Ao que tudo indica, os morcegos e muitos vocalistas de Metal podem ter mais em comum do que imaginamos.
Um novo estudo na revista PLOS Biology (via NPR), aponta que, para os morcegos reproduzirem alguns dos sons de frequência mais baixa que a audição humana pode perceber, os animais utilizam a mesma técnica que os cantores de death metal usam para “rosnar”, relacionada à que cantores guturais do povo tuva, na Sibéria e na Mongólia, utilizam.
O principal pesquisador desse estudo, Coen Elemans, explicou:
Estávamos interessados em como os morcegos podem fazer todos esses sons diferentes. Eles fazem chamadas de baixa frequência e fazem chamadas de ecolocalização, que se estendem juntas, tipo, sete oitavas. E isso é realmente louco.
A maioria dos mamíferos faz de três a quatro oitavas – como os melhores cantores em termos de alcance vocal fazem cinco ou seis…
E acontece que todo morcego pode fazer sete.
Morcegos e vocalistas de Metal
Para analisarem o que acontece no trato vocal dos morcegos, Elemans e seus colegas da Universidade do Sul da Dinamarca usaram vídeo de ultra alta velocidade, filmando até um quarto de milhão de quadros por segundo. Elemans acrescentou:
Basicamente descobrimos que os morcegos fazem chamadas de ecolocalização usando membranas muito finas que se estendem das pregas vocais. Notamos que há outro conjunto de dobras logo acima dessas, e poderíamos fazê-las vibrar com muita facilidade, mas elas vibravam em frequências muito baixas.
Segundo o pesquisador, os humanos também possuem essas dobras, que são chamadas de “pregas vocais falsas” porque não têm função na fala normal. Sobre o resultado da voz dos cantores de Metal, Coen disse:
As falsas pregas vocais abaixam um pouco em direção às pregas vocais e, juntas, ficam muito mais pesadas e soltas e produzem muitos sons de frequência mais baixa. Mas também suas vibrações se tornam muito irregulares. E é isso que dá a qualidade áspera de vocais de death metal.
O NPR perguntou para alguns cantores de metal como é para eles produzirem sons de baixa frequência.
John Tardy, vocalista da banda de death metal Obituary, apontou que é algo que mexe com seu corpo inteiro e apesar de usar seu “abdômen até o peito e as pernas” o som exige mais da garganta e, por isso, o grunhido pode cobrar seu preço.
Já Chase Mason, vocalista do grupo Gatecreeper, enxerga a dor apenas como parte do processo. Ele explicou:
De uma maneira [masoquista] … acho que quando sinto que minhas cordas vocais estão sendo rasgadas ou espancadas, soa melhor. Você sabe, tipo, se há um gostinho de sangue no fundo da minha garganta, acho que estou fazendo um bom trabalho.
Sobre a semelhança com os sons gerados pelos morcegos, o músico achou interessante. Ele disse:
Sabe, muita gente vai comparar você com a voz de um urso ou algo assim, como um animal rosnando ou rugindo mesmo… Acho legal. É muito sombrio e gótico. A imagem de um morcego está sempre associada a coisas mais sombrias, como vampiros e outras coisas. Então, definitivamente faz sentido.
Confira abaixo músicas de Obituary e Gatecreeper para ver exemplos dessa técnica.