Cultura

Alok defende proteção aos indígenas durante sessão na Câmara: "antes do Brasil da coroa, existe o Brasil do cocar"

DJ e ativista, Alok participa de sessão na Câmara em homenagem ao Acampamento Terra Livre e defende proteção aos povos indígenas. Saiba mais.

Alok defende proteção aos indígenas durante sessão na Câmara: "Antes do Brasil da coroa, existe o Brasil do cocar"
Reprodução/YouTube

Além de ser um renomado DJ e produtor, Alok também é conhecido por suas ações em prol dos povos indígenas.

Nesta segunda-feira (24), o músico e ativista reforçou sua preocupação com a proteção dos povos originários ao participar de uma sessão solene na Câmara dos Deputados realizada para receber integrantes do 19º Acampamento Terra Livre (ATL), organizado pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e outras entidades em Brasília (DF).

O DJ iniciou seu discurso destacando que mudou seu olhar e interpretação sobre os indígenas depois que teve a oportunidade de conhecer de perto a cultura deles. Ele disse:

Eu tinha uma visão muito distorcida de como era o indígena, até porque vocês [indígenas] nunca tiveram a oportunidade de contar a história. Sempre foi contada e escrita por outros. E sempre que está nas telas é de uma forma muito estigmatizada, como selvagem e arcaico, mas lá eu aprendi que não existe cultura mais ou menos desenvolvida. O que existe são valores e objetivos diferentes, e um conhecimento muito valioso para a cocriação do nosso futuro.

Alok defende proteção aos indígenas

Em seguida, Alok apontou para importância da preservação ambiental e citou que proteger os povos indígenas é essencial para garantir um futuro sustentável para o Brasil:

Eu vejo que o Brasil é uma grande potência como produtor e existem muitas pessoas fazendo um trabalho sério, responsável e sustentável e é assim que tem que ser o nosso objetivo. O Brasil tem uma grande chance de se tornar uma grande potência da economia verde, sendo protagonista nisso, mas pra isso, a gente precisa preservar as nossas riquezas naturais.

Eu acho que uma boa forma de começar a fazer isso é proteger quem as protege: no caso, os guardiões das florestas, os povos indígenas.

O DJ e produtor também aproveitou para deixar uma reflexão sobre a educação das novas gerações e como elas podem ser responsáveis pela mudança das questões ambientais:

A gente se pergunta muito qual mundo vamos deixar para os nossos filhos, mas a gente esquece de perguntar quais filhos estamos deixando para este mundo? E eu realmente acredito em vocês da nova geração, vocês podem ser a mudança.

Ele encerrou seu discurso com uma importante frase, que aponta a ignorância de boa parte das pessoas que não valorizam o papel e a cultura dos povos originários:

Antes do Brasil da coroa, existe o Brasil do cocar.

Confira o discurso completo de Alok na Câmara pelo vídeo ao final da matéria!

Alok se uniu a ícone do Metal em defesa dos povos originários

Vale lembrar que, em 2021, Alok se uniu a outros artistas como o francês Joe Duplantier, da banda de Metal Gojira, para apoiar as manifestações contra o Marco Temporal, que foi a julgamento para analisar a legalidade das demarcações de terras indígenas concedidas após a data de promulgação da Constituição Federal.

O projeto deixaria de considerar como terras indígenas quaisquer lugares ocupados por esses povos após 5 de Outubro de 1988.

Em Junho do ano passado, foi realizada uma audiência pública da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados que debateu os impactos da tese do marco temporal na vida dos povos indígenas, mas o Supremo Tribunal Federal decidiu adiar a análise do caso, que não recebeu uma nova data para ser avaliada pelos ministros.