Exclusivo: Fábio Porchat fala ao TMDQA! sobre TV, competitividade e jogos de tabuleiro

Fábio Porchat está lançando, como sócio da D20 Culture, jogo de tabuleiro em comemoração aos 30 anos do Castelo Rá-Tim-Bum. Veja papo exclusivo do TMDQA!

Fábio Porchat
Crédito: Divulgação

Fábio Porchat, um dos nomes mais reconhecidos da comédia e do entretenimento brasileiro, tem um novo projeto – e ele não tem nada a ver com cinema, TV ou teatro. É um jogo de tabuleiro, mas também não para por aí.

Trata-se de A Aventura do Ratinho, uma celebração dos 30 anos do Castelo Rá-Tim-Bum. Ele é um dos sócios da D20 Culture, uma produtora de conteúdo com um braço editorial, a Ponycorn.

Esta é mais uma incursão do ator na cultura pop, aumentando a sensação de onipresença no cenário do entretenimento nacional. Quem mora no Rio de Janeiro dá de cara com Fábio nos pontos de ônibus, onde anuncia o espetáculo derivado de seu programa de sucesso no GNT, Que História é Essa, Porchat? – agora, disponível no Globoplay, no YouTube, em formato de podcast… Também é possível acompanhá-lo no cinema – acaba de chegar à Max o filme Evidências do Amor, estrelado ao lado de Sandy – e ainda dar de cara com ele na publicidade.

Em uma conversa exclusiva com o Tenho Mais Discos Que Amigos! sobre sua carreira multifacetada e seus projetos atuais, além de comentar sobre o sucesso de seu programa, Porchat aborda a tendência crescente entre os atores de se desdobrarem em múltiplas funções na indústria do entretenimento. 

O ator também compartilha sua nostalgia pelo clássico programa infantil que inspirou o novo jogo de tabuleiro. Castelo Rá-Tim-Bum: A Aventura do Ratinho coincide com a volta do programa para a grade da TV Cultura – todas as sextas, às 19h30.

A ação, por sua vez, é parte das comemorações dos 55 anos do canal, resgatando clássicos de sua programação. Além do Castelo, será possível rever Mundo da Lua, O Mundo de Beakman, Confissões de Adolescente, Provocações, Vox Populi e muitos outros sucessos, totalmente digitalizados por meio de Inteligência Artificial. 

O momento é mais que propício para um papo sobre nostalgia e diversão com um dos atores que mais fazem os brasileiros rirem. Com vocês, Fábio Porchat!

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TMDQA! Entrevista: Fábio Porchat

TMDQA!: Fábio, primeiramente, obrigada pelo seu tempo. Queremos falar sobre esse seu lado menos conhecido: o de fã de board games. O que te levou a apostar nesse ramo e como você vê as possibilidades pra esse mercado no Brasil?

Fábio Porchat: Pois é, eu sou um jogador inveterado de jogos de tabuleiro. Eu adoro chamar gente em casa, reunir amigos, família, botar uns 10 jogos na mesa, a gente, na hora, ir descobrindo o que quer fazer, jogar jogos novos, e jogos já velhos, conhecidos, assim. 

Então, é uma coisa que eu sempre gostei. Eu lembro desde a minha infância, não só criança, mas adolescente mesmo, jogando, além de RPG também, os jogos de tabuleiro, eu jogava com meu pai, muito. 

A gente sentava, ficava jogando os jogos, então esse é um mercado que está crescendo muito, e eu me identifico totalmente. Então, acho que é um bom momento para investir nesse tipo de produto. 

TMDQA!: Parte do apelo da D20 Culture e do novo jogo do Castelo Rá-Tim-Bum é falar com a criança que mora dentro de todo adulto. Você se considera parte da geração que cresceu com o Castelo? Se sim, conta pra gente suas memórias mais nostálgicas desse período. 

Fábio Porchat: Eu sou total geração do Rá-Tim-Bum. Lembro de detalhes, lembro de músicas, lembro dos personagens todos, eu sou fã de todo mundo ali. Então, me lembro de ir para casa para assistir o Castelo Rá-Tim-Bum. 

Inclusive, eu já botava antes, porque eu assistia até Glub Glub, eu assistia Doug Funnie, o Lucas Silva e Silva. Então, a TV Cultura me moldou muito nesse lugar. Esse Castelo Rá Tim Bum era uma coisa muito completa, porque ele ia para todos os cantos e lugares. 

Então, para mim, Castelo Rá-Tim-Bum realmente desperta uma coisa dentro de mim. 

TMDQA!: Você é um cara que joga nas 11, em especial na sua carreira como ator, comediante, apresentador e roteirista. Você acha que essa é uma característica da atual geração do entretenimento, em que a carteira assinada em uma emissora só se torna cada vez mais rara? Qual é o lado bom e quais os desafios disso?

Fábio Porchat: Eu sempre fui uma pessoa que corria atrás para conseguir mostrar o meu trabalho, porque se eu dependesse de alguém me chamar, eu não estaria em lugar nenhum. Então, a primeira peça que eu fiz no teatro, eu escrevi, eu produzi, depois… 

Para não dizer que eu nunca fui chamado, a primeira vez que eu fui chamado, foi o Maurício Sherman, que foi me assistir e me levou para o Zorra Total. E a partir dali, eu comecei a conhecer gente, a cavar coisa, a correr muito atrás. 

Eu acho que essa geração de comediantes é muito autoral, e, portanto, gosta de escrever o próprio material, gosta de fazer as coisas com mais propriedade. E eu sou bastante desse lugar. É maravilhoso que eu consigo fazer as coisas que eu quero, do meu jeito, que me interessam, mas também um pouco aflitivo, porque eu fico… A culpa também é minha, né? (riso) Se o sucesso pode ser meu em alguma instância, a culpa, se coisa deu errado, se não funcionou, se não aconteceu, também é minha. 

TMDQA!: O Que História é Essa, Porchat? é um exemplo de sucesso multiplataformas – vai da TV pro streaming, pro podcast, pro YouTube. Como você vê as possibilidades que existem pra um programa hoje que sequer eram possíveis em outras empreitadas que você teve na televisão?

Fábio Porchat: É muito legal poder ter um programa que atinja pessoas e públicos muito diferentes em lugares diferentes, né? Porque às vezes a pessoa fala e não assiste mais televisão, mas ela ouve o podcast enquanto ela lava -roupa. 

Então é muito legal o que está acontecendo hoje, é muito potente poder chegar em muito mais gente, levar no caso ali as histórias. Então hoje você não está tão dependente de uma emissora ou um conglomerado, você consegue ser o seu próprio veículo, inclusive até com as redes sociais. Mas poder ter um programa que trafega bem em todas essas redes, eu acho que é uma alegria muito grande. 

TMDQA!: Você se define como uma pessoa um pouco competitiva, então queria saber: o que te coloca nesse modo de competição hoje em dia? O que te mantém com sangue nos olhos e vontade de dar o seu melhor?

Fábio Porchat: Eu sou competitivo jogando jogos de tabuleiro. Aí, quando é pra valer, quer dizer assim, vamos ver quem ganha, aí eu vi o bicho, aí eu quero ganhar e faço de tudo. Na vida eu não sou muito competitivo, não. 

Eu gosto de grupo, eu gosto de gente, eu gosto de trabalhar junto, de crescer junto com as pessoas que estão do meu lado. Claro, eu quero fazer o melhor, quero que eu programa, as minhas coisas, programas, peças, o filme, eu quero que tudo seja o melhor possível, né? 

Talvez o que me mantém com o sangue nos olhos é não perder a relevância e não perder a força dos projetos, não perder a conexão também com o que está acontecendo ao redor. Acho que isso me deixa com mais vontade, mais tesão para dar o meu melhor.