De ensaios a críticas

10 grandes clássicos da música que surgiram por acidente

Confira como riffs e críticas se transformaram em músicas que marcaram a história

Kurt Cobain no clipe de Smells Like Teen Spirit, do Nirvana

Muitas pessoas podem achar que músicas que se tornaram grandes hits sempre foram pensadas de forma detalhada, mas a verdade é que alguns clássicos da indústria surgiram quase que por acaso.

Sucessos que marcaram as carreiras de lendas como Metallica, Nirvana, Rolling Stones, Prince e muitos outros grandes artistas muitas vezes não estavam planejados para serem o single principal de seus discos. Em alguns casos, essas faixas aclamadas não iriam nem mesmo fazer parte do próximo lançamento do grupo, sendo apenas pequenos fragmentos que surgiram em ensaios da banda ou de forma despretensiosa e iriam ser deixadas de lado por seus criadores.

Como você pode conferir na lista abaixo, muitos clássicos não teriam sequer sido apresentados ao mundo caso seus idealizadores não mudassem de ideia em relação às músicas ou se os companheiros de bandas não insistissem em trabalhar em determinada canção. Vem conhecer essas histórias!

10 músicas que viraram clássicos por acidente

1. Guns N’ Roses – “Sweet Child O’ Mine”

É provável que muitos fãs do Guns N’ Roses acreditem que a criação do clássico “Sweet Child O’ Mine”, de 1987, surgiu em um momento em que todos os integrantes da banda estavam dedicados a trabalhar na música que integrou o disco de estreia do grupo Appetite for Destruction. No entanto, a história de sua origem não é exatamente essa.

De acordo com relatos do lendário guitarrista Slash, ele estava “brincando e fazendo anotações” na casa em que os membros do Guns moravam em 1986 quando criou o emblemático riff de guitarra que aparece na introdução da música.

Após ouvir a passagem, o guitarrista Izzy Stradlin criou uma base e enquanto os outros integrantes também se juntaram e continuaram trabalhando na música, Axl Rose lembrou de uma composição que estava em andamento.

2. Metallica – “Nothing Else Matters”

Por muito pouco James Hetfield não deixou de apresentar aos seus colegas do Metallica as notas que serviram de ponto de partida para o aclamado hit “Nothing Else Matters”.

Em 1990, enquanto estava ao telefone com a então namorada, o vocalista e guitarrista, de forma distraída, foi arrancando algumas notas e acordes que mais tarde se tornariam uma das músicas mais famosas de sua banda.

Por achar que se tratava de uma balada romântica muito pessoal, James demorou para mostrar a faixa aos companheiros. No entanto, após ter apresentado o rascunho, o baterista Lars Ulrich insistiu para que ele continuasse trabalhando na faixa que passou a integrar o quinto disco de estúdio do Metallica, conhecido como The Black Album.

3. Beastie Boys – “(You Gotta) Fight For Your Right (To Party!)”

Os Beastie Boys lançaram em 1987 a faixa e o clipe de “(You Gotta) Fight For Your Right (To Party!)” com o único intuito de criticar as diversas bandas da época que falavam sobre temas como mulheres e festas, retratando adultos irresponsáveis.

Porém, para a surpresa do grupo de Rap Rock norte-americano, a MTV rapidamente passou a divulgar o clipe em seu canal, levando os rapazes ao estrelato – antes mesmo que eles conseguissem explicar que o material não passava de uma sátira.

Como resposta ao público e para provar que eles realmente detestavam a música, o grupo se recusou a tocá-la ao vivo por mais de 30 anos.

4. Nirvana – “Smells Like Teen Spirit”

No final de 1990, um dos maiores clássicos do Nirvana e da história da música surgia de uma maneira bastante curiosa. Diferente do que muitos pensam, “Smells Like Teen Spirit” não teve início com os membros do icônico grupo grunge e sim, com integrantes do Bikini Kill.

Isso porque, Tobi Vail, que namorava Kurt Cobain na época, e Kathleen Hanna encontraram em um supermercado um desodorante chamado “Teen Spirit” e depois de Hanna ter achado o nome engraçado, as amigas aproveitaram que estavam na casa de Kurt naquele mesmo dia, escrevendo na parede: “Kurt smells like teen spirit”, que em tradução livre significa: “Kurt cheira como um espírito adolescente”.

Inspirado por aquela frase e acreditando ser uma referência à revolução adolescente, tema discutido por Cobain e seus amigos naquele dia, o vocalista deu vida à canção que se tornou o grande hit do segundo disco do Nirvana, Nevermind.

5. Black Sabbath – “Paranoid”

É até difícil de acreditar, mas “Paranoid”, faixa-título do segundo disco de estúdio do Black Sabbath e que se tornou uma das mais influentes da história do Metal, foi escrita com o objetivo de preencher um espaço que faltava no álbum.

Em entrevista à Guitar World, o baixista Geezer Butler apontou que “‘Paranoid’ foi escrita como uma reflexão tardia. Basicamente, precisávamos de uma faixa de 3 minutos para o álbum, e Tony [Iommi] criou o riff. Eu fiz a letra rapidamente, e Ozzy [Osbourne] a lia enquanto cantava.”

Tony Iommi reforçou que a música “nunca foi planejada para ser outra coisa”, mas acabou se tornando um single pois era uma música curta. A faixa se tornou um clássico atemporal e no início deste ano ultrapassou 1 bilhão de reproduções no Spotify.

6. Deftones – “Back To School (Mini Maggit)”

O Deftones lançou em 2000 seu terceiro disco de estúdio, White Pony, equilibrando o melódico e o pesado, com o intuito de afastar a banda do rótulo de Nu Metal. Porém, após o seu lançamento, a gravadora Maverick Records pressionou o grupo liderado por Chino Moreno a regravar uma de suas faixas para que ela pudesse se tornar mais comercial.

Incomodado com o pedido, mas sem desapontar a gravadora, Chino disse à Kerrang que na época pensou “Vou mostrar a esses filhos da puta como é fácil criar um single de sucesso”. Com isso, o Deftones pegou o refrão da faixa “Pink Maggit”, que durava mais de sete minutos, e a transformou em uma poderosa faixa de Nu Metal chamada “Back To School (Mini Maggit)”.

7. The Rolling Stones – “(I Can’t Get No) Satisfaction”

Em 1965, os Rolling Stones conquistaram seu primeiro sucesso internacional: “(I Can’t get no) Satisfaction”. E o que chamou bastante atenção foi a maneira inusitada com o riff marcante da introdução da música foi criado.

Em entrevista à revista Rolling Stone, o lendário guitarrista Keith Richards contou que depois de um show na Flórida que integrava a turnê norte-americana da banda, ele acordou no meio da noite com um riff na cabeça e aproveitou que tinha um gravador de fitas cassette ao lado de sua cama para gravar o trecho que surgiu em sua mente. No dia seguinte, ele rebobinou a fita que estava no final e ouviu os 30 segundos do riff que havia criado. Quatro dias antes da banda ir para o estúdio gravar a faixa, Mick Jagger escreveu a letra do clássico em 10 minutos enquanto estava na piscina do hotel.

8. Prince – “Kiss”

Quem diria que uma composição que o saudoso Prince fez para outro grupo iria acabar se tornando uma das maiores músicas do seu catálogo? A primeira versão da faixa “Kiss” tinha um som mais voltado para o folk-country e por isso ele decidiu levar a música para a banda Mazarati gravar, porém o grupo não ficou impressionado com o que ouviu e depois de ter passado o dia trabalhando na música, eles acharam que ainda tinha muito o que fazer antes de gravá-la.

No dia seguinte, o engenheiro de som David Z encontrou Prince no estúdio adicionando guitarra e vocais à música e depois de ter removido boa parte da criação original, ele levou a versão finalizada para sua gravadora, Warner Bros., que apontou que a música soava como uma demo.

Prince rebateu a avaliação e disse que iria lançá-la de qualquer forma. Ainda bem que a gravadora cedeu, pois a canção se tornou um dos grandes sucessos do músico.

9. The Surfaris – “Wipe Out”

A banda The Surfaris, cuja média de idade dos integrantes era de apenas 15 anos, ficou bastante contente por ter gravado seu primeiro single, “Surfer Joe”, mas a alegria durou pouco já que eles foram surpreendidos pelo empresário que perguntou o que eles gravariam no lado B do disco.

Sem qualquer planejamento, o baterista do grupo começou a bater de forma descontrolada em sua bateria, quase que como uma versão acelerada do que ele fazia no ensino médio e o resto do grupo improvisou em torno deste som, com o pai do guitarrista fornecendo o som de “prancha de surfe” quebrando uma prancha repleta de gesso que ele encontrou em um beco, e o empresário incluiu sua risada na introdução. Em seis meses, o The Surfaris viu sua nova música intitulada “Wipe Out” em todos os lugares.

10. Alt-J – “Left Hand Free”

Após o Alt-J lançar o disco This Is All Yours em 2014, relatos apontavam que a faixa “Left Hand Free”, que apresenta uma sonoridade bastante diferente do que o público do grupo de rock alternativo estava acostumado, tinha sido lançada após a pressão da Atlantic Records por um hit de rádio. Porém, o tecladista e vocalista Gus Unger-Hamilton explicou certa vez que a origem da faixa não era tão dramática.

Em entrevista à Variance Magazine, o músico apontou que o grupo decidiu interpretar personagens durante a gravação desta faixa, que foi elaborada a partir de um riff de guitarra que o vocalista Joe Newman já tinha há algum tempo.

“‘Left Hand Free’ foi escrita enquanto estávamos apenas curtindo a companhia um do outro e tocando instrumentos. É meio que uma música irônica. O riff que Joe tinha era meio alegre, então construímos a música em torno dele”.