. Fernanda Abreu, Lellê, Anitta, Ivete Sangalo, Charles Gavin, Frejat e Ney Matogrosso são apenas alguns nomes do time de artistas que tiveram suas carreiras impulsionadas pelo Rock in Rio e contam isso para as câmeras.
Aqui, a produção foi além e conseguiu também o contato de artistas internacionais. Brian May (Queen), por exemplo, falou sobre ter vindo para a América do Sul sem a certeza de conseguir se apresentar no Brasil. Enquanto isso, os Black Eyed Peas falaram de seu amor pela cultura do país.
Algumas imagens de arquivo também mostram entrevistas e trechos emblemáticos de shows. Registros e falas de Cazuza, Freddie Mercury, dos integrantes do Guns N’ Roses e mais dão um tempero especial e nostálgico para a narrativa proposta pela série.
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Evolução
Um outro ponto muito interessante de se acompanhar ao longo de A História é a evolução do evento, tanto em termos de visibilidade quanto de estrutura.
Começamos em 1985, em um terreno que trouxe atritos entre Medina e o então governador do Rio, Leonel Brizola. Depois, vemos o Maracanã assumir a missão de se tornar a nova Cidade do Rock. Daí em diante, a cada edição, melhorias foram sendo feitas, de forma a transformar a marca Rock in Rio em um exemplo a ser seguido e ovacionado pelo mercado de shows.
A evolução também pode ser percebida em outras vertentes. Aos poucos, o evento passou a ser entendido não apenas como um festival de música, mas também como uma experiência completa e cada vez mais imersiva, quase que como um estilo de vida. Cada vez mais amplo, o Rock in Rio também passou a contemplar cada vez mais gêneros musicais, o que nos leva para o próximo tópico.
Contexto político
O timing da realização do primeiro Rock in Rio poderia soar confuso e não muito prático em um primeiro momento, já que era o tempo das primeiras eleições da época da redemocratização. Mas, felizmente, deu tudo certo, e nada mais poético do que um grande festival de música para anunciar que novos tempos estavam para chegar.
A série relembra a épica performance de “Pro Dia Nascer Feliz“, tocada pelo Barão Vermelho exatamente no dia em que Tancredo Neves foi eleito presidente, o primeiro após 20 anos de ditadura. Para alguns, Cazuza dizendo “Que o dia nasça feliz amanhã pra todo mundo!” durante a performance foi um dos momentos mais emocionantes já presenciados.
Manifestações políticas sempre estiveram presentes no Rock in Rio. Em 1991, por exemplo, artistas e o público trouxeram bandeiras pedindo por paz, em crítica à Guerra do Golfo. Também já tivemos, ao longo das edições, episódios críticos à violência policial no Brasil e, obviamente, à administração pública.
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Um retrato da diversidade musical
Errou quem achava que o festival foi feito apenas de acertos desde seu início. Como toda história de sucesso, o Rock in Rio foi encontrando o seu tom ao longo dos anos.
A relação com os pagantes foi um dos tópicos sensíveis a serem desenvolvidos, já que as primeiras edições tiveram momentos emblemáticos de revolta do público com artistas específicos (e vice-versa). Carlinhos Brown conta isso muito bem, relembrando de uma apresentação em que virou alvo de garrafas d’água. Lobão, que também aparece no vídeo, é outro que já foi vaiado, na edição de 1991.
Por sorte e estratégia, o Rock in Rio conseguiu sair do rótulo de “festival de rock”, sempre trazendo propostas cada vez mais amplas. A criação do Palco Sunset, já nos anos 2000, foi um marco para o evento ao trazer nomes menores e mais diversificados.
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Compromisso social
De encontro à promoção de outros gêneros musicais, o compromisso social do Rock in Rio passou a se tornar cada vez mais evidente. A História mostra como o festival passou a se tornar mais inclusivo.
A série foca mais especificamente na “chegada” do funk ao evento. Em um trecho de entrevista destacado, Anitta falou sobre a importância do funk ter chegado ao Palco Mundo na edição de 2019. Para o mesmo ano, a organização do Rock in Rio anunciou e deu vida ao Espaço Favela, que deu palco a muitos nomes promissores da nossa música que antes não teriam a oportunidade de se apresentar em um festival de mesmo naipe.
Pessoas moradoras de regiões periféricas deram depoimentos para a série, falando sobre terem pela primeira vez a oportunidade de presenciar o festival. Isso deve ser valorizado, já que é estímulo a uma maior pluralidade de pessoas, o sonho da maioria dos festivais.
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Dominação mundial
Medina conta que um publicitário português tinha o sonho de fazer o Rock in Rio acontecer em Lisboa. Pouco tempo depois, a primeira edição do festival fora do Brasil aconteceu e abriu novos horizontes. A Espanha também passou a ter uma versão para chamar de sua com o Rock in Rio Madrid. Pouco tempo depois, o evento chegou em Las Vegas.
Isso é mostrado na série de forma a mostrar o potencial do festival e como ele foi ganhando robustez com o passar do tempo. O resto é história (e certamente novos capítulos em novas localidades estão por vir).
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Momentos marcantes
Além das entrevistas, A História ilustra muito bem toda a grandiosidade do Rock in Rio através de trechos de diversos shows emblemáticos ao longo desses 37 anos. Afinal, quem não conhece a versão de “Love of My Live“, do Queen, em que a voz de Freddie Mercury basicamente se perde em meio ao coro de centenas de milhares de pessoas?
Um trecho da performance de “América do Sul” (Ney Matogrosso), primeira música a ser tocada na história do Rock in Rio, também ganha espaço relevante na série. Pabllo Vittar subindo ao palco de Fergie, Nick Oliveri (Queens of the Stone Age) tocando nu e muitos outros momentos estão presentes na série.
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https://www.youtube.com/watch?v=gblZ2drKK1M
Rock in Rio – A História
Os 5 episódios de Rock in Rio – A História, todos com duração aproximada de meia hora, estão disponíveis no Globoplay. Trata-se de um aquecimento para a nova edição do evento, que acontecerá nos dias 2, 3, 4, 8, 9, 10 e 11 de setembro, na Cidade do Rock, no Rio de Janeiro.