Aconteceu no Mar Hotel, que fica situado no bairro de Boa Viagem, Recife, o 7º Fala Nordeste, congresso de radiodifusão da região. Desde segunda-feira, prossifionais de emissoras de rádio e televisão, bem como representantes de empresas de equipamentos de transmissão e automação de emissoras, estudantes e outros profissionais estiveram reunidos para falar em diversas áreas sobre o tema do congresso: “Novas idéias em sintonia com o futuro”.
Na programação: palestras, oficinas e exposições com todos esses profissionais. Em um dos dias, haveria a presença do jornalista Caco Barcellos, porém, por motivos de trabalho, ele não pode vir e em seu lugar, Adalberto Piotto, ex-jornalista da CBN, encerrou as atividades da terça-feira.
Já ontem (14 de dezembro), o “jornalista, comunicador e extra-terrestre”, como se descreve no Facebook, Marcelo Tristão de Athayde e Souza, ou apenas, Marcelo Tas encerrou a programação do congresso falando sobre o tema “Redes Sociais: virtudes e efeitos colaterais da Nova Comunicação Digital”.
Ao final de sua participação e após algumas outras entrevistas e pedidos de autógrafos e fotos, eu e Aline Mota, que trabalhou na parte de produção e organização do congresso, conversamos rapidamente com Tas sobre redes sociais, mercado fonográfico, seus gostos musicais, além de responder a pergunta: “Você tem mais discos que amigos?”. Segue a entrevista!
TMDQA!: Como as redes sociais potencializam o mercado fonográfico e a indústria fonográfica atualmente?
Marcelo Tas: Olha, o mercado foi o primeiro que sentiu a força dessa onda. Ele foi muito reticente e foi absolutamente transformado e muitas gravadoras, inclusive, foram varridas do mapa. Então, ele foi quem primeiro aprendeu duramente essa lição. E acho que, ao mesmo tempo, mostrou várias novas formas de nós ouvirmos, fazermos, compartilharmos música. Vários novos blogs, vários novos críticos, vários novos festivais de música, inclusive. Novas bandas que aprenderam a usar muito bem essa nova realidade. Todos nós temos muito a aprender com o mercado fonográfico e creio que agora chegou a hora da televisão, do cinema, de quem trafega banda larga. A onda chegou neles e acho que está na hora de não repetir os mesmos erros, de tentar explorar, de ter mais criatividade.
TMDQA!: E quanto a tua opinião em relação às mudanças no mercado em termos de MP3, da música em streaming e do retorno do vinil? Você tem acompanhado alguma coisa nesse sentido?
Marcelo Tas: Tenho. Eu sou um entusiasta do vinil, até por conta da minha idade. Eu tenho muitos vinis que eu comprei na loja e há alguns que eu amo e que eu cuido mesmo, como objetos de afeto. Eu não sou um grande conhecedor da parte técnica, mas eu gosto de ouvir música no vinil. Eu sinto a diferença. E também a parte da influência do vinil nessas novas formas de música, como no hip-hop, na cultura da eletrônica, até no rap, do samba, de todo mundo que mistura tudo. Acho muito legal essa geração que soube usar e misturar tudo isso. E creio que é aquela velha história, o que vale mesmo é a boa música, independente da tecnologia, do formato. A questão toda de distribuição é que ainda estamos num momento de necessidade de aperfeiçoamento. Muita gente queria que partisse para um tipo de vale-tudo, de ser tudo de graça, o que eu acho que não é justo para os artistas e nem a cultura antiga que os caras são donos da vida inteira do artista. A gente vai ter que entender e descobrir essa nova forma de fazer, vender e consumir música.
TMDQA!: E você tem ouvido o que ultimamente?
Marcelo Tas: Olha, eu sou um cara que eu ouço de tudo. De tudo literalmente. Eu gosto muito de samba, por exemplo, apesar de ter essa cara de branquelo, essa cara de iogurte. Eu amo samba. Eu gosto muito de blues. Talvez a maioria dos meus vinis são… Talvez o meu pole position seja o Miles Davis, que é um cara que eu acompanho há muitos anos. E eu também sou de uma geração em que o rock é muito importante. Eu gosto demais dos clássicos, inclusive essas novas bandas todas. E tenho um pezinho na eletrônica também. Eu gosto de Air, de um grupo de Israel chamado Infected Mushroom. Eu gosto dessa molecadinha toda brasileira que mistura tudo, desde o D2 até o Emicida, que é um cara que eu admiro muito o que ele está fazendo agora.
Sou um contemporâneo admirador do Chico Science, de tudo o que ele provocou, tanto aqui no Nordeste, como no Brasil inteiro na música. Tive a felicidade de conviver com ele no Rio. Teve uma época que eu estava morando no Rio e ele estava chegando por lá. Enfim, eu gosto de tudo. Eu não tenho preconceito com a música e ela me ajuda muito a viver melhor.
TMDQA!: Você tem mais discos que amigos? (O “experiente” entrevistador aqui repetiu duas vezes a pergunta: “Você tem mais discos que vinil?” deixando Marcelo confuso, até Aline Mota me corrigir…)
Marcelo Tas: Se eu tenho mais discos que amigos? Sim. Bom, eu tenho muitos discos, mas tenho muitos amigos também (risos). Mas, talvez pela quantidade de anos que eu estou neste planeta, eu tenho muitos discos e estou agora redescobrindo estes discos com meus filhos. Eles são fãs de Beatles e Nelson Cavaquinho, por exemplo. Eu tenho uma filha de seis anos que canta Nelson Cavaquinho (risos) e é uma delícia isso.
TMDQA!: Valeu, Marcelo. Muito obrigado.