Em 3 de Abril de 1973, nascia em São Paulo o rapper Sabotage, que se tornou uma das figuras mais emblemáticas do gênero e que teve sua vida abreviada pela violência que assola o país.
Aos 29 anos, no auge de sua criatividade, o artista foi morto com quatro tiros na madrugada do dia 24 de Janeiro de 2003, depois de deixar sua mulher no trabalho na Zona Sul da capital paulista.
Nesta quarta-feira (3), mais de duas décadas após o assassinato, Sabotage foi homenageado com um álbum com releituras de músicas suas gravadas por nomes da nova geração do Rap brasileiro.
Em entrevista no ano passado, a filha dele, Tamires Rocha, revelou que a família idealizou um projeto que vai além do disco especial, intitulado Sabotage 50, incluindo um livro com anotações inéditas, uma exposição imersiva e o roteiro de um filme para homenageá-lo (via Metrópoles):
O projeto dos 50 anos foi idealizado há dois anos. Queríamos fazer vários tipos de homenagem. Meu pai era um cara agitado, fazia mil coisas, e ter um ano inteiro nesta energia era o sonho da família. Começamos a olhar o baú da família, tudo que ele deixou, e achamos que o fã merecia ver aquele tesouro também. Meu pai era um cara à frente de seu tempo. Já fazia rock, samba, ia na TV numa época que ninguém interagia. Acreditamos que se ele estivesse vivo ia estar cantando com as novas gerações e ritmos.
Viva Sabotage! Ouça o álbum na íntegra ao final da matéria.
Sabotage 50: ouça disco de releituras do rapper
O trabalho de estúdio conta com as participações de Apelidado Xis, N.I.N.A do Porte, Filipe Ret, Bivolt, Orochi, Amabbi, Djonga, Sant, BK’ e mais apresentando sucessos como “Respeito É Lei” e “Rap É Compromisso”. Todos os artistas foram escolhidos por Tamires, juntamente com o irmão Wanderson dos Santos.
Ao explicar a seleção que participou de Sabotage 50, a jovem disse:
Para este novo álbum foram convidados artistas que nunca gravaram Sabotage, mas que mantêm alguma relação com o legado e com os filhos. Hoje com uma base de fãs de mais de 70% abaixo dos 30 anos, acreditamos que meu pai estaria muito feliz, com este novo álbum cheio de jovens artistas.
Quem também falou a respeito foi a rapper Bivolt, cria da comunidade do Boqueirão, na Zona Leste de São Paulo, onde Sabotage morou:
Sabotage é referência no rap nacional e fazer parte desse projeto, como mulher, rapper e fã, me faz ter muito orgulho de ver onde a minha caminhada me levou e onde o rap chegou . Então, é com muita alegria que celebramos os 50 anos de quem abriu as portas para muitos de nós, com faixas que trazem ineditismo para os clássicos do Sabotage.
Xis, um dos poucos participantes do projeto que viveu a mesma época de Sabotage no Rap, falou sobre como se sentiu ao participar:
Eu me sinto muito honrado em fazer parte dessa homenagem de 50 anos do legado do Sabota, eu tenho um carinho muito grande pela Tamires e Sabotinha, se eles estão felizes, eu também estou. Sabota e eu fizemos história. Vivemos a golden era do rap brasileiro e ele deixou seu legado ao quebrar barreiras, trazer novas perspectivas líricas e colocar a quebrada dele no mapa do rap mundial.
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