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Roger Waters recria "The Dark Side of the Moon" em versão desnecessária, porém intrigante

Ouça a nova versão de Roger Waters para "The Dark Side of the Moon" e veja nossa resenha do álbum que, apesar de desnecessário, tem ideias interessantes.

Roger Waters - The Dark Side of the Moon Redux
Roger Waters – The Dark Side of the Moon Redux

Desde que foi anunciado, The Dark Side of the Moon Redux tem a assinatura de Roger Waters — ou seja, muita polêmica. A versão modernizada e minimalista do clássico álbum lançado pelo Pink Floyd em 1973 chegou às plataformas nesta sexta-feira (6) e, assim como em boa parte do que envolve Roger, a resposta está no meio do caminho.

De acordo com ele próprio, a ideia das regravações veio para tentar ressignificar as faixas do disco sem necessariamente substituir as originais. Roger Waters até menciona que a ideia é ambos os trabalhos “andarem de mãos dadas”, como te contamos por aqui, mas a verdade é que boa parte das canções beira o irreconhecível.

Isso, por si só, não é ruim. O maior problema é o fato de Waters agir, de forma geral, como se a experiência e a idade lhe tivessem trazido uma perspectiva superior àquela da época, o que transforma o álbum em uma espécie de celebração do próprio músico a si mesmo — algo reforçado por suas declarações, incluindo as que diminuem as contribuições de David GilmourRichard Wright Nick Mason ao trabalho.

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The Dark Side of the Moon Redux é desnecessário, porém intrigante

Em questão de sonoridade, Redux é no mínimo intrigante. Para quem está acostumado a ouvir a versão original, a estranheza das novas versões é sem dúvida o primeiro ponto a chamar atenção; no entanto, abrir a cabeça para as invenções de Roger Waters e seu time neste trabalho mostra o potencial de diversas ideias trazidas.

“On the Run”, por exemplo, mantém a mesma veia experimental de sua versão original só que, dessa vez, é encabeçada por um poema declamado por Roger do começo ao fim. Os novos timbres modernizam a sonoridade, fazendo com que ela soe definitivamente menos orgânica do que a original mas, ao mesmo tempo, potente de outra forma.

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Subjetivamente, essa abordagem pode agradar uns e desagradar outros. Objetivamente falando, são estes lampejos de criatividade que parecem justificar a existência de Redux, mas infelizmente eles são esparsos e muitas vezes perdidos em meio a versões que parecem apenas, novamente, exaltar a visão do próprio Roger Waters acerca do trabalho que foi construído ao lado de seus companheiros de banda.

A versão de “Great Gig in the Sky”, por exemplo, aparece completamente desprovida de charme. Nos casos de outras faixas emblemáticas, como “Time”, a percepção é que tudo que pudesse chamar atenção para os outros integrantes foi retirado, voltando absolutamente todas as atenções a Roger e seus discursos — alguns muito importantes e outros um pouco cansativos, em especial para quem já acompanha seus posicionamentos de outras formas.

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Roger Waters – The Dark Side of the Moon Redux

O saldo de Redux é confuso. Obviamente, não estamos falando de interpretações ruins e muito menos de composições fracas; The Dark Side of the Moon, mesmo 50 anos após seu lançamento, continua um dos discos mais competentes da história da música.

Em alguns momentos, Redux brilha ao oferecer novas perspectivas que comprovam a genialidade de Roger Waters. “Money”, por exemplo, é uma das versões mais interessantes por remeter tanto à original ao mesmo tempo em que soa como se tivesse saído diretamente do trailer de um filme de faroeste pós-apocalíptico.

Aliás, o álbum como um todo soa muito como uma trilha sonora. O problema é que, nesse caso, a atração principal não parece ser um filme ou estímulo visual, e sim o próprio Roger Waters e seus discursos. Com isso, até mesmo as ideias mais intrigantes acabam perdidas, de uma forma que soa quase que proposital para que todos os olhares estejam voltados ao músico.