A cada década, o Rock britânico nos presenteia com sua genialidade, suas experimentações, críticas ácidas e um humor muito particular. No início dos anos 2000, quem personificou esse espírito foram os Arctic Monkeys.
Alex Turner, aquele garoto magrinho que usava a guitarra colada ao peito tinha uma forma quase Punk de tocar os riffs e acordes, e também tinha muito a dizer sobre a juventude do Reino Unido e os amores que nunca se realizaram.
Passados 21 anos desde a formação da banda, o Arctic Monkeys provou ser um desses grupos que não gosta de se repetir. Mesmo tendo definido o Indie dos anos 2000, eles somaram ao seu som o Stoner Rock, o Blues, o Psicodélico, o Jazz e o Funk, e com isso se tornaram ídolos de figurões como Bob Dylan.
Considerada por veículos como NME e Vice a maior banda britânica de sua geração, Turner e companhia já foram indicados a seis Grammy, venderam mais de 12 milhões de discos e fizeram passagens inesquecíveis pelo Brasil, incluindo no ano passado.
Pra entender esse catálogo que mudou completamente de Whatever People Say I Am, That’s What I’m Not (2006) para AM (2013) para The Car (2022), fizemos uma lista de 10 músicas que definiram a carreira do Arctic Monkeys – mesma seleção que já fizemos para Linkin Park e Legião Urbana. Confira!
Arctic Monkeys: 10 músicas definitivas
“Star Treatment” – Tranquility Base Hotel & Casino (2018)
Antes de voltarmos 20 anos no tempo, acho importante entendermos a maior ruptura que o Arctic Monkeys já promoveu, quando lançou Tranquility Base Hotel & Casino – disco influenciado pela música brasileira.
Se o primeiro single “Four Out of Five” assustou quem esperava riffs poderosos como os de AM, o fã entendeu o conceito logo na faixa de abertura do disco completo, “Star Treatment”, cujo primeiro verso é justamente uma saudação ao passado: “Eu só queria ser um dos Strokes, agora olha a bagunça que você me fez fazer”.
O álbum foi indicado a Melhor Álbum de Música Alternativa no Grammy, feito que a banda só tinha conseguido 12 anos antes, com o disco de estreia.
“There’d Better Be a Mirrorball” – The Car (2022)
The Car é uma evolução natural do disco anterior, com mais camadas, mais instrumentos e uma narrativa menos viajante e mais palpável. Novamente, a música que abre o disco contém todos os recados, e é uma das mais belas da carreira da banda.
Embora não tenha agradado quem ainda espera um Arctic Monkeys voltado para as guitarras, The Car foi eleito o Álbum do Ano pela NME e pela Rolling Stone britânica.
“The View From The Afternoon” – Whatever People Say I Am, That’s What I’m Not (2006)
Agora sim, voltando para a ordem cronológica com um dos maiores álbuns de estreia de todos os tempos, que foi o mais vendido da história das paradas do Reino Unido.
“The View From The Afternoon” é uma explosão de guitarras com um ritmo frenético de bateria – impossível não prender a atenção. E olha que novinhos eles estão nesse vídeo!
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“Brianstorm” – Favourite Worst Nightmare (2007)
Se existe pressão para o segundo disco após um primeiro tão bem-sucedido, o Arctic Monkeys não sentiu. Sei que já está parecendo repetitivo, mas é na primeira faixa que o disco coloca todas as cartas na mesa e joga pra longe qualquer tensão.
A enérgica “Brianstorm” é até hoje um dos pontos altos dos shows. See you later, innovator!
“Fluorescent Adolescent” – Favourite Worst Nightmare (2007)
Em listas como essa, geralmente tentamos fugir dos hits mais óbvios. Mas aqui é impossível não mencionar “Fluorescent Adolescent”, que se tornou a síntese do Indie Rock dos anos 2000.
Quem ainda não conhecia a banda nessa época não teve como escapar, com o sucesso global da música e seu icônico videoclipe, que você pode relembrar abaixo.
“Do I Wanna Know?” – AM (2013)
Mais uma quebra na ordem cronológica, dessa vez para tratar do quinto disco do Arctic Monkeys, que foi tão popular quanto o primeiro e o segundo, só que de forma diferente.
Com uma estrutura mais tradicional de Blues e Rock Clássico (incluindo topetes e jaquetas de couro), e batidas próximas do Rap, a banda conquistou desde os roqueiros mais saudosistas até os jovens que não conheciam o Rock, especialmente graças ao mega sucesso “Do I Wanna Know?”.
“Why’d You Only Call Me When You’re High?” – AM (2013)
Lembra das batidas de Rap de AM? Sim, o próprio Alex Turner já disse que o álbum foi inspirado em artistas como Dr. Dre, e é impossível negar isso em “Why’d You Only Call Me When You’re High?”.
Vale destacar que a banda também voltou a falar sobre baladas, bebedeiras e desencontros românticos nesta faixa, resgatando o espírito do início de carreira.
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“Crying Lightning” – Humbug (2009)
Voltando ao terceiro disco dos caras, o injustiçado Humbug. Quando os fãs dizem que até hoje esse é um dos melhores álbuns do Arctic Monkeys – para muitos, o melhor – muita gente torce o nariz.
Produzido por Josh Homme (Queens of The Stone Age), o álbum é conciso do início ao fim, mas produziu um hit gigantesco, a excelente “Crying Lightning”.
“Pretty Visitors” – Humbug (2009)
Humbug é experimental, introspectivo e sombrio, e tudo isso está reunido em uma das músicas mais complexas da carreira da banda, “Pretty Visitors”.
Tem de tudo: um órgão vindo diretamente de filmes de terror, a bateria frenética de Matt Helders, os vocais rápidos de Turner e um refrão chiclete que deixa a imagem de sombras projetando um “poço de cobras na parede”.
“Suck It and See” – Suck It and See (2011)
Este é o disco queridinho deste que escreve, onde a banda começou a explorar influências mais clássicas como o Pop sessentista e as baladinhas ao estilo Beach Boys, The Ronettes e The Supremes – experiência que desembocaria no fenômeno do álbum seguinte, AM.
Como o próprio título da música e do álbum dizem, “dê uma chance” para “Suck It and See”, uma singela música de amor com as metáforas divertidas que só Alex Turner sabe construir.
Menção honrosa: “Bigger Boys and Stolen Sweethearts” – B-side (2005)
Essa lista vale uma décima primeira música!
Afinal, o Arctic Monkeys foi uma das bandas que melhor usou a internet para divulgar seu som no início dos anos 2000, com seus chats e fóruns. A banda também sempre gostou de lançar B-sides excelentes que poderiam muito bem estar nos álbuns finais.
Somando esses dois fatores, a banda já era bastante conhecida entre os jovens antes de lançar seu primeiro disco, graças a músicas como “Bigger Boys and Stolen Sweethearts”, lado B de “I Bet You Look Good on the Dancefloor”.