Quase o dobro: preços inflados para shows de Taylor Swift nos EUA acendem alerta; saiba como valores se comparam com o Brasil

Shows de Taylor Swift nos EUA estão em altíssima demanda, e isso leva a um escrutínio maior sobre as práticas abusivas e crescimento do cambismo de bots.

Como comprar ingresso para ver o show de Taylor Swift no cinema?
Reprodução/YouTube

Os fãs americanos de Taylor Swift estão precisando desembolsar quantias consideráveis para presenciar os últimos shows da The Eras Tour, que retorna aos Estados Unidos após rodar o mundo. A cantora irá, também, voltar à Europa, e uma rápida comparação dos preços entrega a discrepância: os shows no velho continente estão em média 87% mais baratos que na terra do tio Sam!

O preço médio nos EUA é de US$2600, enquanto na Europa é possível comprar ingressos por US$340. Isso significa que, para um americano, sai mais barato comprar um voo, ficar num hotel quatro estrelas em uma capital europeia e ainda assistir ao show, gastando bem menos. 

A diferença de preços não acontece apenas nos shows de Taylor Swift, e sim em qualquer outra turnê em grande demanda. Porém, como a The Eras Tour foi a mais badalada do último ano, o escrutínio sobre as práticas de preços e as vendas tem sido ainda maior.

No Brasil, os ingressos de Taylor Swift foram ainda mais baratos

Nós contamos ou vocês contam? Talvez o Brasil não pareça um destino tão atraente para os fãs americanos, mas a verdade é que por aqui os ingressos saíram ainda mais acessíveis quando convertidos para dólar. 

Depois de anos sem pisar no Brasil, Taylor Swift retornou com shows esgotados no Rio e em São Paulo, com preços entre R$190 e R$1.050 – sem contar as taxas. Embora o valor seja alto para os padrões brasileiros, a verdade é que estes ingressos representaram apenas uma fração do que Swift consegue arrecadar em países mais ricos e com moedas mais valorizadas. 

Isso significa que foi possível assistir à The Eras Tour pagando entre US$37 e US$206, nas cotações de maio de 2024. Ou seja, o ingresso mais caro da região ainda é bem mais barato que os mais em conta da Europa – e nem chega perto das pequenas fortunas praticadas atualmente nos EUA.

Por que a diferença de preços?

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Crédito: Divulgação

Essa discrepância é atribuída, em parte, à maior regulação do mercado de revenda de ingressos na Europa, onde práticas enganosas são mais controladas e os preços são mantidos baixos por meio de leis que limitam os valores acima do preço original. 

Em contraste, nos EUA, o mercado de revenda de ingressos não é tão regulado, permitindo práticas enganosas e especulação de preços. Especialistas sugerem que a adoção de regulamentações semelhantes às europeias nos EUA, como limitar o aumento de preço dos ingressos em 20% acima do valor original, poderia reduzir drasticamente os preços no mercado secundário e desencorajar práticas prejudiciais. 

Essa diferença de abordagem também se reflete na legislação, com a Europa implementando a Lei de Serviços Digitais em 2025 para tornar a compra de ingressos online mais transparente e justa, enquanto nos EUA a regulamentação é menos abrangente e a aplicação das leis existentes é limitada. 

No Brasil, está em tramitação pelo Senado a Lei Taylor Swift, um projeto que quer fechar o cerco contra práticas ilegais na venda e revenda de ingressos. O PL já passou pela Câmara e, se aprovado em definitivo, pode mudar o jogo para os fãs brasileiros. 

A América do Sul ainda é um mercado com desafios

A diferença de preços nos ingressos para shows sempre foi praticada de acordo com as especificidades de cada mercado.

Na América do Sul, trata-se de um território contrastante: embora os públicos presentes nesses países sejam calorosos e comprometidos com seus artistas favoritos, seu poder de compra é aquém se comparado com o daqueles que ganham em dólar, euro ou libra. 

Dependendo do gênero musical, a América do Sul é um polo muito lucrativo. Bandas de Metal de diferentes portes fazem da região seu principal ganha-pão fora da Europa, já que esse público é numeroso e fiel.

Porém, no caso das turnês Pop, a conta fica difícil de fechar. Isso porque, para além das estrelas mais bem pagas do momento, esses shows envolvem um grande número de dançarinos, estruturas de palcos gigantescos e muitas outras demandas. Não é exagero concluir, portanto, que muitos artistas e bandas aceitam ganhar menos ao se aventurarem abaixo da linha do Equador.

Enquanto os fãs da América do Sul continuarem mantendo sua fama de calorosos e dedicados – muito por influência dos brasileiros! -, a região continuará sendo um destino interessante para artistas dos mais variados portes, tornando-se parada obrigatória até mesmo para a maior turnê do mundo. Isso não é pouca coisa.