Resenha: despedida de Milton Nascimento dos palcos é celebração à vida e lição sobre finitude

“Chegar e partir são só dois lados da mesma viagem / A hora do encontro é também despedida”. Com os lindos versos da música “Encontros e Despedidas”, Milton Nascimento disse adeus aos palcos de São Paulo, com a passagem da turnê A Última Sessão de Música.

Assim como todas as apresentações dessa verdadeira viagem musical, que passou por várias cidades brasileiras, pela Europa e os Estados Unidos, o show do último dia 1º na capital paulista foi carregado de emoção.

A despedida de Bituca foi cuidadosamente pensada para ser repleta de simbologia. Desde a canção que abre o espetáculo, “Ponta de Areia”, em que ele descreve o “ponto final da estrada natural”.

Nas primeiras músicas, Milton veste apenas uma túnica dourada, mostrando a cabeça raspada e a fragilidade de seu corpo, expondo a realidade nua e crua do envelhecimento. A partir da quarta canção, ele coloca sua tradicional boina, óculos escuros e brinca: “agora sou eu”.

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Show teve clássicos, participações especiais e ode à finitude

O show navega por toda a carreira de mais de 60 anos e 43 discos lançados de Milton Nascimento, com clássicos como “Cais”, “Tudo Que Você Podia Ser”, “Canção da América”, “Maria, Maria” e “Travessia”.

Com uma banda impecável, Bituca conta com o auxílio luxuoso de Simone e Zé Ibarra nos vocais. Mas se engana quem pensa que ele pouco canta: além de ainda demonstrar potência na voz, Milton também toca acordeon e interage com a plateia o tempo todo.

Foram 27 canções em pouco mais de duas horas de show, mas teria sido igualmente emocionante se Milton ficasse parado no palco, em silêncio. O tema central de toda a experiência é um só: a finitude da vida, e como ela pode ser leve e bela.