Notícias

Mais de 200 artistas assinam carta pedindo cautela com Inteligência Artificial: "parem de desvalorizar a música"

Manifesto inclui Billie Eilish e Katy Perry, além dos brasileiros Carol Biazin, Luana Prado e Maneva, e pede cautela com a inteligência artificial.

Billie Eilish, J Balvin e Katy Perry - carta inteligência artificial
Crédito: Shutterstock

O debate em torno do uso da Inteligência Artificial (IA) na música ganhou mais um coro quando cerca de 200 artistas assinaram uma carta aberta direcionada às empresas de tecnologia. Os músicos, cantores e compositores fizeram um verdadeiro manifesto pelo fim do uso da IA como meio de desvalorizar a música e, consequentemente, os direitos dos artistas.

Organizada pela Aliança dos Direitos dos Artistas nos Estados Unidos – porém com assinaturas vindas de variados países – a carta pede às empresas que se comprometam a utilizar a IA generativa de forma responsável, sem infringir ou diminuir os direitos dos criadores de música. 

Entre os signatários estão nomes de peso como Nicki Minaj, Jonas Brothers, Chuck D, Sam Smith, Katy Perry e Zayn Malik. Bandas já extintas, como R.E.M., também marcam presença, assim como os espólios de artistas como Frank Sinatra e Bob Marley e nomes brasileiros como Carol BiazinManevaLuana Prado.

Essa união toda reflete o peso do debate em torno da Inteligência Artificial na indústria da música.

O X da questão da Inteligência Artificial

Não se trata de uma caça às bruxas ou cruzada contra a IA.

Embora reconheçam os benefícios potenciais dessas ferramentas para a ampliação da criatividade humana, os artistas enfatizam a necessidade urgente de que as empresas do setor evitem o desenvolvimento ou a implementação de tecnologias que possam minar ou substituir a autenticidade artística dos compositores e intérpretes. 

A carta ressalta a importância crucial de proteger o valor do trabalho artístico e garantir uma compensação justa pelo esforço criativo e humano – fundamentos essenciais para a sustentabilidade do setor musical.

Carta soma às demandas do setor criativo

Este apelo dos artistas não surge em um vácuo, mas sim como parte de um movimento maior dentro da indústria criativa, que já clama por uma abordagem ética e responsável no uso da IA. Na última semana, você leu no TMDQA! sobre uma atriz substituída por Inteligência Artificial e ainda sobre o movimento de roteiristas, jornalistas e escritores que veem suas funções ameaçadas.

A carta expressa uma preocupação específica com o uso de músicas não licenciadas para treinar modelos de IA. Uma das questões principais é que a utilização desses modelos pode substituir o trabalho humano, prejudicando assim os valores de royalties pagos aos artistas e o ecossistema musical como um todo.

Embora curto, o texto vai direto ao cerne das questões éticas e legais que vêm balançando todo o mundo do entretenimento em relação à Inteligência Artificial.

Leia a carta na íntegra abaixo e confira aqui a lista completa de artistas que deixaram sua assinatura

Nós, os signatários membros das comunidades artística e de composição, pedimos aos desenvolvedores de IA, empresas de tecnologia, plataformas e serviços de música digital que parem o uso da inteligência artificial (IA) para infringir e desvalorizar os direitos dos artistas humanos.

Não há dúvidas: acreditamos que, quando usada de maneira responsável, a IA tem um enorme potencial para avançar a criatividade humana e de uma forma que permita o desenvolvimento e crescimento de novas e empolgantes experiências para os fãs de música em todo o mundo. Infelizmente, algumas plataformas e desenvolvedores estão utilizando a IA para sabotar a criatividade e minar artistas, compositores, músicos e detentores de direitos. 

Quando usada de forma irresponsável, a IA representa enormes ameaças à nossa capacidade de proteger nossa privacidade, identidades, música e meios de vida. Algumas das maiores e mais poderosas empresas estão, sem permissão, usando nosso trabalho para treinar modelos de IA. Esses esforços têm como objetivo direto substituir o trabalho de artistas humanos por quantidades massivas de “sons” e “imagens” criadas por IA, o que dilui substancialmente os pools de royalties pagos aos artistas. Para muitos músicos, artistas e compositores que estão apenas tentando sobreviver, isso seria catastrófico. 

Sem controle, a IA iniciará uma corrida rumo ao abismo que degradará o valor de nosso trabalho e nos impedirá de sermos justamente compensados por ele. Este ataque à criatividade humana deve ser interrompido. Devemos proteger contra o uso predatório da IA para roubar as vozes e aparências de artistas profissionais, violar os direitos dos criadores e destruir o ecossistema musical.

Pedimos a todos os desenvolvedores de IA, empresas de tecnologia, plataformas e serviços de música digital que se comprometam a não desenvolver nem implantar tecnologias, conteúdos ou ferramentas de geração musical por IA que minem ou substituam a arte humana de compositores e artistas ou nos neguem uma compensação justa pelo nosso trabalho.