Måneskin fala sobre fascismo na Itália e diz que o “Rock de verdade” não precisa de sexo e drogas

Após lançar o novo disco "RUSH!", o Måneskin falou sobre a ascensão do fascismo na Itália e deu sua opinião sobre o que é "Rock de verdade". Veja.

Måneskin em 2023
Divulgação

Na última sexta-feira (20), o Måneskin lançou seu novo disco RUSH! e, para além da música, abriu discussões sobre seu lugar no cenário internacional.

A banda realmente se vê em uma posição bastante única. Vindo da Itália, um país que voltou a ser governado pela extrema-direita, o grupo afronta os costumes tradicionais sempre que pode, como quando realizou uma cerimônia de casamento para celebrar o lançamento do novo álbum.

Na ocasião, a baixista Victoria de Angelis e o baterista Ethan Torchio, ambos membros da comunidade LBGTQIA+, se beijaram enquanto o vocalista Damiano David e o guitarrista Thomas Raggi, ambos heterossexuais, fizeram o mesmo ao lado.

O caso chamou bastante atenção, é claro, mas é apenas um exemplo do que a banda vem apresentando há tempos. São diversos registros de Damiano e seus companheiros com roupas provocadoras e outros comportamentos considerados liberais, o que irrita a parcela mais conservadora em seu país natal.

Em uma entrevista recente ao The Guardian (via NME), os integrantes falaram sobre as críticas que recebem dessas pessoas, explicando que lidam constantemente com “roqueiros tradicionais e fascistas que nos odeiam com toda a força”.

David, aliás, falou que há uma teoria da conspiração que circula na Itália dizendo que eles estariam “sendo pagos para compartilhar a cultura gender-fluid“, ou gênero-fluido, quando não há uma demarcação binária (homem/mulher) para se referir a gêneros, fugindo de estereótipos perpetuados há décadas.

Måneskin diz que “Rock de verdade” não precisa de sexo e drogas

Na mesma entrevista, Damiano também aproveitou para dizer que não gosta de ser comparado com alguns dos maiores nomes do Rock e do Punk por acreditar que as filosofias de vida do Måneskin são bastante diferentes:

Eu acho que a visão que as pessoas têm de nós, e de mim, é muito distante da realidade. As pessoas acham que nos comportamos como o Sex Pistols ou o Mötley Crüe, mas não somos nem um pouco assim. Nós aprendemos mais sobre os riscos das drogas e como elas afetam seu corpo. Eu nem bebo mais álcool.

Victoria de Angelis completou com uma declaração bem forte:

Nós não pensamos que o Rock de verdade é sobre esses estereótipos do estilo de vida sexo, drogas e Rock and Roll. É sobre expressão e liberdade criativa.

Além disso, de Angelis também falou sobre as críticas que o grupo tem recebido de outra comunidade. O Måneskin foi acusado de queerbaiting — quando pessoas que não pertencem à comunidade LGBTQIA+ engajam em comportamentos que podem atrair essas pessoas e, por consequência, sua atenção e recursos.

Ela explicou seu ponto de vista, defendendo os companheiros de banda:

Há alguns casos onde isso acontece, mas às vezes [as acusações são] tão extremas. É ridículo que as pessoas queer, que deveriam lutar contra esses estereótipos, rotulem isso dessa forma e criem mais ódio. O fato [de Raggi e David] serem heterossexuais não significa que eles não podem usar maquiagem ou saltos altos.

Apesar disso, a baixista também deixou claro que “muitas pessoas [da Itália] sentem muito orgulho” da banda, e mandou um glorioso “foda-se” para os conservadores e pessoas que se incomodam com as atitudes do grupo. É por aí!