Todos sabemos que o SWU é muito mais que um festival de música que desde o ano passado se comprometeu a trazer bandas das mais relevantes e importantes do cenário internacional para tocar no Brasil.
Durante todo o ano, antes mesmo de abrirem os portões da festa, o movimento do SWU planeja e realiza ações de sustentabilidade que podem ser vistas em campanhas, vídeos, posts e matérias que expõem a real preocupação que a organização do evento tem quanto a esse aspecto.
Batemos um papo muito interessante com Ingrid Francini, gerente de sustentabilidade e curadora do Fórum Global De Sustentabilidade que acontece durante o festival e irá trazer nomes como Neil Young, Marina Silva, Daryl Hanna, Bob Geldof e tantos outros para debater sobre o tema.
Veja como foi nossa conversa com a Ingrid e sustentabilize-se!
TMDQA!: Ficou bem claro desde o festival de 2010 e a coletiva de imprensa desse ano que a organização do festival se preocupa tanto com o Movimento de sustentabilidade quanto com a parte musical do evento. Como é organizar o aspecto sustentável do festival em um local cujo foco principal são as atrações musicais?
Ingrid: Falar sobre sustentabilidade dentro de um festival com as maiores feras da música mundial é um desafio enorme. Por outro lado, a música é uma poderosa ferramenta porque atrai a atenção do jovem e é aí que a gente entra com a nossa mensagem sobre sustentabilidade.
Em um evento, na hora da emoção as pessoas estão totalmente receptivas às mensagens.
Além disso, muitos dos artistas que se apresentam no SWU são engajados o que acaba motivando o jovem a tomar uma atitude e é isso que nós queremos, que independentemente da forma como o público recebe a informação, queremos que as pessoas saiam com algum aprendizado. Se alguém sair do SWU e começar a fechar a torneira enquanto escova os dentes, ou passar a jogar o lixo no lixo; para nós é uma vitória.
TMDQA!: Com convidados de grandíssimo porte, como Neil Young, o Fórum de Sustentabilidade ganha enormes proporções. É possível que o fórum eventualmente se “desassocie” do SWU e aconteça mais vezes ao ano, para levantar a discussão de sustentabilidade durante mais vezes ao longo desse tempo?
Pois é, a edição deste ano do Fórum Global de Sustentabilidade SWU ganhou proporções que nem nós imaginávamos. Primeiro, porque os nomes estão muito fortes e os palestrantes estão muito engajados com a nossa causa. O fato de trazermos músicos como Neil Young e Bob Geldof para falar de seus projetos sustentáveis e não para tocar tem atraído a atenção da mídia nacional e internacional. Mas o importante é isso, mostrar como os artistas também se envolvem em questões sérias investindo tempo e dinheiro em projetos de cunho sustentável e, mais do que isso, eles vão contar suas experiências pessoais na área, mostrar em que momento de suas vidas eles tiveram a consciência de que precisavam fazer algo em prol do planeta e dos outros seres humanos.
Ainda estamos estudando como serão as próximas edições do Fórum. Todas as possibilidades estão em análise, mas muitas pessoas pedem para fazermos edições em outros estados, por exemplo.
TMDQA!: É notório que a palavra “sustentabilidade” está na moda, e grandes empresas estão a utilizando em suas propagandas para atingir um público maior. Como o SWU se separa do lugar comum para mostrar que realmente se preocupa com o presente e o futuro do nosso planeta?
Ingrid: Tem se falado muito em sustentabilidade ultimamente, mas a verdade é que este conceito ainda está sendo moldado. Muita gente confunde sustentabilidade com ecologia ou caridade, o que é errado. Para um negócio ser sustentável é preciso trabalhar com equilíbrio os três pilares: econômico, social e ambiental. Acontece que hoje em dia, muitas empresas usam a sustentabilidade para se promover, mas na realidade não colocam em prática os conceitos que isso implica.
O que nos diferencia das outras práticas nesta área é o fato de o SWU ser um movimento que procura levar a mensagem da sustentabilidade para o maior número de pessoas. Além de focar o jovem, este ano trabalhamos a nossa plataforma voltada para as crianças, o SWU Kids, com oficinas lúdicas e interativas baseadas no livro “5 Rs por um mundo melhor”. Só em 2011, realizamos mais de 40 ações entre maio e outubro, como Pocket SWU (debate e música), atividades com ONGs, intervenções artísticas, Gincana Impacto Zero. Isso por si só já é um diferencial. Mas no ano passado fizemos diversas ações de sustentabilidade dentro do SWU Music and Arts Festival. O banho do camping foi limitado a 7 minutos para evitar o desperdício de água, uma estação de energia limpa gerou energia para recarga de celulares, os geradores eram à base de biodiesel, entre outras coisas. Todas as iniciativas que fizemos foram auditadas e os resultados geraram o nosso relatório GRI, inédito na área de eventos e que vai servir de base para outros eventos como Copa do Mundo e Olimpíadas.
Então o grande lance é as pessoas sempre procurarem informações sobre as empresas, verem se elas possuem algum relatório que comprove as suas ações sustentáveis. Só assim é possível saber quem realmente está engajado e preocupado.
TMDQA!: O que o público que for ao SWU 2011 pode esperar de ações sustentáveis nas
instalações do festival em Paulínia?
Ingrid: O público pode esperar muito mais conteúdo e ações interativas no SWU 2011. Continuamos com o banho do camping limitado a 7 minutos, o público vai contar com uma estação de energia para recarga de celulares, mas que também terá uma exposição de artes acoplada.
O resíduo do festival será separado e destinado por uma cooperativa local, a nossa meta é reciclar 100% dos resíduos. As ONGs serão parte do conteúdo do evento com diversas instalações. Com a instituição Um teto para o meu país, vamos construir uma casa nos moldes das que eles constróem em áreas de risco e que depois será entregue a uma família.
O intuito da ação também é despertar o olhar para a questão do voluntariado. Estas são algumas das nossas atividades ligadas à sustentabilidade. O resto eu não vou falar para não estragar a surpresa.
TMDQA!: Algumas pessoas reclamaram de alguns aspectos “não-sustentáveis” do festival em 2010, como falta de lugar para bicicletas, cervejas sendo vendidas com latas e copos plásticos e falta de um cardápio de menor impacto ambiental. Como a organização do festival lidou com essas críticas e pretende absorvê-las para a edição desse ano?
Ingrid: As críticas são muito relativas. Mas analisamos muita coisa antes da segunda edição do SWU e melhoramos algumas de nossas ações. Como eu disse acima, as pessoas desconhecem o real significado da palavra sustentabilidade. No caso das latas e dos copos plásticos, qualquer alternativa ecológica é muito mais custosa. Ainda não é uma realidade usar um copo feito de fécula de mandioca, porque economicamente é inviável e se não é viável economicamente, não é sustentável. Lembrando que tudo o que não pudemos reduzir de material ou foi reciclado ou mitigado. Fizemos todo o levantamento do nosso impacto, computando também as emissões do público, e no final plantamos 8.833 árvores em uma parceria com a SOS Mata Atlântica.
TMDQA!: A organização do SWU criou um relatório de sustentabilidade da edição 2010 baseado na metodologia GRI, que visa tratar com muita transparência todas as informações sobre as ações sustentáveis do evento. Como surgiu a iniciativa de criá-lo e disponibilizá-lo na íntegra?
Ingrid: Desde o início procuramos trabalhar com transparência todos os aspectos da sustentabilidade no SWU. Até porque, somos teto de vidro, milhares de pessoas têm acesso a tudo o que fazemos. Antes do relatório, publicamos nosso Plano de Ações com todas as iniciativas sustentáveis do movimento e do festival, disponibilizamos um guia de conduta, entre outros.
O relatório acabou sendo uma consequência natural, pois já tínhamos a ideia de auditar todas as ações. E uma vez feito o GRI o disponibilizamos para o público.
TMDQA!: Ano passado todo o lixo do festival foi reciclado, inclusive o orgânico que virou adubo. Além disso quase 1.200 toneladas de gás carbônico foram mitigadas através do plantio de 8.333 em região de preservação em Itu. O que mais será feito esse ano para diminuir o impacto ambiental das instalações do SWU em Paulínia?
Ingrid: Estamos aumentando o nosso escopo de trabalho. Este ano contaremos com cerca de 150 voluntários por dia para ajudar na comunicação do SWU com o público do festival. Uma parceria com a CPFL nos permitirá trabalhar com mais energia limpa, renovável, o que vai fazer com que utilizemos menos geradores. A nossa campanha para que as pessoas optem pelo transporte coletivo para ir ao evento está mais forte, teremos muita comunicação sobre sustentabilidade na Arena. A cada ano temos um novo desafio e queremos sempre aprender com o púbico e com os especialistas para fazer um SWU cada vez mais consciente.
Aproveite que hoje é o último dia para se inscrever para o Fórum Global de Sustentabilidade e o faça clicando aqui.
Não perca essa oportunidade de debater um assunto tão importante com feras como Neil Young e Bob Geldof, que já fizeram muito pela música mundial e agora também estão fazendo muito pelo bem estar sustentável ao redor do planeta.