Se você estava online neste domingo (25) e acompanha música ou futebol americano, provavelmente viu que Rihanna será a atração principal do show do intervalo do Super Bowl LVII, que acontecerá em 2023.
Ainda que a internet tenha sido tomada por reações de pessoas comemorando não apenas o show em si, como também o retorno à música da cantora que virou mãe em 2022, os fãs de Rock e Metal voltaram a apontar uma suposta hipocrisia da NFL com seus gêneros preferidos.
Isso porque, dada esta confirmação, a última performance de algum grupo do gênero neste palco segue sendo a do Red Hot Chili Peppers em 2014 junto com Bruno Mars (ou a criticada performance do Maroon 5 em 2019, se você for bem generoso) ao mesmo tempo em que, nos estádios e intervalos comerciais, só se ouve Rock e Metal.
Um usuário do Twitter (via Loudwire) explica:
A NFL [só] toca músicas de Rock e Metal quando os jogadores entram no campo, quando mostram os melhores momentos de jogos, em comerciais que envolvem a NFL… A NFL [também só] escolhe uma artista [cuja] carreira é totalmente baseada em canções de términos de relacionamento para se apresentar no Super Bowl.
Outro, também na rede social, elabora um pouco mais:
Tudo que você ouve na maioria dos estádios da NFL durante os jogos é Hard Rock e Heavy Metal… mas quando se trata de Super Bowl, bandas como o Metallica nem sequer são consideradas. Por que isso acontece?
Por outro lado, outro post ironiza esses comentários que ficam pedindo “bandas de Rock de brancos idosos” no Super Bowl e justificando com o provável raciocínio por trás das escolhas.
Jay-Z assumiu produção de show do intervalo do Super Bowl após fiasco do Maroon 5
Ao dizer que “assistem a todos os jogos”, essas pessoas estão explicando por que a NFL escolhe artistas que atraem um novo público, que não costuma consumir o esporte, para assistir à partida mais importante do ano.
Outro grande motivo para a escolha de Rihanna é justamente o fato de que, desde 2020, o show do intervalo do Super Bowl é produzido pela Roc Nation, selo de Jay-Z. Não à toa, o primeiro espetáculo comandado por ele contou com Shakira e Jennifer Lopez, além de The Weeknd em 2021 e um “supergrupo” do Rap com Dr. Dre, Snoop Dogg, Eminem, Mary J. Blige e Kendrick Lamar em 2022.
Essa mudança aconteceu em grande parte por conta do fiasco que foi a performance do Maroon 5 em 2019, e também para aumentar a representatividade preta no palco do evento, já que os anos anteriores tiveram como atrações Coldplay (2016), Lady Gaga (2017) e Justin Timberlake (2018) enquanto a vasta maioria dos jogadores são negros.
James Hetfield já disse que Metallica não seria boa escolha para o Super Bowl
O curioso é que, independentemente de qualquer discussão na internet, o próprio James Hetfield já deixou claro que não enxerga o Metallica como uma boa opção para o show do Super Bowl.
Em 2016, como relembra o Metal Injection, o líder da maior banda de Rock/Metal do planeta e definitivamente a melhor candidata a assumir esse papel disse:
Eu não sei dançar, eu não consigo ficar pulando de um lado pro outro, eu não sou acrobata, eu não [sei fazer] um show completo assim, sabe? Nós somos artistas. Nós somos uma banda. Nós amamos tocar músicas. Nós não vamos voar pelo céu em uma estrelha brilhante com um unicórnio. Tem sido menos sobre a música, infelizmente, e mais sobre apenas o espetáculo. Quando nós tocamos no aniversário de 50 anos da NFL […] bem aqui na nossa cidade natal e eles não nos escolheram para isso… acho que esse teria sido o momento. Talvez o momento já tenha passado.
O futuro do Rock e Metal no Super Bowl
É difícil pensar em outro candidato que não seja o Metallica para assumir esse lugar neste momento. Talvez um show conjunto entre Ozzy Osbourne e Post Malone seria uma forma de unir mundos diferentes, mas passa longe de competir com o apelo de uma artista como Rihanna fazendo sua volta à música.
Mas a boa notícia é que cada vez mais temos tido artistas novos voltando ao Rock e trazendo uma nova cara para o gênero, como podemos perceber com jovens nomes como WILLOW e KennyHoopla.
Ainda é difícil imaginar que estes artistas atinjam a magnitude necessária para subir neste palco tão especial, mas tudo pode começar com uma participação algum dia e ir caminhando em uma direção onde finalmente será possível ver o Rock e o Metal de volta — por mais que, vale ressaltar, o Pop e o próprio Rap tenham abraçado cada vez mais as guitarras e o próprio show de The Weeknd seja um ótimo exemplo de como o Rock segue presente mesmo nessa era.
Por enquanto, quem estiver saudoso vai ter que se contentar em voltar às filmagens de arquivo para ver as passagens de gigantes como Paul McCartney, The Who e The Rolling Stones pelo Super Bowl.